Brad Mehldau: pianista toca com seu trio no 3º BMW Jazz Festival

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São raros os músicos que podem, como ele, combinar Cole Porter, Nirvana e Chico Buarque com influências clássicas de Mahler e Brahms, no repertório de seus concertos e discos. Destaque no 3º BMW Jazz Festival, que começa hoje, o pianista Brad Mehldau toca neste sábado, em São Paulo, e domingo, no Rio.

Em entrevista à "Folha de S. Paulo", ele diz que tocar com o baixista Larry Grenadier e o baterista Jeff Ballard – talentosos parceiros de seu trio, que já o acompanham por cerca de uma década – é “confortável como um velho suéter”.

“Mas sempre há desafios, e um dos maiores é conseguir manter algum frescor quando tocamos juntos. Para isso é preciso fazer um exercício mental e espiritual. É bom pensar que vamos tocar juntos pela primeira vez, recomeçar sob essa perspectiva”, comenta.

Outro antigo parceiro com o qual Mehldau voltou a tocar com frequência é o saxofonista Joshua Redman, que também vai se apresentar no BMW Festival (amanhã, em São Paulo, e sábado, no Rio) com o coletivo James Farm.

“É realmente um prazer trabalhar com Joshua”, diz Mehldau, que produziu “Walking Shadows”, o recém-lançado CD do saxofonista. “Ele queria gravar um álbum de baladas e eu o ajudei, fazendo dois arranjos de acordas e achando arranjadores para outras faixas”.

Mesmo tendo apreciado a experiência de produzir o disco de alguém que admira, Mehldau não vê aí uma futura vertente em sua carreira. “Gosto, embora seja um trabalho intenso. Talvez eu faça isso de novo, mas não imagino que possa me transformar no ‘Sr. Produtor’. É mais fácil fazer meus próprios discos”, diverte-se.

E como ele encara o futuro do disco? “Pouca gente com menos de 40 anos ainda compra discos – os mais jovens até acham estranha essa ideia. De quem é a culpa por essa situação, eu não sei. Mesmo assim, ainda há belos discos sendo feitos e oportunidades para músicos criativos”.

Fã assumido da música brasileira, Mehldau incluiu em seu álbum “Where Do You Start” (Nonesush, 2012), releituras de “Samba e Amor” (de Chico Buarque) e “Aquelas Coisas Todas” (Toninho Horta). Quando pode não perde a chance de conhecer outros compositores e intérpretes da chamada MPB.


“Ouvi Gal Costa, em Nova York, semanas atrás, e foi realmente especial. Ela cantou alguns de seus sucessos, alguns clássicos, e até tocou violão. Fantástica”, elogia o jazzista norte-americano.

(texto publicado na "Folha de S. Paulo", em 6/06/2013)


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