Sesc Jazz 2021: quinteto Pau Brasil festeja 40 anos, enfim, ao vivo

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                                                                          O quinteto Pau Brasil, em show no festival Sesc Jazz
                                      

A plateia foi chegando aos poucos, meio ressabiada. Em outras épocas, uma apresentação do brilhante quinteto Pau Brasil certamente teria lotado o teatro do Sesc Vila Mariana, provocando até uma descontraída balbúrdia, antes da abertura da sala. Ontem à noite, um sábado, o saguão de espera estava vazio. Outros como eu, que passaram cerca de 20 meses distantes dos shows ao vivo, por causa das necessárias restrições de enfrentamento da pandemia, também devem ter achado esse retorno um tanto estranho.

Já no teatro, um pouco mais de 50% das poltronas estavam cobertas por capas, indicando que as pessoas só poderiam se sentar nos lugares pré-determinados. Além dessa medida para garantir o necessário distanciamento social, vale lembrar, ao entrar na unidade do Sesc todos tiveram que mostrar seus certificados de vacinação contra a Covid-19 e estavam usando máscaras de proteção.

“Gente, que saudade disso tudo”, disparou o saxofonista Teco Cardoso, quebrando de vez o gelo, logo após uma fusão do samba-canção “No Rancho Fundo” (de Lamartine Babo e Ary Barroso) com a clássica “Ária da Bachiana n.º 4”, de Heitor Villa-Lobos. Foi com essa inusitada associação musical que Teco, o pianista Nelson Ayres, o baixista Rodolfo Stroeter, o violonista Paulo Bellinati e o baterista Ricardo Mosca -- evidentemente emocionados -- abriram o show, incluído na programação do festival Sesc Jazz.

“Tocar para celular é horrível. E assistir ‘live’ de pijama, em casa, vocês também não aguentavam mais, não é?”, seguiu Teco, provocando mais risos. E ao comentar que o quinteto está comemorando 40 anos de atividade musical, o bem-humorado saxofonista fez até seus parceiros rirem de si mesmos. “Depois da pandemia tomamos uma decisão muito sábia. A gente não tem mais produtora, agora temos cuidadora”.

Pronto! Após uma explosão geral de risadas, já estávamos mais à vontade para nos deliciarmos com uma combinação de clássicos e belezas do repertório que o grupo acumulou durante essas quatro décadas, como o contagiante “Caixote” (xote de Ayres), a criativa releitura jazzística de “O Pulo do Gato” (composição de Bellinati) ou a lírica “Cidade Encantada” (de Nelson e Milton Nascimento).

E a festa musical não parou por aí. Também entrou no repertório material mais recente que o quinteto paulistano já tinha experimentado em alguns shows. Além do samba “Levada da Breca” (parceria de Rodolfo com seu filho baixista Noa Stroeter), o baião “Juazeiro” (de Luiz Gonzaga) ganhou como introdução a delicada “Aboio” (outra de Rodolfo e Noa), com Teco ao sax alto e ao pífano.

Que bela noite para se comemorar o tão esperado retorno dos shows ao vivo, em São Paulo. Salve o Pau Brasil! Salve o Sesc Jazz!

Esse show foi gravado e está disponível online neste link:
https://www.youtube.com/watch?v=14arLXs65DE&t=4497s





Sesc Jazz 2021: festival retoma shows com presença de plateia em São Paulo

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                                       O pianista Amaro Freitas, atração da noite de abertura do Sesc Jazz 2021   

Uma notícia animadora para aqueles que não veem a hora de voltar a frequentar shows e festivais de música, suspensos há um ano e meio por causa da pandemia. A gradual retomada das atividades musicais, em palcos da cidade de São Paulo, recebe na próxima semana um evento de peso e substância: o Sesc Jazz, festival com uma extensa programação de shows, filmes, audiovisuais, bate-papos e masterclasses.

Na estreia do evento, em 15/10 (sexta), o pianista pernambucano Amaro Freitas – uma das grandes revelações da cena musical de nosso país nos últimos anos – leva ao Teatro do Sesc Pompeia os parceiros Hugo Medeiros (bateria), Jean Elton (baixo), Lucas dos Prazeres (percussão), Henrique Albino (sax e flautas) e Laís Assis (violão). Seu repertório destaca composições de Moacir Santos, Wayne Shorter, Milton Nascimento e Johnny Alf, além de composições próprias.

A cantora e compositora Joyce Moreno (em show com participação especial do pianista João Donato), o trio do guitarrista e violonista Romero Lubambo (que vive há décadas nos Estados Unidos), o trio do bandolinista Hamilton de Holanda, o sexteto do violonista Toninho Horta, o quinteto instrumental Pau Brasil (que está festejando seus 40 anos) e o Trio Curupira estão entre os destaques da programação com mais de duas dúzias de shows de jazz e música instrumental, nos teatros das unidades Pompeia, Vila Mariana, Pinheiros e Consolação do Sesc SP.

Quase todos os shows serão oferecidos em formato híbrido: além das apresentações para uma plateia com até 30% da lotação dos teatros (medida exigida para se manter o necessário distanciamento social do público, além das máscaras), esses eventos também serão transmitidos online.

A venda dos ingressos começa nos dias 12/10, a partir das 14h (online), e 13/10, das 14h às 19h (presencial), nas bilheterias das unidades onde serão realizados esses shows. Os ingressos custam R$ 40 (inteira, para o público geral) ou R$ 20 (público com Credencial Plena ou meia-entrada). Já os ingressos para os shows no Sesc Consolação, que fazem parte da série Instrumental Sesc Brasil, são gratuitos. Para assistir aos shows presenciais é necessário apresentar comprovante de vacinação contra a Covid-19.

Os shows do quarteto do pianista suíço Frank Salis, o da big band do violonista espanhol José Quevedo Bolita, o do quarteto do trombonista belga Nabou Claerhout e o da big band da pianista dinamarquesa Kathrine Windfeld só serão transmitidos online. Já as apresentações da cantora norte-americana Alissa Sanders (com participação da cantora Anelis Assumpção), do multi-instrumentista moçambicano Otis Selimane Remane e do contrabaixista cubano Aniel Someillan serão presenciais, assim como transmitidas online.

Eclética como em edições anteriores, a programação do Sesc Jazz mistura diversos estilos de jazz e música instrumental, como a fusion e a black music da baixista Ana Karina Sebastião (com participação do cantor Michel Sebá), o samba e outros ritmos afro-brasileiros do quinteto Jazz das Minas (liderado pela pianista Maíra Freitas), o afrobeat da Funmilayo Orchestra, o free jazz do Conde Favela Sexteto ou o som experimental do quarteto MARV, com participação especial do tecladista Lelo Nazário, do lendário Grupo Um.

Dois expoentes do jazz brasileiro na cena internacional vão receber homenagens. Raul de Souza (1934-2021), mestre do trombone, será lembrado pelo quarteto que o acompanhava, em show com participações especiais do saxofonista Hector Costita e dos trombonistas Bocato e Sergio Coelho. Já a grande cantora e pianista Tania Maria, que vive há décadas na Europa, será homenageada com o lançamento do álbum “Parabéns Tânia” (Selo Sesc), projeto idealizado pelo baterista Lael Medina.

Agendada de 15 a 31/10, a programação de shows também inclui o quinteto do saxofonista Vinícius Chagas, o sexteto do percussionista Gabi Guedes (com participação da cantora Ellen Oléria), o duo Bufo Borealis, o sexteto Hurtmold (com participações do percussionista Paulo Santos e do cantor Jorge Du Peixe) e o Duo Rádio Diápora.

Além de aulas-shows, masterclasses e mostras de filmes e audiovisuais, o Sesc Jazz 2021 oferece ainda a série Sotaques do Jazz, que reúne cinco mesas de debates, com participações de músicos como o uruguaio Ruben Rada, a cubana Cláudia Rivera, a nigeriana Okwei Odili e os brasileiros Amilton Godoi, Filó Machado, Arismar do Espírito Santo, Lilian Carmona, Robertinho Silva e Fernando Alabê, entre outros.

Consulte a programação completa e horários do Sesc Jazz 2021 no site do evento: 
https://sescjazz.sescsp.org.br/



 

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