Homenagem a Aldir Blanc: João Bosco, Guinga e Banda Mantiqueira em encontro histórico

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                                                        João Bosco, Nailor Proveta e Guinga, no show dedicado a Aldir Blanc 
 

Quem teve a sorte de assistir a algum dos quatro shows dedicados ao grande letrista e escritor Aldir Blanc (1946-2020), com a Banda Mantiqueira, João Bosco e Guinga, neste final de semana, sabe que presenciou um encontro histórico. A última dessas disputadas apresentações, com ingressos já esgotados, será hoje, no teatro do Sesc 24 de Maio, em São Paulo, como parte da programação da Virada Cultural.

“Obrigado, nós somos brasileiros por causa de vocês”, agradeceu emocionado Nailor Proveta, clarinetista e diretor musical da Mantiqueira, falando também em nome dos fãs desses três gigantes da música popular brasileira, no show de sexta-feira (27/5).

É bem provável que a homenagem teria agradado ao irreverente Aldir. Em vez de discursos solenes, o bom humor prevaleceu em vários momentos, especialmente nos divertidos causos contados por seus parceiros. João Bosco relembrou que, no primeiro encontro oficial do então cirurgião-dentista Guinga com o letrista e ex-psiquiatra Aldir, este perguntou se iriam dividir um consultório ou iniciar uma parceria musical.

Guinga não deixou por menos. Bastante emocionado também, disse que não aceita a ideia da morte de Aldir, porque sua obra grandiosa ficará para sempre. E depois de afirmar que não gosta de ir a enterros, confessou que vai tentar fugir de seu próprio funeral.

Foram duas horas de muita emoção, risos e canções sublimes, como “Baião de Lacan”, “Chá de Panela” e “Catavento e Girassol” (parcerias de Aldir com Guinga), assim como “Dois Pra Lá, Dois Pra Cá”, “Nação” e “Da África à Sapucaí” (parcerias de Aldir com João Bosco). Sem falar nos sensacionais arranjos da Mantiqueira – que está festejando seus 30 anos – para clássicos como “Incompatibilidade de Gênios” ou “Bala com Bala”.

Uma noite inesquecível. Viva Aldir, João Bosco, Guinga e a Banda Mantiqueira!






Pedro Gomes e Pipoquinha: Instrumental Sesc Brasil reúne craques do baixo

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                             Pedro Gomes e Michael Pipoquinha, em show do projeto Instrumental Sesc Brasil

Não é qualquer músico que teria a generosidade de convidar um colega (que poderia ser encarado como concorrente), para participar de seu show. Foi o que se viu ontem (10/5) na bela apresentação do baixista e compositor mineiro Pedro Gomes, que contou com a participação especial de outro jovem músico: o cearense Michael Pipoquinha, revelação na área da música instrumental, que tem colecionado elogios por onde toca seu baixo elétrico de seis cordas.

Um dos vencedores do Prêmio BDMG Instrumental 2021, Pedro veio acompanhado por um talentoso sexteto para sua estreia em São Paulo, em show da série Instrumental Sesc Brasil, no teatro do Sesc Consolação. São estes os seus atuais parceiros: Breno Mendonça (sax tenor e soprano), João Machala (trombone), Samy Erick (guitarra), Lucas de Moro (piano e teclado) e Paulo Fróis (bateria).

Num ato falho revelador, Pedro se referiu a algumas de suas composições instrumentais como “canções”, mas depois se corrigiu. No entanto, a evidente beleza das melodias de “Delicadeza” ou “Mosaico”, entre outros de seus temas autorais, certamente pode resultar em canções muito atraentes, se um dia ganharem versos escritos por um bom letrista.

“É incrível ver esse cara tocar”, elogiou Pedro, ao chamar Pipoquinha ao palco. Os olhares e sorrisos que os dois trocaram durante os improvisos confirmaram a admiração musical que um tem pelo outro. Se você não estava na plateia desse show, ontem, ainda pode assisti-lo no canal do Sesc no YouTube: youtube.com/instrumentalsescbrasil




 

Choraço: noite de maioria feminina trouxe Maria Alcina e choros atrevidos

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                         As cantoras Patricia Bastos, Rita Braga e Maria Alcina, em show do projeto Choraço  

Com bom humor e toques teatrais, o show “Se Me Deixam Chorar: A Era do Choro Atrevido” levou imagens raras ao palco do Sesc 24 de Maio, ontem (8/5), em São Paulo. Ao contrário do que ainda se costuma ver em shows, sejam de samba, de MPB, de rock ou de jazz, as mulheres, tanto cantoras, como instrumentistas, eram absoluta maioria no elenco musical dessa noite do projeto Choraço.

Rita Braga e suas convidadas especiais, Maria Alcina e Patrícia Bastos, cantaram saborosos choros, como “Yaô” (de Pixinguinha”), “Tico-Tico no Fubá” (Zequinha de Abreu), “Apanhei um Resfriado” (Leonel Azevedo e Sá Roris) e “Choro Inconsequente” (Raul Seixas), que provocaram sorrisos e ganharam apoio vocal da plateia.

Ao ver Maria Alcina entrar no palco, me veio a lembrança da incrível performance dessa corajosa cantora, em 1972, no Festival Internacional da Canção. No auge da ditadura militar, ela desafiou a censura e a repressão desencadeados pelo golpe de 1964, com uma dança provocativa e seu vozeirão (ainda poderoso 50 anos depois), ao interpretar “Fio Maravilha”, de Jorge Ben. E por isso foi perseguida e censurada. Qualquer semelhança com certos absurdos atuais, vale lembrar, não é mera coincidência. Salve a grande Maria Alcina!

Muito especial também foi a participação da pianista Heloísa Fernandes, que fez a plateia segurar o fôlego ao ouvir sua inventiva releitura do clássico “Chorinho Pra Ele”, do mestre Hermeto Pascoal. O elenco de convidadas trouxe ainda o quarteto das pioneiras Choronas, primeiro grupo feminino de choro, que já se aproxima de seus 30 anos de carreira.

Tomara que esse show sirva de lição para aqueles que ainda insistem em desmerecer os talentos das mulheres, tanto nos palcos como na vida. Com ou sem o apoio dos homens, elas estão conquistando, mais e mais, os espaços que sempre mereceram. 

Os shows e atividades formativas do projeto Choraço prosseguem até 19/5. Consulte a programação e compre seus ingressos no site do Sesc SP: 
https://www.sescsp.org.br/projetos/choraco/

Choraço: os personalíssimos choros de Laércio de Freitas, em merecida homenagem

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                                                O compositor e pianista Laércio de Freitas, na noite em sua homenagem

Nos círculos do choro e da música instrumental paulista, raros músicos são tão queridos e admirados como ele. O pianista, arranjador, maestro e ator Laércio de Freitas foi homenageado na noite de ontem (6/5), em mais um show do projeto Choraço (no Teatro do Sesc 24 de Maio, em São Paulo).

Compositor com uma assinatura musical personalíssima, esse paulista nascido em Campinas causou impacto entre os fãs do gênero, em 1980, ao lançar seu álbum “São Paulo no Balanço do Choro” (selo Eldorado). Com um repertório quase todo autoral, esse disco já despontou como um clássico instantâneo do choro.

A saúde debilitada não impediu que Laércio participasse, com seu habitual bom humor, do show comemorativo de seus 80 anos. “Estou só ciscando”, brincou, provocando risadas no palco e na plateia, ao se sentar ao piano com Daniel Grajew, já mais ao final da apresentação.

No programa da noite, alguns dos choros mais conhecidos de Laércio, como “Fandangoso”, “Camondongas”, “Sumaré-Pompéia” e “São Paulo no Balanço do Choro”, interpretados por um competente septeto liderado pelo flautista Shen Ribeiro. Não faltou o delicioso “Arabiando”, choro de Esmeraldino Salles (1916-1979), violonista que Laércio credita como uma de suas influências nesse gênero musical .

Salve o maestro e mestre do choro Laercio de Freitas!


eFestival 2022: Inscrições para concurso de novos talentos vão até 7/5

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                  Carlinhos Brown (à esq.) e o duo Irmãos Woiski, vencedores do eFestival 2021/Divulgação
 

Alô, músicos independentes e estudantes de música, tanto instrumentistas como cantores de todo o país. As inscrições para a edição 2022 do eFestival terminam neste sábado, dia 7 de maio, em seu site oficial. Esse concurso musical, pioneiro na utilização da internet entre competições do gênero, vem contribuindo há duas décadas para revelar e incentivar as carreiras de novos talentos da música brasileira.

Artistas conceituados de diversas regiões do país, como o duo vocal Renato Motha & Patrícia Lobato (de Minas Gerais), o cantor e compositor Lula Barbosa (São Paulo), a violinista e compositora Carol Panesi (Rio de Janeiro), o contrabaixista Guto Wirtti (Rio Grande do Sul) ou o tecladista e compositor Gabriel Nóbrega (Pernambuco) e sua banda Silibrina são alguns dos finalistas que já se destacaram em edições do eFestival.

Na edição de 2021, o cantor e compositor John Bianchi (do Rio de Janeiro), e o duo instrumental Irmãos Woiski (de São Paulo) brilharam entre os seis vencedores. Eleitos pelo público via internet, eles gravaram singles acompanhados pela banda Titãs ou pelo percussionista Carlinhos Brown, além de receberem prêmios em dinheiro.

As inscrições são feitas online, acessando o site do eFestival (www.efestival.com.br). Você pode se inscrever nas categorias Instrumental ou Canção. Depois de escolher uma delas, também deve selecionar uma das três subcategorias: Público Geral (para estudantes de música, amadores ou músicos profissionais independentes); Profissionais de Saúde ou Corretores de Seguros (nestas duas últimas, ao se inscrever, é preciso inserir o número do Registro Ativo de sua atividade profissional). O público vai eleger os três vencedores na categoria Instrumental e os três vencedores na categoria Canção.

Além de preencher uma ficha de inscrição, que inclui dados pessoais, o concorrente precisa incluir o link de sua música no YouTube (um registro em vídeo no qual o compositor e/ou intérprete aparecer cantando ou tocando seu instrumento), sua página web ou redes sociais nas quais está inscrito, sua minibiografia e sua foto. Para facilitar o processo de inscrição, o site oferece vídeos nos quais Carlinhos Brown e Tony Bellotto (dos Titãs) ensinam o passo-a-passo de como se inscrever.

Produzido e idealizado pela Dançar Marketing, o eFestival tem como parceiros a empresa SulAmérica e o Ministério do Turismo, através da Secretaria Especial da Cultura, além de “media partners”, como a Kiss FM, a Play FM, a Mix FM (Rio) e SulAmérica Paradiso FM.

Como na edição de 2021, tenho o prazer de dividir a curadoria musical dessa competição com o pianista, arranjador e maestro Ruriá Duprat. Na comissão julgadora, vamos contar mais uma vez com as participações do multiinstrumentista e compositor Tuco Marcondes e do jornalista e crítico musical Mauro Ferreira – profissionais de prestígio e reconhecida competência em suas áreas.

Ficou animado com a oportunidade de se tornar um dos seis vencedores do eFestival 2022? Inscreva-se o quanto antes, até 7 de maio, neste link: www.efestival.com.br

Assista nos links abaixo os shows com Carlinhos Brown, Titãs e os vencedores de 2021:
Categoria Instrumental: https://www.youtube.com/watch?v=bON7fwpf1ig&t=41s


Choraço: Thiago Delegado exibe em São Paulo a riqueza musical do choro mineiro

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                                            O sexteto do violonista mineiro Thiago Delegado, no projeto Choraço

Thiago Delegado preparou uma ótima surpresa para a plateia que foi ouvi-lo ontem (sábado, 30/4), no Sesc 24 de Maio, em São Paulo. Atração de mais uma noite do projeto Choraço, o violonista e compositor radicado em Belo Horizonte ofereceu uma bela seleção de choros assinados por compositores de Minas Gerais. Uma oportunidade rara de se ouvir um repertório praticamente desconhecido em outros estados do país.

Muito bem acompanhado, Thiago abriu a noite com “Cansei de Ser Enganado” – simpático choro de sua autoria, gravado em seu álbum “Viamundo” (2015). No repertório do show também entraram belezas de tradicionais chorões mineiros, como Belini Andrade, Tião do Bandolim e Godofredo Guedes (pai do compositor e cantor Beto Guedes). Ou ainda o grande Abel Ferreira, admirado nacionalmente há décadas, que também será homenageado pelo clarinetista Nailor Proveta, nesta quinta-feira (5/5).

O show “Choro Mineiro” também incluiu deliciosos choros assinados por integrantes do sexteto liderado por Thiago: “Hortência na Folia”, da flautista Marcela Nunes (em parceria com Renato Muringa); “Metafórico”, do clarinetista Caetano Brasil; e “Entre Harmonias e Meio Diminutos”, do cavaquinista Pablo Dias. Só pelos títulos dessas composições já se pode sentir um pouco da modernidade perseguida por esses talentosos instrumentistas mineiros.

Músico eclético, que começou a chamar atenção na noite de Belo Horizonte em rodas de choro, Thiago não deixou por menos. Também relembrou seu choro “Sarau pro Sr. Mozart”, dedicado ao violonista Mozart Secundino, referência do choro de Minas. E ainda homenageou outros dois craques da música instrumental mineira: Celso e Juarez Moreira, com seu choro “Lembrando Irmãos Moreira”. Que beleza de noite!




 

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