Sesc Jazz: festival retorna com atrações da África, dos EUA e da América Latina

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                  Dom Salvador e Amaro Freitas estarão no 6º Sesc Jazz/ Fotos: Carlos Calado   

Um dos festivais de música mais originais de nosso país, o Sesc Jazz anunciou as atrações de sua sexta edição. Agora produzido de dois em dois anos, o sucessor do Jazz na Fábrica (festival realizado na unidade do Sesc Pompeia até 2017) vai levar sua programação de shows de 27 artistas e grupos internacionais e brasileiros a nove unidades do Sesc na capital e no estado de São Paulo, de 14 de outubro a 2 de novembro. 

Entre os destaques de seu eclético cardápio musical, o Sesc Jazz promove um inédito encontro de dois grandes pianistas e compositores: o mestre paulista Dom Salvador, pioneiro do samba-jazz radicado em Nova York desde 1973, e o pernambucano Amaro Freitas, uma das maiores revelações do jazz brasileiro nas últimas décadas. O fato de esse encontro de gerações ocupar três noites na grade de programação (de 15 a 17/10) já sugere que esse show deve ser um dos mais disputados do evento.

Entre outras atrações brasileiras, o festival também oferece um histórico reencontro musical. Radicada há mais de 40 anos na França, a cantora Evinha (ex-vocalista do Trio Esperança) terá a seu lado o cantor e pianista Marcos Valle, expoente da segunda geração da bossa nova. Juntos vão revisitar canções que ele compôs especialmente para ela, na transição dos anos 1960 para os 1970.   

Outro show inédito vai homenagear Leny Andrade, grande estrela do samba-jazz, que perdemos dois anos atrás. Um merecido tributo a seu imenso talento vocal vai reunir três cantoras que transitam com facilidade pelo universo do jazz: a carioca Eliana Pittman, a mineira Rosa Maria Collin e a hondurenha Indiana Nomma. No palco, também estarão dois pianistas que costumavam tocar com a homenageada: João Carlos Coutinho, que assina a direção musical desse show, e Gilson Peranzzetta, em participação especial.      

                                     


Quem abre essa edição do festival (dias 14 e 15/10, no Sesc Pompeia) é o carismático cantor, compositor e guitarrista senegalês Baaba Maal (na foto acima). Conhecido na cena internacional da música desde o final da década de 1980, ele se tornou uma espécie de embaixador cultural de seu país e da própria África. Com o passar dos anos sua música tornou-se mais e mais eclética, revelando até influências do funk, do reggae e do blues. Entre suas gravações mais conhecidas, a canção “Wakanda” fez parte da trilha sonora do filme “Pantera Negra: Wakanda Para Sempre” (de 2022).  

Dos Estados Unidos virão dois conceituados jazzistas, que iniciaram suas carreiras sob a estética experimental da AACM (Associação para o Avanço dos Músicos Criativos), fundada em 1965, em Chicago, Illinois. Dois anos antes, saída do estado do Arkansas, a pianista, vocalista e compositora Amina Claudine Myers (na foto abaixo) se radicou nessa metrópole. Ali desenvolveu parcerias com expoentes do jazz de vanguarda, como Lester Bowie e Henry Threadgill, mas com o passar do tempo suas referências tornaram-se mais amplas, incluindo influências de vertentes tradicionais da música negra, como o blues e o gospel.  



Nascido em Chicago, o percussionista e compositor Kahil El’Zabar lidera há cinco décadas o Ethnic Heritage Ensemble (Conjunto Herança Étnica). Em suas composições e releituras musicais, El’Zabar adapta aos ouvidos de hoje elementos da tradição musical africana. Artista sem preconceitos, ele já dividiu gravações com jazzistas de vanguarda, como os saxofonistas Archie Shepp e Pharoah Sanders, assim como já tocou com artistas da música negra norte-americana, como Stevie Wonder e Nina Simone.

Como já se viu durante as edições anteriores do Sesc Jazz, nesse panorama da música improvisada contemporânea traçado pela equipe de curadores do festival, o conceito de Sul Global confere protagonismo aos músicos que se valem da linguagem jazzística na América Latina, assim como valoriza a tradição da música africana e sua cena mais moderna.

Além do embaixador cultural Baaba Maal (do Senegal), o continente africano está representado nessa edição por Alogte Oho, uma das vozes mais representativas da cena gospel de Ghana, que vem acompanhado pelo grupo His Sounds of Joy. Já a cantora e compositora Gabi Motuba, da África do Sul, dialoga com o jazz e a vanguarda, em sua obra musical, revelando também preocupações sociais e políticas em sua canções.

                               



Entre os destaques da América Latina está a cantora, pianista e atriz Aymée Nuviola (na foto acima), herdeira de estrelas da canção cubana como Celia Cruz e Omara Portuondo, que viu sua carreira internacional decolar na década passada. Conhecido aqui por suas parcerias com Hermeto Pascoal e Airto Moreira, o multi-instrumentista e compositor uruguaio Hugo Fattoruso será acompanhado por seu grupo Barrio Sur. Da Colômbia vem o De Mar y Rio, grupo que resgata a música tradicional de marimba (instrumento de percussão semelhante ao xilofone), com vocais femininos.

O palco externo do Sesc Pompeia, que já funcionava em edições anteriores do festival, oferece uma programação ao ar livre especialmente caprichada neste ano, com entrada franca aos domingos. Essa compacta mostra de projetos inéditos começa no dia 19/10, com a banda paulistana Aláfia revivendo clássicos do funk do norte-americano George Clinton e sua psicodélica banda Parliament.

                                               

O projeto “Coisas Supremas: conexão entre ‘Coisas’ e ‘A Love Supreme’”, do trombonista e arranjador Allan Abbadia, vai revisitar pérolas musicais dos mestres Moacir Santos e John Coltrane, em 26/10. Finalmente, em 2/11, o lendário Trio Mocotó (na foto acima) revisita o suingue do clássico álbum “Força Bruta”, que gravaram ao lado de Jorge Ben, em 1970. A cantora Ellen Oléria fará uma participação especial.

Os curadores do 6.º Sesc Jazz também prepararam, especialmente para estudantes e profissionais de música, uma série de oficinas, cursos, masterclasses e workshops. Confira a relação dessas atividades formativas, assim como a programação completa dos shows e o esquema de venda dos ingressos, no site do festival: 

sescsp.org.br/sescjazz





 

Dom Salvador: pioneiro do samba-jazz e do samba-soul relembra sua banda Abolição

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                                     Dom Salvador (no piano, ao centro) e os músicos do Abolição   

O pianista e compositor Dom Salvador agradeceu os aplausos da plateia paulistana, ao final do show de ontem (7/09), com uma elegante reverência. Não foi por cansaço, muito menos por esnobismo, que ele e os músicos do quarteto Abolição deixaram o palco – na área externa da 36.ª Bienal de Artes de São Paulo, no Parque Ibirapuera – sem atender aos pedidos de bis.

Já fora de cena, agitando as mãos, Salvador explicou a alguns fãs o motivo da indesejada interrupção do show: dores provocadas por câimbras, que o impediram de tocar por mais alguns minutos. Um probleminha físico que esse resiliente pioneiro do samba-jazz (prestes a completar 87 anos na próxima sexta, 12/09) enfrenta de vez em quando, mas não o impede de seguir tocando regularmente.

Os felizardos ali presentes assistiram a um show histórico, que reuniu o líder e dois remanescentes da cultuada banda Abolição, desativada em 1972, após uma breve carreira de dois anos. Seu único disco, “Som, Sangue e Raça” (lançado em 1971), seguiu influenciando as gerações posteriores, com suas misturas de samba, jazz, soul, R&B, funk e outras vertentes da música negra brasileira.

Do quarteto liderado por Salvador fazem parte o baixista Rubão Sabino e o guitarrista Zé Carlos, seus antigos parceiros da banda Abolição, além do saxofonista Tino Jr. No repertório do show não faltaram clássicos da banda, como “Moeda, Reza e Cor”, “Samba do Malandrinho” e “Tema pro Gaguinho”, além de “Uma Vida” e “Hei! Você”, que os fãs cantaram junto com Sabino.   

Na plateia, além de vários músicos, estava o camaronês Bonaventure Soh Bejeng Ndikung, curador desta edição da Bienal (inaugurada anteontem, com entrada franca), que tomou como inspiração o poema “Da Calma e do Silêncio”, da escritora mineira Conceição Evaristo.

Sentada ao lado do curador estava a senegalesa Veronika Châtelain, diretora do programa Jazz Legacies Fellowship, da Jazz Foundation of America, que vai apoiar 50 veteranos músicos de jazz, fornecendo apoio financeiro para seus projetos de gravação e turnês, entre outras atividades, durante os próximos quatro anos.

Salvador foi incluído entre os 20 primeiros contemplados por esse projeto, ao lado de conceituados jazzistas norte-americanos, como o saxofonista George Coleman, a vocalista Carmen Lundy, a pianista Amina Claudine-Myers e o baterista Herlin Riley, entre outros. Um importante reconhecimento aos legados desses artistas.

Para quem perdeu essa rara apresentação de Dom Salvador, que vive em Nova York desde 1973, ele deixa uma mensagem de consolo: vai retornar a São Paulo em outubro, para mais alguns shows, com uma formação instrumental diferente. O local e as datas dessas apresentações serão divulgados em breve.


Bourbon Street Fest: evento comemora seus 20 anos de conexão New Orleans-São Paulo

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                                                O baixista e cantor Tony Hall, no 20.º Bourbon Street Fest

Neste momento em que as relações diplomáticas e econômicas entre o Brasil e os Estados Unidos estão bastante estremecidas, a realização do 20.º Bourbon Street Fest (em São Paulo, na semana passada) provocou uma breve reflexão. Não fosse a admiração que as plateias brasileiras cultivam há mais de um século por diversos gêneros da música norte-americana (relação que se tornou de mão dupla desde a explosão mundial da bossa nova nos anos 1960), hoje seria mais difícil imaginar que um evento como esse pudesse festejar seu 20.º aniversário.

Tive a sorte de acompanhar toda a trajetória desse festival criado por Edgard Radesca e Herbert Lucas, diretores do Bourbon Street Music Club. Inaugurada em dezembro de 1993 com um histórico show do “rei do blues” B.B. King, essa casa noturna paulistana nasceu sob a inspiração da rica cena musical e gastronômica de New Orleans – a cidade mais famosa do estado norte-americano de Louisiana. E assim, dedicando sua programação ao jazz, ao blues, ao R&B e outras vertentes da black music, além da música brasileira, naturalmente, tornou-se um dos melhores clubes do gênero na América Latina.

Depois de trazerem a São Paulo dezenas de conceituados artistas da cena musical de New Orleans, como Bryan Lee, Marva Wright, Charmaine Neville e Jon Cleary, para temporadas de shows no clube,os diretores do Bourbon Street decidiram elevar essa ponte musical a outro patamar. Para comemorar os 10 anos da casa, em 2003, criaram o Bourbon Street Festival, evento que segue o perfil eclético do New Orleans Jazz & Heritage Festival, um dos maiores eventos musicais do mundo, realizado naquela cidade desde 1970.

Em meio às eventuais dificuldades para contar com patrocínios regulares, durante essas duas décadas, Edgard Radesca e Herbert Lucas seguiram à risca a missão de trazer ao Brasil mostras da diversidade que caracteriza o cenário musical de New Orleans. Não foi diferente nesta edição: o elenco do festival paulistano exibiu destaques como o tecladista e compositor Ivan Neville, herdeiro de uma das famílias musicais mais importantes de New Orleans, a banda The Rumble, a cantora JJ Thames e o baixista Tony Hall, já conhecido pela plateia de São Paulo. Vale lembrar, sempre com alguns shows gratuitos, na programação.

Por tudo que já fizeram para manter essa preciosa ponte musical entre São Paulo e New Orleans (duas cidades cosmopolitas que valorizam a cultura e, de modo geral, são conhecidas por receberem bem os imigrantes que as escolhem para morar), os diretores do Bourbon Street Fest já mereceriam ser condecorados, tanto no Brasil como nos Estados Unidos.



"Brasileiros do Mundo": nova série da Cultura FM destaca músicos bem-sucedidos no exterior

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             A cantora, pianista e compositora Tânia Maria 
       

Tânia Maria, Dom Salvador, Duduka da Fonseca, Luciana Souza e Romero Lubambo, instrumentistas e intérpretes de alto quilate, têm algo em comum nas suas trajetórias: são brasileiros que, décadas atrás, decidiram viver na Europa ou nos Estados Unidos, onde desenvolveram carreiras bem-sucedidas, tocando e/ou cantando música brasileira e jazz. Ironicamente, hoje esses artistas são mais conhecidos no exterior do que no Brasil.

Essa é a tônica de “Brasileiros do Mundo”, série de cinco programas, que idealizei e vou apresentar na Cultura FM (103,3) de São Paulo. O programa de estreia, que será exibido no dia 29/06 (domingo), às 14h, é dedicado a Tânia Maria. Essa carismática pianista, cantora e compositora decidiu se radicar na França, no início da década de 1970. Graças a seu talento musical, em pouco tempo ela se tornou uma grande estrela da cena internacional do jazz.

Nascida no Maranhão, Tânia tinha apenas dois anos quando sua família se mudou para Volta Redonda, no estado do Rio de Janeiro. Já cantava e tocava piano em casas noturnas, no final dos anos 1960, quando foi vítima de um abuso típico do repressivo regime militar daquela época. Numa noite, ao sair da boate carioca em que se apresentava, foi abordada por uma viatura policial e conduzida a uma delegacia, como se fosse uma prostituta. O policial chegou a rasgar sua carteira de musicista profissional.

“Foi um trauma muito grande, eu tinha 22 anos. Depois daquilo eu não podia ficar mais aqui”, relembrou Tânia, em entrevista à “Folha de S. Paulo”, em 2005, ao se apresentar no Sesc Pompeia, na capital paulista – suas primeiras apresentações em palcos brasileiros, após três décadas de autoexílio na Europa. O programa de estreia da série “Brasileiros do Mundo” destaca algumas das composições mais aplaudidas dessa sensacional artista, como “Euzinha”, “Come with Me” e “Valeu”.

O pianista e compositor carioca Antonio Adolfo (protagonista do programa de 6/07), também passou anos na Europa e nos Estados Unidos, na década de 1970. “Não fui expulso nem banido, mas saí porque estava com nojo daquela situação”, ele afirmou, em 2019, em entrevista ao site Scream & Yell. Autor de sucessos, como “BR-3” e “Juliana” (ambos em parceria com Tibério Gaspar), Adolfo foi perseguido pela ditadura militar, como outros artistas naquela época.

Ao retornar ao país, ele redirecionou sua carreira, ao se aproximar da música instrumental. Desde a década passada tem alternado períodos no Brasil e nos Estados Unidos, onde tem lançado praticamente um álbum por ano, misturando música brasileira e jazz. Alguns desses discos já receberam indicações para os prêmios Grammy e Grammy Latino.   

O caso da cantora paulista Luciana Souza, que pertence a uma geração posterior à de Antonio Adolfo e Tânia Maria, já é um pouco diferente. Ela foi estudar música nos Estados Unidos, na década de 1990, e desde então só tem retornado ao Brasil de vez em quando, para fazer shows. Filha dos compositores Walter Santos e Tereza Souza, Luciana construiu uma sólida carreira internacional na área do jazz vocal.

Os 15 álbuns que Luciana já lançou como intérprete e compositora, combinando diversos gêneros da música brasileira com influências do jazz contemporâneo e da música de câmara, têm sido elogiados por sua sofisticação. O programa protagonizado por ela vai ao ar em 13/07.

O pianista e compositor paulista Dom Salvador e o baterista carioca Duduka da Fonseca se aproximaram ainda nos anos 1970, quando já viviam na área de Nova York. Ali os dois abraçaram uma missão musical: tornaram-se embaixadores informais do samba-jazz. Não foi à toa que, em 2015, ao festejar os 50 anos de seu Rio 65 Trio, em um concerto no Carnegie Hall, Salvador convidou Duduka para substituir o lendário baterista Edison Machado (1934-1990), da formação original do trio.

Duduka retribuiu o convite do mestre paulista com uma bela homenagem: em 2018, lançou um álbum com repertório integralmente dedicado à obra musical de Dom Salvador, que hoje já reúne mais de 300 composições autorais. O programa que focaliza esses craques da música instrumental brasileira será exibido em 20/07.

Dois grandes violonistas protagonizam o último programa dessa série, que irá ao ar em 27/07. O carioca Romero Lubambo já se destacava na cena instrumental brasileira, em 1985, quando se mudou para Nova York. Hoje é admirado por sua versatilidade, ao se apresentar e gravar com artistas de diversos gêneros musicais, como as cantoras Dianne Reeves e Angélique Kidjo, o saxofonista Paquito D’Rivera ou o violinista Yo-Yo Ma.    

Por outro lado, o paulista Chico Pinheiro já era um instrumentista consagrado, em 2016, quando trocou São Paulo por Nova York. Suas colaborações com astros do jazz, como Ron Carter, Brad Mehldau e Esperanza Spalding, assim como João Donato, Dori Caymmi e outros craques da música brasileira, falam por si. A afinidade musical de Lubambo com Pinheiro é evidente em “Two Brothers”, álbum gravado por eles em 2021. Gravações desse disco em parceria abrem o repertório do programa que vai ao ar em 3/08, na Cultura FM de São Paulo, encerrando a série “Brasileiros do Mundo”.     

BRASILEIROS DO MUNDO - Série de cinco programas, que vai ao ar a partir de 29/06, nos domingos, às 14h, pela Cultura FM (103,3) de São Paulo. Roteiros e apresentação: Carlos Calado. Direção: Inez Medaglia. Se preferir, ouça esses programas ao vivo pelo site da Cultura FM no portal UOL, por meio deste link: https://cultura.uol.com.br/aovivo/4_ao-vivo-radio-cultura-fm.html

                        

Música instrumental brasileira: série 'Sons de um País Continental' estreia na Cultura FM

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                                       A instrumentista Carol Panesi, que abre a série na Cultura FM  

Reconhecido como um país onde se cultiva uma das mais originais e ricas tradições musicais do mundo, o Brasil já viveu fases mais inspiradas e criativas nessa área. Hoje não faltam exceções promissoras, mas é evidente que a produção musical mais recente, especialmente no caso das canções, soa inferior em termos melódicos e poéticos às de gerações anteriores.

A sensação é diferente quando nos depararmos com o universo da música instrumental. Seguindo o exemplo de grandes mestres desse gênero, como Pixinguinha, Moacir Santos, Hermeto Pascoal ou Egberto Gismonti, novas gerações de instrumentistas têm despontado pelo país, apoiando-se no improviso e na criatividade para buscar seus próprios caminhos sonoros musicais.

Os oito programas da série “Sons de um País Continental”, que estreia dia 4 de maio, às 19h, na Cultura FM (103,3) de São Paulo, vão traçar um panorama recente da música instrumental em nosso país. Para demonstrar que esse gênero musical está em constante evolução, o elenco do programa de abertura destaca talentosos instrumentistas e compositores de diversos estados do Brasil, em média, na faixa dos 20 ou 30 anos.   

Esse é o caso da brilhante violinista, pianista e compositora carioca Carol Panesi, que abre a série com sua composição “Forró do Marajó”, tendo a seu lado o mestre Hermeto Pascoal, uma de suas grandes influências. Mais jovem ainda é o explosivo baixista cearense Michael Pipoquinha, que recria um emotivo baião do grande sanfoneiro Dominguinhos, em parceria com o guitarrista brasiliense Pedro Martins, outro destaque dessa nova geração.

O elenco do primeiro programa destaca ainda outras elogiadas revelações do som instrumental brasileiro: a pianista paulistana Louise Wooley, o pianista e cantor carioca Jonathan Ferr, a baixista paulistana Ana Karina Sebastião, o trombonista capixaba Joabe Reis, o trio paulistano Caixa Cubo e os pianistas paulistas Henrique Mota e Gustavo Bugni. Detalhe importante: todos esses músicos também são compositores.

Os programas seguintes vão proporcionar aos ouvintes uma viagem pelas principais capitais e regiões do país, exibindo instrumentistas de diversas gerações. À cada semana será possível constatar que, assim como a língua portuguesa é falada com um sotaque particular nas diferentes regiões brasileiras, nossa música instrumental também assume sotaques locais pelo país adentro.

Este é o roteiro da viagem musical que vamos realizar em seis programas: Rio de Janeiro (11/5); Minas Gerais (18/5); São Paulo (25/5); Região Nordeste (1.º/6); Região Sul (8/6); Região Norte e Centro-Oeste (15/6). Do choro e do samba-jazz do Rio de Janeiro ao carimbó e ao beiradão do Amazonas, passando pela milonga rio-grandense, pela música caipira criada em Brasília e pelo baião nordestino, essa viagem sonora revela aspectos da diversidade musical brasileira.

A série “Sons de Um País Continental” termina em 22/6 com uma homenagem a alguns dos mestres de várias gerações da música instrumental brasileira, como Tom Jobim, Pixinguinha, Paulo Moura, Baden Powell, Moacir Santos, Egberto Gismonti, César Camargo Mariano, Nelson Ayres & Roberto Sion, Benjamim Taubkin & Ivan Vilela, Arismar do Espírito Santo, Guinga e os grupos Quarteto Novo e
Duofel.  

SONS DE UM PAÍS CONTINENTAL - Série de oito programas, que vai ao ar a partir de 4 de maio, aos domingos, às 19h, na Cultura FM (103,3) de São Paulo. Direção de Inez Medaglia. Roteiros e apresentação de Carlos Calado. Ouça os programas dessa série, que já foram ao ar, utilizando este link:

https://cultura.uol.com.br/radio/programas/sons-de-um-pais-continental/

 

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