Diana Krall: mais bossa nova e standards do jazz

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Não é apenas nas altas rodas da economia internacional que o Brasil vem ganhando destaque. Cultuada por nove entre dez estrelas da cena contemporânea do jazz vocal, a bossa nova também dá o tom a “Quiet Nights”, novo CD da cantora e pianista canadense Diana Krall, 44.

Em entrevista à “Folha”, por telefone, a intérprete definiu esse álbum como “uma carta de amor” dedicada a seu marido, o músico de rock Elvis Costello, e aos filhos Dexter e Frank, de 2 anos. “Agora eles já estão mais crescidos e eu não preciso cuidar deles o tempo todo. Adoro ter uma família que me inspira. Não quero pensar só em música”, disse.

Familiar também é o time que assessorou a cantora nessa gravação. Não à toa, ela convocou o arranjador Claus Ogerman, o produtor Tommy LiPuma e o técnico de som Al Schmidt, que já haviam participado de seu best-seller “The Look of Love” (2001), igualmente calcado na bossa nova.

Clássicos de Tom Jobim, como “Garota de Ipanema” (transformada em “The Boy from Ipanema”) e “Corcovado” (na versão “Quiet Nights”), dividem o repertório com standards da canção norte-americana, como “Where or When” (Rodgers & Hart) e “Too Marvelous for Words” (Johnny Mercer), em ritmo de bossa.

Contagiada pelos dias que passou no Brasil, no ano passado, Diana até se arriscou a cantar em português (na faixa “Este Seu Olhar”, de Jobim), mas se desculpa pelas escorregadas na pronúncia. “Acho que ela não está perfeita, mas foi gravada com o coração”, justifica.

“Seria ótimo se eu conseguisse contratar uma babá brasileira, que também cozinhasse e me ensinasse português e ioga”, diz, contando que até tentou aprender um pouco da língua, mas os shows e afazeres diários a impediram de continuar.

Segundo a cantora, foi um passeio ao Jardim Botânico, no Rio, que a inspirou a fazer esse álbum. “Visitei aquele lugar onde Jobim gostava de ir. Encontrei muita neblina, pássaros, macacos, um lugar mágico, fantástico. Eu me senti em um filme”, conta.

“Ali vi uma faceta do Brasil que eu não conhecia. Acho que a música brasileira costuma ser encarada de maneira estereotipada, sempre associada à praia, ao sol”, comenta, dizendo que para gravar esse CD seguiu por outra direção. “Pensei em algo cinematográfico: um filme em preto e branco”.

O cinema, por sinal, é uma área à qual Diana gostaria de se dedicar mais. “Já participei de um filme de Woody Allen [“Igual a Tudo na Vida”, 2003], mas meu sonho é fazer uma personagem, num filme dele, que não tenha nada a ver com cantar ou tocar piano”.

(publicada na “Folha de S. Paulo”, em 8/04/2009)



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