Mônica Salmaso: a elegante simplicidade de um retrato musical em preto e branco

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É raro ver a música brasileira ser tratada com tanta elegância, criatividade e admiração, como neste registro do show “Alma Lírica Brasileira” (edição do selo Biscoito Fino e do Canal Brasil), com a cantora Mônica Salmaso, o saxofonista Teco Cardoso e o pianista Nelson Ayres. Na verdade, o termo registro é até limitado para denominar o que resulta da interação desse trio de excelentes músicos com as câmeras do cineasta Walter Carvalho.

Se o show de Mônica, Teco e Nelson já era uma inventiva conversa musical, calcada em pérolas da canção brasileira (de Villa-Lobos a Adoniran Barbosa), a abordagem de Carvalho realçou mais ainda a beleza das canções e dos improvisos do trio, ao optar pela estética do preto-e-branco com sutis intervenções visuais. Seu olhar sensível também ilumina o breve perfil biográfico e pessoal que traça de Mônica, misturando depoimentos e cenas de bastidores da filmagem.

Tomara que este precioso DVD inspire outros cineastas a dialogar mais com a música brasileira, tão maltratada nos últimos anos pelas rádios e TVs. 

(resenha publicada no "Guia Folha - Livros, Discos e Filmes", em 23/2/2013)



Maria Bethânia: astros da MPB reverenciam a cantora, em clima de programa de TV

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Na capa, os nomes de 19 intérpretes e compositores de diversas gerações da música popular brasileira, de Adriana Calcanhoto e Vanessa da Mata a Chico Buarque e Dori Caymmi, já sugerem a dimensão da efeméride. Gravado em 2001, no palco do extinto Canecão carioca, o show comemorativo dos 35 anos de carreira de Maria Bethânia assume enfim o formato de um DVD, em "Noite Luzidia" (lançamento da gravadora Biscoito Fino).

Os fãs acostumados aos sofisticados espetáculos da cantora podem se surpreender com o tom mais intimista da produção desse show. Quase como em um programa de TV, ela chama ao palco seus convidados para lembrarem canções que remetem à sua história, como “De Manhã”, com o autor e irmão Caetano Veloso, “Primavera” (Carlos Lyra) ou até compostas para ela, como “Dona do Dom” (Chico César). É justamente na informalidade dessa celebração, com alguns desencontros e olhares surpresos, que está o encanto desse registro: um retrato de como a nata da MPB reverencia uma de suas realezas.

(resenha publicada no "Guia Folha - Livros, Discos e Filmes", em 23/2/2013)

Jazz & Blues: livro revive emoções e alegrias de 13 edições do Festival de Guaramiranga

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                                                                          Photos by Chico Gadelha / Divulgação

                                O violonista Manassés e o trompetista Marcio Montarroyos

Treze anos atrás, quando o Festival Jazz & Blues foi realizado pela primeira vez, em Guaramiranga, era difícil até imaginar que essa pequena cidade serrana do Ceará, com cerca de 5 mil habitantes, se tornaria em alguns anos a sede de um dos eventos de música mais originais e conceituados do país.

Essa história incomum é narrada, com riqueza de detalhes e imagens, no livro “Nos Acordes do Jazz & Blues - Memórias do Festival Jazz & Blues de Guaramiranga”. Lançado por ocasião da 14ª edição do evento, durante o período do carnaval, esse livro vai além do mero registro: demonstra em suas 220 páginas como a música instrumental, seja ela de origem brasileira ou estrangeira, pode entreter e enriquecer culturalmente apreciadores de diversas gerações ou camadas sociais. 


Segundo Dalwton Moura, que assina o texto, a edição, a pesquisa e o projeto editorial do livro, trata-se de “uma obra que destaca a importância artística do evento e os inúmeros momentos de emoção, nos encontros entre artistas e público, unidos pela música”.

Para reviver essa emoção, a mesma que liga músicos e plateias de festivais de jazz e blues nos mais diversos países do mundo, além dos textos de Moura, são essenciais também as fotos de Chico Gadelha, que demonstra, em centenas de registros de shows do Jazz & Blues, sua intimidade com esses gêneros musicais.

O resultado da pesquisa de Moura é um detalhado panorama da música instrumental brasileira criada neste século, em diálogos constantes e enriquecedores com o jazz (representado por músicos como o saxofonista moçambicano Moreira Chonguiça, na foto acima, ou o gaitista belga Toots Thielemans, abaixo), com o blues e outras vertentes musicais que já passaram pelo palco de Guaramiranga.


“Sempre defendi que o festival, para conseguir chamar atenção nacionalmente, sem ser um megaevento, coisa que não teríamos condições de fazer, precisava ter um diferencial”, relembra em seu depoimento ao livro a produtora Maria Amélia Mamede, que criou o festival de Guaramiranga e o comanda com a parceira Rachel Gadelha. “Aí finquei pé: tem que ser no carnaval, com jazz, música instrumental, os artistas de Fortaleza”, completa Rachel.

Qualquer um que tenha a oportunidade de ao menos folhear “Nos Acordes do Jazz & Blues” (edição da Via de Comunicação e Cultura, com apoio do Governo do Estado do Ceará) vai ficar tentado a reservar os dias do próximo carnaval para saborear um pouco das alegrias e emoções que têm tomado conta do público de Guaramiranga, durante todos esses anos do Festival Jazz & Blues.

Mais informações no site do evento: http://www.jazzeblues.com.br/


 



 

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