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Bourbon Street Fest: evento comemora seus 20 anos de conexão New Orleans-São Paulo

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                                                O baixista e cantor Tony Hall, no 20.º Bourbon Street Fest

Neste momento em que as relações diplomáticas e econômicas entre o Brasil e os Estados Unidos estão bastante estremecidas, a realização do 20.º Bourbon Street Fest (em São Paulo, na semana passada) provocou uma breve reflexão. Não fosse a admiração que as plateias brasileiras cultivam há mais de um século por diversos gêneros da música norte-americana (relação que se tornou de mão dupla desde a explosão mundial da bossa nova nos anos 1960), hoje seria mais difícil imaginar que um evento como esse pudesse festejar seu 20.º aniversário.

Tive a sorte de acompanhar toda a trajetória desse festival criado por Edgard Radesca e Herbert Lucas, diretores do Bourbon Street Music Club. Inaugurada em dezembro de 1993 com um histórico show do “rei do blues” B.B. King, essa casa noturna paulistana nasceu sob a inspiração da rica cena musical e gastronômica de New Orleans – a cidade mais famosa do estado norte-americano de Louisiana. E assim, dedicando sua programação ao jazz, ao blues, ao R&B e outras vertentes da black music, além da música brasileira, naturalmente, tornou-se um dos melhores clubes do gênero na América Latina.

Depois de trazerem a São Paulo dezenas de conceituados artistas da cena musical de New Orleans, como Bryan Lee, Marva Wright, Charmaine Neville e Jon Cleary, para temporadas de shows no clube,os diretores do Bourbon Street decidiram elevar essa ponte musical a outro patamar. Para comemorar os 10 anos da casa, em 2003, criaram o Bourbon Street Festival, evento que segue o perfil eclético do New Orleans Jazz & Heritage Festival, um dos maiores eventos musicais do mundo, realizado naquela cidade desde 1970.

Em meio às eventuais dificuldades para contar com patrocínios regulares, durante essas duas décadas, Edgard Radesca e Herbert Lucas seguiram à risca a missão de trazer ao Brasil mostras da diversidade que caracteriza o cenário musical de New Orleans. Não foi diferente nesta edição: o elenco do festival paulistano exibiu destaques como o tecladista e compositor Ivan Neville, herdeiro de uma das famílias musicais mais importantes de New Orleans, a banda The Rumble, a cantora JJ Thames e o baixista Tony Hall, já conhecido pela plateia de São Paulo. Vale lembrar, sempre com alguns shows gratuitos, na programação.

Por tudo que já fizeram para manter essa preciosa ponte musical entre São Paulo e New Orleans (duas cidades cosmopolitas que valorizam a cultura e, de modo geral, são conhecidas por receberem bem os imigrantes que as escolhem para morar), os diretores do Bourbon Street Fest já mereceriam ser condecorados, tanto no Brasil como nos Estados Unidos.



Criasom: evento sobre economia criativa da música prossegue com conversas e shows

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                                                       O trio do guitarrista Igor Prado, no Bourbon Street Music Club  

Gratuito e transmitido online pelo YouTube, o evento Criasom dá sequência, nesta semana, à sua extensa programação de conversas a respeito da economia criativa, com foco no segmento da música ao vivo.

Hoje (8/3), às 20h, o entrevistado é Edgard Radesca, proprietário e diretor do Bourbon Street Music Club, o maior clube de jazz e música negra do país. Em conversa com o jornalista Eugênio Martins Jr. (criador e produtor do evento), Radesca vai abordar temas como a gestão de um clube de música, realização de festivais e turnês de shows.

O evento prossegue nesta terça (9/3), no mesmo horário, com o empresário e produtor artístico Cajaíba Jr., que vai narrar suas experiências nas áreas da gestão de carreiras musicais e produção executiva de shows. O tema da gestão de carreira também será discutido por dois craques da cena do blues no país: o guitarrista Igor Prado (na quarta, 10/3) e o gaitista Flávio Guimarães (na quinta, 11/3). Prado também vai tocar com sua banda Just Groove, em uma live, na sexta (12/3).

Já no dia 16/3 (terça), vou conversar com Eugênio Martins Jr. sobre o jornalismo cultural em nosso país, além de outros temas relacionados, como a cobertura de festivais de jazz e blues no Brasil e no exterior.

A programação completa do Criasom você encontra no blog do Eugênio: o Mannish Blog.

E para acompanhar as entrevistas e lives do evento, clique neste link:
https://www.youtube.com/user/eugeniomjrgmail/aboute



Bourbon Street: clube paulistano reabre com Nuno Mindelis, em tributo a B.B. King

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                                                                                                        O guitarrista e bluesman Nuno Mindelis 

Uma notícia animadora para os paulistanos apreciadores do blues, do jazz e da black music, que já estavam com saudades de um bom show ao vivo, depois de tantos meses trancafiados por causa da quarentena. O Bourbon Street Music Club, uma das melhores casas do gênero na América Latina, reabre nesta quinta-feira (dia 15/10), de cara nova.

A charmosa casa noturna, que já existe há quase 27 anos, no bairro de Moema (zona sul de São Paulo), ganhou um novo espaço: o Bourbon Street Jazz Café, que vai funcionar também durante o dia. Com um ambiente mais claro e arejado por quatro janelões, esse café será integrado à calçada da rua dos Chanés, que já sediou várias edições do Bourbon Street Fest.

A atração da noite de reinauguração será o guitarrista e bluesman angolano Nuno Mindelis, que vai apresentar uma homenagem ao grande B.B. King (1925-2015), com participação do guitarrista Tuco Marcondes. A escolha tem tudo a ver com a história da casa: além das várias temporadas de shows que liderou no Bourbon Street, o lendário “rei do blues” também a inaugurou, em 1993.

Entre as atrações deste mês, no Bourbon Street, destacam-se: o cantor Tony Gordon (16/10); o cantor e violonista Toquinho (com Camila Faustino e Nailor Proveta, dia 17/10); André Frateschi & Miranda Kassin (18/10); o trombonista Joabe Reis (22/10); a banda Serial Funkers (24/10); e “Elis e Eu”, talk show de João Marcelo Bôscoli (25/10).

Reservas pelo tel. (11) 5095-6100

Duduka da Fonseca Trio: tocante homenagem a Dom Salvador, no clube Bourbon Street

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                                                             O baterista Duduka da Fonseca e baixista Guto Wirtti   

A relação entre músicos de diferentes gerações, especialmente no universo do jazz, costuma chamar minha atenção. A admiração que um instrumentista tem por outro mais experiente, que lhe apontou caminhos musicais ou até mesmo o incentivou a se tornar músico profissional, lembra a relação de um discípulo com seu mentor. Quem teve a sorte de conviver com um(a) professor(a) muito especial, que abriu seu horizonte intelectual ou lhe deu o estímulo que faltava para abraçar uma carreira até então inusitada, sabe do que estou falando.

Voltei a pensar nisso durante a apresentação do Duduka da Fonseca Trio, no último domingo (10/11), no clube Bourbon Street, em São Paulo. Grande baterista carioca, radicado em Nova York desde 1975, Duduka aprendeu a tocar acompanhando discos de jazzistas americanos e brasileiros. Por isso, em 1980, quando o pianista e compositor paulista Dom Salvador (pioneiro do samba-jazz, que também já vivia em Nova York) o chamou para substituir o baterista de seu grupo, Duduka, já próximo dos 30 anos, brincou com ele: “Eu toco com você desde os meus 14 anos”. Ali começou uma parceria e uma amizade de quatro décadas, que prossegue até hoje.   


Duduka narra esse episódio no encarte do excelente álbum que gravou em 2018, com 11 composições de Dom Salvador. Nas gravações de “Duduka da Fonseca Trio Plays Dom Salvador” (CD lançado pelo selo Sunnyside), ele já tinha a seu lado o pianista David Feldman (na foto ao lado) e o baixista Guto Wirtti, jovens craques da cena jazzística carioca, que também o acompanharam no Bourbon Street.

Entre várias belezas musicais, os três tocaram “Retrato em Branco e Preto” (de Tom Jobim e Chico Buarque) e “Waiting for Angela” (Toninho Horta), mas a maior parte do repertório do show saiu mesmo do disco dedicado a Dom Salvador: composições como “Gafieira”, “Farjuto” e “Samba do Malandrinho”, que trazem a assinatura rítmica do original pianista de Rio Claro (SP), além da sensível balada “Mariá”, que ele dedicou à sua esposa.

A admiração que Duduka revela ao anunciar as composições de Salvador é inspiradora. Nestes tempos em que o ódio e a violência parecem ter se tornado tão comuns em nosso cotidiano, a homenagem de um músico a outro de uma geração anterior (numa área profissional em que também há muita competição) soa como uma lição de fraternidade e amor. Uma noite especial para quem estava na plateia do Bourbon Street.



Bourbon Street Fest: chuva não compromete shows de Dwayne Dopsie e Bonerama

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                                                                                     Dwayne Dopsie & The Zydeco Hellraisers 

Festivais de música ao ar livre possuem um charme e uma energia especiais – algo que raramente se sente nos shows em clubes ou em teatros. Porém, quando a chuva nos surpreende e grande parte da plateia desiste da festa, fica uma certa tristeza no ar, ao se ver a animação e os esforços dos artistas e dos produtores serem desperdiçados.

Foi essa minha sensação, ontem à tarde, ao ver as atrações do 16.º Bourbon Street Fest (no Parque Ibirapuera, em São Paulo) serem aplaudidas por uma pequena e corajosa plateia, com seus guarda-chuvas e capas de plástico. Uma pena, porque a banda Bonerama, já curtida em 2012 pela plateia paulistana, trouxe neste ano um show excitante: versões de sucessos da banda Led Zeppelin, em inusitados arranjos para seu naipe de trombones.


Outro conhecido dos frequentadores do Bourbon Street Music Club e de seus festivais dedicados à diversidade musical da cidade de New Orleans é o carismático acordeonista Dwayne Dopsie. Esse renovador do zydeco (um tradicional e dançante gênero musical da região da Louisiana, no sul dos EUA) é capaz de contagiar qualquer plateia com suas incendiárias releituras de clássicos do rhythm & blues e do rock & roll.


Batalhadores que divulgam a cultura musical e a gastronomia de New Orleans no Brasil há 25 anos, Edgard Radesca, Herbert Lucas e a equipe do Bourbon Street não mereciam essa decepção. Até pelo fato de que, nestes anos de crise econômica, têm insistido e conseguido realizar o Bourbon Fest, bravamente, sem o apoio de um grande patrocinador.


Por essas e outras, sei que no próximo ano 
 com ou sem patrocínio, faça chuva ou faça sol  já tenho um encontro marcado no 17.º Bourbon Street Fest para aplaudir mais uma vez esses embaixadores informais da música de New Orleans.

Romero Lubambo e Dianne Reeves: uma noite muito inspirada no clube Bourbon Street

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                                  O violonista Romero Lubambo, Dianne Reeves e o contrabaixista Sidiel Vieira 

Quando alguém gritou “Bridges”, na plateia, os olhos de Dianne Reeves brilharam. Sorrindo, a cantora olhou para o violonista Romero Lubambo e, um instante depois, os dois presentearam os fãs com uma bela versão de “Travessia”, a canção de Milton Nascimento e Fernando Brant, que ela gravou em inglês, no final dos anos 1990. Isso logo depois de terem emocionado a plateia com a melancólica “Tarde”, outra beleza composta por Milton (e Marcio Borges), que Dianne fez questão de cantar em português.

Essas foram apenas duas entre várias surpresas que o grande instrumentista e sua convidada muito especial ofereceram aos felizardos que foram ouvi-los no clube Bourbon Street, em São Paulo, na noite de ontem. Parceiros em shows e gravações há mais de vinte anos (“Romero é meu irmão com outra mãe”, ela costuma dizer), os dois podem se dar ao luxo de escolher no palco boa parte do repertório de suas apresentações.

Inspirado pelo Dia dos Pais, comemorado ontem nos Estados Unidos, Lubambo abriu o show com "Luiza", composição dedicada a uma de suas filhas, e a emendou com o alegre baião “Pro Flavio”, que compôs para homenagear seu pai. Dianne não deixou por menos: visivelmente emocionada, dedicou a seu pai — tinha apenas dois anos quando o perdeu — a canção “I Remember” (de Patsy Moore). 

Surpreendente também, ao menos para eventuais fãs de Pat Metheny que ainda não conheciam o repertório de Dianne, foi a versão de “Minuano”, composição instrumental do guitarrista americano. Já a contagiante releitura da canção “Love for Sale” (de Cole Porter), em ritmo de samba, foi um dos veículos para que o carioca Lubambo e seus parceiros paulistas — o baixista Sidiel Vieira e o baterista Thiago Rabello — pudessem brilhar nos improvisos. Que noite inspirada!

Cariocas e fluminenses ainda podem aplaudir mais um encontro de Romero Lubambo e Dianne Reeves, nesta semana. Eles voltam a se apresentar na sexta (dia 21/6), no Rio das Ostras Jazz & Blues Festival, com entrada franca.


Bourbon Festival Paraty: paulistanos também apreciaram o piano elegante de Kenny Barron

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                                                                               O pianista norte-americano Kenny Barron

A plateia paulistana teve o privilégio de ouvir, na noite de ontem, no Bourbon Street Music Club, uma das principais atrações musicais da 11.ª edição do Bourbon Festival Paraty  evento que começa na tarde de hoje (10/5), na charmosa cidade histórica do litoral fluminense.

Muito bem acompanhado por Nilson Matta (contrabaixo) e Rafael Barata (bateria), o grande pianista norte-americano Kenny Barron abriu a apresentação com a popular “All Blues” (de Miles Davis). Depois recriou com muita personalidade os standards “You Don’t Know What Love Is”, “I Remember April” e “Body and Soul”. O trio tocou também uma composição de Matta, o samba "Paraty", que o contrabaixista radicado em Nova York certamente voltará a apresentar no festival.

O Bourbon Fest Paraty vai até domingo, com extensa programação gratuita, em ruas e praças da área histórica da cidade. A MPB e o blues de Zeca Baleiro, o rhythm & blues da cantora inglesa Dawn Tyler Watson, a música instrumental brasileira do trio Folia de TReis, o swing do guitarrista Mark Lambert, o jazz contemporâneo do grupo Mani Padme, a 
soul music do cantor Clarence Bekker e o tributo do guitarrista Gui Cicarelli ao bluesman Stevie Ray Vaughan também se destacam entre as atrações do evento.

Mais informações no site do festival: www.bourbonfestivalparaty.com.br/


Mark Lambert: guitarrista e cantor leva ao Bourbon Street jazz e blues para dançar

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                                                       Mark Lambert, em show no clube paulistano Bourbon Street

Radicado no Brasil desde 2004, o guitarrista e cantor Mark Lambert fez uma contagiante apresentação, ontem, no clube Bourbon Street, em São Paulo. À frente do Quinteto Radio Swing, o músico norte-americano exibiu um repertório bem dançante, recheado de clássicos do rhythm & blues, da black music, até da MPB.

Especialmente saborosa é a primeira parte do show, dedicada ao jump swing. Essa vertente musical, também conhecida como neo-swing ou retro-swing, resgatou no final dos anos 1990 o hábito de se dançar jazz, misturando o swing das big bands com o saltitante jump blues e pitadas de rock & roll.

Para animar a plateia do clube paulistano lá estavam alguns dançarinos do grupo Swing Out Studio, que logo transformaram o show em baile, impulsionados por clássicos dos salões de dança, como “Shiny Stockings” (do repertório da Count Basie Orchestra), “Caldonia” (Louis Jordan), “Jump, Jive an’ Wail” (Louis Prima) ou “Hallelujah, I Love Her So” (Ray Charles).

Cantor versátil, Lambert conduz o show-baile por outras vertentes musicais: a romântica soul music de Al Green (“Let’s Stay Together”); uma versão bossa nova da canção “Nature Boy” (de Eden Ahbez) emendada ao afro samba “Canto de Ossanha” (Baden Powell e Vinicius de Moraes); ou ainda um medley da irresistível “Do I Do” (Stevie Wonder) com o funk “Vamos Dançar (Ed Motta).

Bem acompanhado por seu quinteto, que inclui Sidmar Vieira (trompete), Jefferson Rodrigues (sax tenor), Daniel Grajew (teclado), Marinho Andreotti (baixo) e Lael Medina (bateria), Lambert também exibe seu talento de instrumentista, nos solos de guitarra.

Um programa leve e divertido, bem apropriado para se esquecer por algumas horas que este país caminha cegamente para um precipício.

Egberto Gismonti: compositor e instrumentista encantou a platéia do Bourbon Street

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Ver e ouvir um músico de altíssimo quilate a poucos metros de distância já seria por si só um privilégio, mas a apresentação de Egberto Gismonti, ontem, no clube paulistano Bourbon Street, superou qualquer expectativa.

Numa noite especialmente iluminada, o compositor e multi-instrumentista revisitou diversas joias de seu repertório, como “Caravela”, “Raga” e “Dança das Cabeças” –- esta introduzida por uma carinhosa menção ao saudoso percussionista Naná Vasconcelos (1944-2016), com o qual gravou um de seus discos mais cultuados.


Gismonti também divertiu a plateia do Bourbon Street, contando saborosos “causos” extraídos de suas andanças pelo mundo, que envolvem outros grandes músicos e/ou parceiros musicais, como o mestre da bossa nova Tom Jobim, o violonista Baden Powell, o contrabaixista Charlie Haden e o saxofonista Jan Garbarek.


E não bastassem tantas delícias numa única apresentação, o pianista ainda surpreendeu os fãs com uma personalíssima releitura do choro “Carinhoso”, de Pixinguinha. Que noite!





Toninho Horta: guitarrista e compositor lança o livro “108 Partituras” em São Paulo

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                                                                              O guitarrista Toninho Horta / Acervo do artista

Não bastasse ser um dos fundadores do influente Clube da Esquina, Toninho Horta é um dos músicos brasileiros mais admirados no mundo. Autor de uma obra personalíssima, que inclui canções de sucesso e composições instrumentais cultuadas nos meios do jazz, esse guitarrista, violonista e cantor de Belo Horizonte (MG) sabe combinar, como poucos, melodias cheias de lirismo com sofisticadas harmonias.

A boa notícia para estudantes de música e fãs de Toninho que também se aventuram como instrumentistas é o lançamento do songbook “108 Partituras”. Esse “livrão” de 330 páginas, com textos em português e inglês, reúne partituras (melodias e cifras) de suas composições, incluindo as populares “Beijo Partido”, “Viver de Amor”, “Aquelas Coisas Todas”, “Pedra da Lua”, “Terra dos Pássaros” e “Diana”, entre outras.

Para facilitar a vida daqueles que desejam se aprofundar na original concepção harmônica de Toninho, o songbook também oferece diagramas de acordes para violão e piano de 40 de suas composições. Graças a esses diagramas se pode reproduzir as inversões exatas de certos acordes que o compositor e guitarrista utilizou em suas gravações e shows.

Mesmo quem não toca algum instrumento pode encontrar, além das partituras, muita informação relevante nesse livro. O compositor dividiu o material por décadas: introduz cada seção com um texto em que relembra diversas fases de sua vida pessoal e da carreira musical, detalhando gravações, parcerias, turnês e muitos encontros com músicos que conheceu no Brasil e no exterior.

A contracapa e as capas internas do livro são ocupadas por depoimentos e comentários de três dezenas de conceituados instrumentistas e cantores de diversos gêneros, como Hermeto Pascoal, Sérgio Assad, Nana Caymmi ou John Pizzarelli. O guitarrista norte-americano Larry Coryell (morto em fevereiro deste ano) declarou: “Nunca esquecerei do apaixonante momento, anos atrás, quando ouvi o seu som em uma incrível re-harmonização de ‘Stella by Starlight’. Que revelação! Qualquer sério improvisador será beneficiado abundantemente folheando este livro”.

Juarez Moreira, outro grande guitarrista e compositor de Minas Gerais, assina um dos capítulos introdutórios. Nesse ensaio, analisa o ambiente em que o colega se formou musicalmente, suas influências e seu estilo. “Toninho tem estilo e originalidade tanto na guitarra elétrica como no violão. São poucos os músicos que conheço que transitam de um para o outro e que têm um som próprio e original, rapidamente identificado”, avaliza.

Outro aspecto que valoriza esse songbook é o farto material fotográfico. Um caderno central inclui fotos do guitarrista e compositor mineiro ao lado de dezenas de colegas de profissão, além das capas de todos seus álbuns e dos discos de outros artistas, nos quais participou com instrumentista, convidado ou diretor musical.

Toninho Horta lança o songbook “108 Partituras” no dia 15/8 (terça), com show no Bourbon Street Music Club, em São Paulo. Acompanhado por Marcelo Soares (baixo), Lisandro Massa (teclado), Sérgio Machado (bateria) e Marquinho Sax (sax alto), vai tocar sucessos de sua carreira, como “Manoel, o Audaz”, “Dona Olímpia” e “Beijo Partido”.

Couvert artístico: R$ 70,00. Mais informações sobre o show no site do Bourbon Street Music Club.
Preço do livro: R$ 150,00.








Koko-Jean Davis e Raphael Wressnig: destaques em Guaramiranga e Gravatá

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                               Koko-Jean Davis e Raphael Wressnig, no clube Bourbon Street, em São Paulo
 
Os cearenses e pernambucanos que preferem trocar as folias carnavalescas por jazz, blues e música instrumental vão poder conhecer, nos próximos dias, duas brilhantes revelações da cena musical europeia: a cantora Koko-Jean Davis e o organista Raphael Wressnig, que estão entre as atrações do 17º Festival de Jazz & Blues de Guaramiranga (CE) e do 1º Gravatá Jazz Festival (PE).

Ontem à noite, em São Paulo, a cantora e o organista deram uma prévia do que vão apresentar durante o Carnaval, nesses festivais do Nordeste. No palco do clube Bourbon Street também estava Igor Prado (na foto abaixo), conceituado guitarrista de blues e principal responsável pela primeira turnê brasileira desses artistas. 


Quem foi ao Bourbon Street sem maiores informações deve ter se surpreendido com o talento de todos. A noite começou com a coesa Igor Prado Band, que ofereceu uma generosa base para os solos do organista austríaco. Raphael Wressnig não é apenas um improvisador criativo, que domina as linguagens de gêneros como o rhythm & blues, o soul, o jazz e o gospel. Performático, chegou até a subir no órgão, deixando a plateia excitada.

Já a carismática Koko-Jean –- moçambicana que vive em Barcelona, na Espanha –- só precisou de alguns instantes no palco para conquistar novos fãs. Não à toa já a compararam à elétrica Tina Turner. Como ela, Koko-Jean revela uma energia contagiante, em suas performances. Seu repertório, calcado na soul music e no rhythm & blues, lembra um pouco o de outra diva do gênero: Sharon Jones. Esse é o caso de “I Don’t Love You no More”, canção que Koko-Jean transformou em sucesso, nos palcos europeus, quando ainda se apresentava com a banda The Excitements.

Bem conhecido no circuito dos festivais brasileiros de blues e jazz, o paulista Igor Prado também vive um momento especial em sua carreira. Depois de liderar o ranking de execução em rádios norte-americanas dedicadas ao blues, seu álbum "Way Down South" foi indicado para o Memphis Blues Awards, um dos prêmios mais respeitados do gênero.

Mais informações nos sites do Festival Jazz & Blues e do Gravatá Jazz Festival.



Allen Toussaint: atração do Bourbon Street Fest, compositor faz primeiros shows no país

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Durante cinco décadas ele atuou nos bastidores, compondo canções, escrevendo arranjos e produzindo discos. Por isso, é bem provável que você ainda não tenha ouvido falar em Allen Toussaint, mas pergunte sobre ele a figurões da música pop, como Elvis Costello, Paul Simon ou Paul McCartney, com os quais ele já trabalhou. Todos admiram esse cultuado pianista e compositor de Nova Orleans.

Pela primeira vez no Brasil, Toussaint, 76, será a principal atração da abertura do 12º Bourbon Street Fest, hoje, no parque do Ibirapuera, em São Paulo. Também vai se apresentar no teatro Oi Casa Grande (dia 18, no Rio) e no Bourbon Street Music Club (dia 19, em São Paulo).

“Quando morei em Nova York, ouvi músicos brasileiros e todos eram ótimos”, diz o pianista norte-americano, em entrevista exclusiva ao Música de Alma Negra. “Essa é uma das razões que me deixam ansioso por conhecer esse país. Acho que o Brasil costuma inspirar boa música”.

Toussaint deixou Nova Orleans, em 2005, quando sua cidade foi devastada pelo furacão Katrina. Ironicamente, a tragédia resultou em uma inusitada reviravolta em sua carreira. Em Nova York, passou a fazer shows de piano solo, no clube Joe’s Pub, onde tomou gosto pelo palco. Desde então suas aparições em festivais de jazz ou na TV só têm aumentado.

“Eu sequer imaginei que um dia estaria sozinho num palco, porque sempre me senti confortável nos estúdios de gravação. Só posso dizer que essa nova situação tem sido gratificante e fico feliz por isso”, comenta o produtor, que já trabalhou com músicos de alto quilate, como Eric Clapton, John Mayall, Etta James, Dr. John, Irma Thomas, Aaron Neville e as bandas The Meters e The Band.

O álbum mais recente de Toussaint, “Songbook” (selo Rouder, 2013) tem um tom autobiográfico. Gravado ao vivo, no Joe’s Pub, reúne não só algumas de suas canções mais populares, como “Southern Nights”, “It’s Raining” e “Soul Sister”, mas também revela a diversidade de sua obra, que abrange diversos gêneros, como o rhythm & blues, o soul, o funk e o jazz.

“Acho que esse álbum reflete a variedade musical que sempre marcou a minha vida. É encantador ter a oportunidade de tocar para plateias que me dão licença para exibi-la e sabem apreciar todos esses gêneros musicais”, comenta o compositor.

A modéstia de Toussaint também se manifesta quando a conversa traz à tona o nome de seu mentor musical: o influente pianista e compositor Professor Longhair (1918-1980), pioneiro do rhythm & blues de Nova Orleans.

“Sou um discípulo do Professor Longhair. No que concerne à música de Nova Orleans, ele é uma espécie de rei. Fico feliz quando dizem que fui influenciado por ele, porque através de mim Professor Longhair continua vivo. Eu, Dr. John e Huey Smith, assim como outros discípulos do Professor em Nova Orleans, vamos continuar honrando sua memória”, afirma.

Quase dez anos após toda a destruição e as mortes desencadeadas pelo furacão Katrina, Toussaint se diz bastante otimista em relação ao cenário musical de sua cidade.

“A música produzida hoje em Nova Orleans vive uma fase muito melhor do que em outras épocas. Mexe com o meu coração pensar em quantas pessoas, não só nos EUA, mas em todo o mundo, tentaram ajudar a cidade porque ficaram consternadas. Como seres humanos, saímos rejuvenescidos daquela tragédia. O Katrina foi um batismo e uma benção para nós”, conclui o compositor.

 

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