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Rafael Martini e Alexandre Andrés: músicos mineiros lançam álbum "Haru" em São Paulo

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                                                            O pianista Rafael Martini e o violonista Alexandre Andrés

Foi um prazer especial para mim assistir ao show do pianista Rafael Martini e do violonista e flautista Alexandre Andrés, ontem, no Sesc Pinheiros. Conheci esses talentosos instrumentistas e compositores uma década atrás, ao participar por vários anos do júri do Prêmio BDMG Instrumental, em Belo Horizonte. Graças à dedicação e à sensibilidade da produtora Malluh Praxedes, que o criou, esse influente prêmio já contribuiu para revelar dezenas de jovens craques da música instrumental brasileira.

Martini e Andrés estão lançando o álbum “Haru”, recheado de belas canções que compuseram, algumas delas sozinhos, outras em parcerias com os letristas Makely Ka, Bernardo Maranhão e Leonora Weissman. Os fãs de Milton Nascimento, Lô Borges, Beto Guedes e outros autores do lendário Clube da Esquina logo vão notar essa natural ascendência, em algumas canções desse disco, que também já foi lançado no Japão.

Reencontrar Martini e Andrés agora, mais maduros e com suas carreiras estabelecidas, trouxe de volta minha surpresa ao ouvi-los pela primeira vez, bem mais jovens, no concurso patrocinado pelo BDMG. Ambos já esbanjavam talento, como músicos que estavam praticamente começando.

Outra boa surpresa foi ver os dois homenagearem agora, no auditório do Sesc Pinheiros, a grande compositora e flautista paulistana Léa Freire, que fez uma participação especial no show. Esse diálogo criativo, essa admiração mútua entre duas diferentes gerações musicais, me fez pensar que ainda temos algo de que podemos nos orgulhar neste país -- coisa rara por aqui, nos últimos tempos.






Toninho Horta: guitarrista e compositor lança o livro “108 Partituras” em São Paulo

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                                                                              O guitarrista Toninho Horta / Acervo do artista

Não bastasse ser um dos fundadores do influente Clube da Esquina, Toninho Horta é um dos músicos brasileiros mais admirados no mundo. Autor de uma obra personalíssima, que inclui canções de sucesso e composições instrumentais cultuadas nos meios do jazz, esse guitarrista, violonista e cantor de Belo Horizonte (MG) sabe combinar, como poucos, melodias cheias de lirismo com sofisticadas harmonias.

A boa notícia para estudantes de música e fãs de Toninho que também se aventuram como instrumentistas é o lançamento do songbook “108 Partituras”. Esse “livrão” de 330 páginas, com textos em português e inglês, reúne partituras (melodias e cifras) de suas composições, incluindo as populares “Beijo Partido”, “Viver de Amor”, “Aquelas Coisas Todas”, “Pedra da Lua”, “Terra dos Pássaros” e “Diana”, entre outras.

Para facilitar a vida daqueles que desejam se aprofundar na original concepção harmônica de Toninho, o songbook também oferece diagramas de acordes para violão e piano de 40 de suas composições. Graças a esses diagramas se pode reproduzir as inversões exatas de certos acordes que o compositor e guitarrista utilizou em suas gravações e shows.

Mesmo quem não toca algum instrumento pode encontrar, além das partituras, muita informação relevante nesse livro. O compositor dividiu o material por décadas: introduz cada seção com um texto em que relembra diversas fases de sua vida pessoal e da carreira musical, detalhando gravações, parcerias, turnês e muitos encontros com músicos que conheceu no Brasil e no exterior.

A contracapa e as capas internas do livro são ocupadas por depoimentos e comentários de três dezenas de conceituados instrumentistas e cantores de diversos gêneros, como Hermeto Pascoal, Sérgio Assad, Nana Caymmi ou John Pizzarelli. O guitarrista norte-americano Larry Coryell (morto em fevereiro deste ano) declarou: “Nunca esquecerei do apaixonante momento, anos atrás, quando ouvi o seu som em uma incrível re-harmonização de ‘Stella by Starlight’. Que revelação! Qualquer sério improvisador será beneficiado abundantemente folheando este livro”.

Juarez Moreira, outro grande guitarrista e compositor de Minas Gerais, assina um dos capítulos introdutórios. Nesse ensaio, analisa o ambiente em que o colega se formou musicalmente, suas influências e seu estilo. “Toninho tem estilo e originalidade tanto na guitarra elétrica como no violão. São poucos os músicos que conheço que transitam de um para o outro e que têm um som próprio e original, rapidamente identificado”, avaliza.

Outro aspecto que valoriza esse songbook é o farto material fotográfico. Um caderno central inclui fotos do guitarrista e compositor mineiro ao lado de dezenas de colegas de profissão, além das capas de todos seus álbuns e dos discos de outros artistas, nos quais participou com instrumentista, convidado ou diretor musical.

Toninho Horta lança o songbook “108 Partituras” no dia 15/8 (terça), com show no Bourbon Street Music Club, em São Paulo. Acompanhado por Marcelo Soares (baixo), Lisandro Massa (teclado), Sérgio Machado (bateria) e Marquinho Sax (sax alto), vai tocar sucessos de sua carreira, como “Manoel, o Audaz”, “Dona Olímpia” e “Beijo Partido”.

Couvert artístico: R$ 70,00. Mais informações sobre o show no site do Bourbon Street Music Club.
Preço do livro: R$ 150,00.








Toninho Horta e Maurício Takara: inusitado encontro instrumental no Sesc Pompeia

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                            Thiago Alves (da esq. para dir.), Mauricio Takara, Toninho Horta e Lisandro  Massa   
 
Se você é um dos que acompanham os shows da série Encontros Instrumentais desde 2015, em São Paulo, provavelmente pensou, como eu, que este será um dos encontros musicais mais inusitados já realizados no Sesc Pompeia. Até Toninho Horta e Mauricio Takara, músicos que vão se encontrar em um palco pela primeira vez, confessam que, num primeiro momento, estranharam o convite.

Essa surpresa é justificável. Afinal, o que o mineiro Toninho, cultuado guitarrista, arranjador e autor de clássicas canções do Clube da Esquina, teria em comum com o paulista Takara, multi-instrumentista com uma diversificada trajetória musical associada à experimentação e à eletrônica?

“Toninho é um ícone, um monumento da guitarra mundialmente conhecido. No início, fiquei pensando se eu teria mesmo algo para contribuir, se eu conseguiria me expressar dentro de um universo musical tão rico como o dele”, admite Takara. “Fui escutar novamente os discos dele e cheguei à conclusão de que temos uma afinidade: a busca de um universo musical novo e próprio”.

A experiência de tocar com músicos que praticamente desconhecia se tornou recorrente na carreira de Toninho ainda na década de 1980, quando viveu por dois anos nos Estados Unidos. “Em Nova York, você conhece músicos de todo lugar: africano, russo, grego, coreano, austríaco. Já tive relações musicais com gente muito bacana, com concepções bem diferentes”, relembra o autor de canções como “Beijo Partido”, “Viver de Amor” e “Pedra da Lua”.

“Ele tem um universo próprio e muito brasileiro, mas sem aqueles estereótipos que costumam ser associados ao Brasil. Usamos processos totalmente diferentes, mas eu vejo algumas similaridades entre a música do Toninho e a minha”, comenta Takara, conhecido como baterista das bandas Hurtmold e São Paulo Underground, além de desenvolver uma obra autoral, em álbuns como “Puro Osso” e “Mundotigre”.

Bastou um primeiro encontro – ocasião em que se conheceram e esboçaram um ensaio – para os novos parceiros ficarem animados. “O pontapé inicial foi bem bom”, resume Takara, que até compôs um material especialmente para o show. “Fiquei surpreso ao ver um cara estabelecido e tão importante, como ele, se mostrar tão aberto e interessado pelo meu universo musical”, comenta o paulista.

“O resultado me agradou tanto que fiquei a fim de gravar esse encontro musical. A vibração de experimentar um som novo foi muito prazerosa”, comemora Toninho, contente com as releituras de composições de sua autoria, como “Dona Olímpia” e “O Vento”, que estarão no repertório. E como experiente arranjador que é, para ampliar as possibilidades sonoras, decidiu convocar o pianista Lisandro Massa e o baixista Thiago Alves a participarem do show.

Takara também confia no material que prepararam juntos. “Acho que vai ser interessante até para quem acompanha o trabalho do Toninho há bastante tempo. Acho que conseguimos criar uma atmosfera nova, tanto para as músicas dele, como para as minhas”. 
 


Venda de ingressos e outras informações no site do Sesc SP.   

(Texto escrito a convite da equipe de programação do Sesc Pompeia, que organiza a série de shows Encontros Instrumentais)

Eugénia Melo e Castro: da melancolia lusitana ao lirismo de Minas Gerais

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                 Eugénia Melo e Castro e Milton Nascimento - Photo by Valéria Costa Pinto/Divulgação

Conhecida por sua intimidade com a MPB, que já rendeu diversos trabalhos ao lado de músicos brasileiros, a cantora portuguesa Eugénia Melo e Castro comemora 30 anos de carreira com "Um Gosto de Sol" (lançamento do selo SESC), álbum gravado em Belo Horizonte (MG), com canções de compositores mineiros, como Milton Nascimento, Beto Guedes e Fernando Brant, entre outros.

À primeira vista, o projeto parece um tributo ao lendário Clube da Esquina, mas é mais que isso. Com sua voz suave e contida, Eugénia recria alguns clássicos dessa geração de compositores, como “Um Gosto de Sol” (Milton e Ronaldo Bastos) e “Tarde” (Milton e Márcio Borges), sugerindo que o lirismo mineiro tem muito a ver com a melancolia da música portuguesa.


Entre um poema de Fernando Pessoa e participações de Milton, Toninho Horta, Tulio Mourão e Chico Amaral, o duo de Eugénia com Wagner Tiso, em “O Cerco” (assinada por ambos), é simbólico: trinta anos atrás, a portuguesa procurou esse pianista e maestro mineiro para guiá-la nos meandros da música brasileira.

(resenha publicada no "Guia Folha - Livros, Discos, Filmes", em 26/05/2012) 


 

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