Jazz na Fábrica: segunda edição do festival terá atrações de EUA e Europa, em setembro

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Livre do congestionamento de festivais de jazz e música instrumental, que tem marcado a programação cultural do primeiro semestre no Sudeste do país, o festival Jazz na Fábrica vai retornar em setembro. Sua segunda edição voltará a ocupar durante quatro semanas os palcos do teatro e da choperia do Sesc Pompéia.

Como no ano passado, o elenco desse evento reúne vários estilos de jazz e música instrumental contemporânea, com músicos e grupos originários de diversos países. Diferentemente do que se tem visto em muitos festivais do gênero no país, os preços dos ingressos serão mais uma vez bem acessíveis, variando entre R$ 8 e R$ 32.

Entre os destaques da programação aparecem o trio do veterano pianista norte-americano Cedar Walton (na foto acima), que abre o festival nos dias 6 e 7/9, o baixista e cantor israelense Avishai Cohen (dias 8 e 9/9), o violinista francês Didier Lockwood (dias 8 e 9/9), o violonista norte-americano Ralph Towner (na foto abaixo; dia 14/9), o trompetista suíço Erik Truffaz (dias 15 e 16/9) e o cantor e violonista John Pizzarelli (dias 22 e 23/9).    

O elenco nacional destaca expoentes da música instrumental brasileira, como o pianista César Camargo Mariano (dia 22/9), o violonista Hélio Delmiro (dia 13/9) e os percussionistas Airto Moreira (dias 29 e 30/9) e Cyro Batista (dias 13 e 14/9), ambos radicados há décadas nos Estados Unidos. Aliás, ao menos uma “canja” de Delmiro com Mariano (parceiros no clássico álbum “Samambaia”, lançado em 1981) seria muito bem vinda.

Se você se interessou, é melhor tentar garantir logo seus ingressos porque os shows de eventos e atrações internacionais, no SESC, costumam se esgotar rapidamente. Confira a programação completa do Jazz na Fábrica e outros detalhes sobre o evento, no site do SESC SP.


Donald Harrison: saxofonista traz diversidade de New Orleans ao 10º Bourbon Street Fest

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                                Donald Harrison, no New Orleans Jazz Fest 2012 / Photo by Carlos Calado

Quem acompanhou as duas primeiras temporadas da série de TV “Tremé” – produção do canal pago HBO, que retrata a reconstrução da cidade norte-americana de New Orleans, devastada pelo furacão Katrina, em 2005 – logo vai reconhecer a figura desse inquieto músico.

Destaque da décima edição do Bourbon Street Fest, que prossegue até dia 19, em São Paulo, Rio e Brasília, o saxofonista e cantor Donald Harrison, 53, vai se apresentar na capital paulista (nesta quinta, 16/8, no Bourbon Street Music Club) e na capital federal (sexta, 17/8, no Museu da República).

Expoente do jazz moderno de Nova Orleans, Harrison comentou, em entrevista à Folha, realizada durante o New Orleans Jazz & Heritage Festival, em maio último, que dois personagens de “Tremé” (o trompetista Delmond e seu pai “Big Chief” Lambreaux, que comanda um bloco de índios, tradição do carnaval local) foram diretamente inspirados em sua história de vida.

“David Simon já me segue por uns 20 anos”, diz, referindo-se ao criador da série da TV, cuja terceira temporada estreia dia 23 de setembro, nos EUA (ainda sem data de exibição no Brasil). Como o trompetista de “Tremé”, Harrison foi para Nova York, em 1982, onde se revelou como integrante da banda The Jazz Messengers, do baterista Art Blakey.

“Aqui em New Orleans, sempre gostamos de diversos tipos de música”, afirma o saxofonista. “Porém, na época em que morei em Nova York, quando explicava meu conceito musical aos produtores das gravadoras, eles diziam que ninguém compraria um disco como os que eu queria fazer. Por isso decidi voltar para New Orleans, em 1989, e desde então só faço o que eu quero”.

Mais do que em seus álbuns (o recente “Quantum Leap” é bem jazzístico, embora também se abra ao funk e ao soul), Harrison costuma exibir todo seu ecletismo nos palcos. No último New Orleans Jazz Fest, ele iniciou seu saboroso show tocando jazz, funk e soul. Na parte final, assumiu sua persona Big Chief, cantando, vestido com uma vistosa fantasia de líder indígena.

“O Carnaval tem o mesmo significado, em New Orleans e no Brasil. Como aqui, a música brasileira também faz parte da vida diária. Toda vez que vou ao Brasil sinto como são fortes nossas conexões musicais", disse Harrison, que também vai exibir no Bourbon Street Fest seu personagem carnavalesco, acompanhado pelo duo Zulu Connection.


(entrevista publicada originalmente na "Folha de S. Paulo", em 13/08/2012)



Bourbon Street Fest: décima edição do evento traz destaques de anos anteriores

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                                                                Preservation Hall Jazz Band / Photo by Carlos Calado

Só uma cidade tão cosmopolita como Nova Orleans (EUA) poderia inspirar um evento musical e gastronômico como o 10º Bourbon Street Fest, que começa hoje, em São Paulo, e se estende ao Rio (de 12 a 14/8) e Brasília (dias 16 e 17/8).

Na programação paulistana, destacam-se shows gratuitos no parque do Ibirapuera, neste sábado (dia 11/8), a partir das 15h30. O encerramento, no dia 19, também será ao ar livre, em palco ao lado do Bourbon Street (em Moema), onde o chef Viko Tangoda serve um Jazz Brunch, com pratos da culinária de Nova Orleans.

O eclético programa musical de amanhã inclui o funk e o rock da banda de metais Bonerama, o R&B e o funk de Tony Hall & The Heroes e o jazz tradicional da Preservation Hall Jazz Band, que está festejando seu cinquentenário.

Inspirada por pioneiros músicos de Nova Orleans, como Louis Armstrong (1901-1971) e Jelly Roll Morton (1885-1941), essa banda foi criada para manter vivo o primeiro estilo do jazz que, no início dos anos 1960, corria o risco de desaparecer.

Curiosamente, seu líder atual mais parece um músico punk, com seu cabelão desgrenhado. O produtor e tubista Ben Jaffe, 41, é o herdeiro do Preservation Hall, arcaico clube de Nova Orleans, que se tornou o quartel general da banda.

“Ao assumir a direção do Preservation Hall, na década de 1990, eu ficava apavorado ao pensar que teríamos de fechá-lo quando os músicos da banda original morressem”, relembra Jaffe, que decidiu trazer músicos mais jovens para banda, sem mudar sua essência.

“Nos primeiros anos, tive que passar ao menos meia hora, após os shows, tentando explicar aos velhos fãs que precisávamos renovar o nosso público”, conta o músico.

Outras informações em www.bourbonstreetfest.com.br

(texto publicado originalmente na "Folha de S. Paulo", em 10/8/2012)



Hamilton de Holanda: bandolinista aposta na simplicidade para envolver o ouvinte

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Não é difícil perceber a evolução musical do bandolinista e compositor Hamilton de Holanda, por meio de sua trilogia “Brasilianos”. Se, nos dois primeiros álbuns (lançados em 2006 e 2008) chamavam mais atenção pelo virtuosismo dos improvisos, o terceiro CD se destaca pela sensibilidade que perpassa as nove faixas assinadas por Hamilton – cinco delas em parceria com o violonista Daniel Santiago.

Títulos como “Saudades de Brasília”, “Prece ao Santo Céu”, “Caos e Harmonia” ou “Guerra e Paz” (com vocais de Milton Nascimento) já sugerem a ampla paleta de sentimentos que colorem o álbum. Mesmo sem referências sobre cada uma das composições, o ouvinte pode facilmente se deixar levar. Como já disse o próprio bandolinista, para ser acessível sem perder a sofisticação, a música precisa ser simples como um abraço. “Brasilianos 3” envolve desde a primeira faixa. 

(Resenha publicada no "Guia Folha - Discos, Livros, Filmes", em 28/7/2012)

 

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