Vitoria Maldonado: parceria com Ron Carter reativa carreira da cantora paulistana

|


Vitoria Maldonado é uma cantora de sorte. Com dois discos lançados desde os anos 1990, a também pianista e compositora paulistana pode ver sua carreira (até hoje desenvolvida em relativo “low profile”) ganhar um impulso internacional. Ninguém menos que o norte-americano Ron Carter, um dos contrabaixistas mais cultuados na cena do jazz, gostou de sua voz delicada e a convidou a gravar um disco com seu quarteto. Essa parceria pode ser ouvida no CD “Brasil L.I.K.E.” (selo Summit Records), já distribuído pela Tratore no mercado brasileiro.

No repertório, standards do jazz, como “They Can’t Take That Away From Me” (dos irmãos Gershwin) e “Night and Day” (Cole Porter), surgem em versões com sabor de bossa nova, ao lado de clássicos da MPB, como “Lugar Comum” (João Donato e Gilberto Gil) e “Se Todos Fossem Iguais a Você” (Tom Jobim, Vinicius de Moraes e Gene Lees), em versão para o inglês, além de composições de Carter e Vitoria. A produção do disco é assinada por Ruriá Duprat, que também escreveu os arranjos para sua Brasilian Orchestra.

Três convidados especiais presentes nas gravações voltaram a acompanhar a cantora no show de lançamento do álbum (no Sesc Belenzinho, em São Paulo, no último dia 25/3): o violonista Roberto Menescal, o saxofonista Nailor Proveta e o veterano gaitista Omar Izar. Para a seção rítmica, foram convocados outros três craques da música instrumental paulistana: Michel Freidenson (teclados), Sylvinho Mazzuca (contrabaixo) e Duda Neves (bateria).

O jazzista Ron Carter não participou desse show de lançamento do álbum “Brasil L.I.K.E.”, mas, nos bastidores, comentava-se que um reencontro com Vitoria, em palcos brasileiros, ainda pode acontecer.






André Abujamra: compositor paulista estreia o ambicioso projeto "Omindá", sua obra-prima

|

                                                                               André Abujamra, no show-filme "Omindá"

O humor frequenta a música e as apresentações de André Abujamra há décadas, mas desta vez esse inventivo compositor, instrumentista e ator paulista está falando sério, no melhor sentido da expressão.

“Omindá - A União das Almas do Mundo pelas Águas” (show-filme que estreou ontem, no palco e no telão do Auditório Ibirapuera, em São Paulo) é sua obra-prima. Difícil defini-la em poucas palavras, mas não deixa de ser uma coleção de belas canções inspiradas pelas relações do ser humano com a água.

Não é à toa que André tem dito em entrevistas que já pode morrer feliz. Dedicou-se por 11 anos a esse projeto, incluindo viagens para 14 países da Europa, da Ásia e das Américas. Editar tantas imagens e participações de dezenas de cantores e instrumentistas (como Anelis Assumpção, Mauricio Pereira, Paulinho Moska, Ritchie, Marcos Suzano, Mintcho Garrammone, Trupe Chá de Boldo ou a atriz Maria de Medeiros, entre outros)  deve ter sido uma tarefa difícil, mas André pode se orgulhar do resultado, não só pela mensagem humanitária que transmite, mas especialmente pela encantadora beleza das melodias e arranjos.

Surpreende também o fato de um projeto tão ambicioso como esse ter sido realizado sem qualquer patrocínio. André bancou toda a produção com o que ganha, principalmente, como compositor de trilhas sonoras. Um caso muito raro de artista que coloca sua música em primeiro lugar.

Para quem não pode apreciar o show-filme “Omindá” ao vivo, as inspiradoras canções de André já estão registradas no CD homônimo. Mas se você vive ou está em São Paulo não perca a chance de ver e ouvir o compositor e guitarrista à frente de uma pequena orquestra recheada com muita percussão e um coro, tocando e cantando ao vivo durante a projeção do filme (até domingo, 25/3). É uma experiência emocionante, daquelas que ficam em nossa memória por muito tempo.

Nublu Jazz: Neneh Cherry e Bebel Gilberto fecham oitava edição do festival

|

                                                                          A cantora Neneh Cherry, no Nublu Jazz Festival

Numa noite dominada pelas mulheres, o Nublu Jazz Festival encerrou sua oitava edição, ontem, em São Paulo. A plateia que lotou a comedoria do Sesc Pompeia vibrou quando a cantora sueca Neneh Cherry (enteada do grande trompetista de jazz Don Cherry) homenageou Marielle Franco, a vereadora e ativista de direitos humanos assassinada dias atrás, no Rio de Janeiro. 

Carismática e elegante, Neneh ofereceu aos fãs de São Paulo o privilégio de conhecer em primeira mão o repertório inédito de seu próximo disco. Seu discurso é bem politizado, mas, curiosamente, algumas das canções são delicadas, realçadas por uma instrumentação pouco comum: harpa, piano acústico, teclados eletrônicos e percussão.


Já a cantora Bebel Gilberto, que abriu a noite, demonstrou coragem ao se lançar em uma apresentação bastante improvisada com três instrumentistas – o tecladista Ilhan Ersahin (criador do clube nova-iorquino que gerou o festival), o guitarrista Dave Harrington e o baterista Kenny Wollesen. Na prática, foram quase dois shows, já que entre as aparições viajandonas de Bebel, o trio mergulhou em improvisos instrumentais bem soltos, com um pé na vanguarda.

 

©2009 Música de Alma Negra | Template Blue by TNB