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Eliane Elias: pianista e cantora radicada nos EUA revisita clássicos da música brasileira

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Com uma sólida carreira estabelecida nos EUA, onde vive desde 1981, a pianista e cantora paulista Eliane Elias é reconhecida, antes de tudo, por suas incursões pelo universo do jazz. Isso não a tem impedido de reservar parte de seu repertório à música popular brasileira.

“Made in Brazil” é seu primeiro álbum gravado em São Paulo desde que deixou o país. Músicos locais, como Edu Ribeiro (bateria), Marcelo Mariano (baixo) e Marcus Teixeira (guitarra), garantem levadas e harmonias tipicamente brasileiras, nas releituras de clássicos da bossa nova e do samba, como “Aquarela do Brasil” (de Ary Barroso), “Esse Seu Olhar/Promessas” (Tom Jobim) ou “Rio” (Ronaldo Bôscoli e Roberto Menescal, que também participa da gravação). Os vocais do grupo norte-americano Take 6 emprestam um colorido harmônico especial a canções assinadas pela própria Eliane, como a sensual “Incendiando” e a pop “Driving Ambition”. 
 
(resenha publicada no "Guia Folha - Livros, Discos, Filmes", em 29/08/2015)

3º Jazz na Fábrica: festival oferece abrangente painel do 'world jazz' em São Paulo

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Anote em sua agenda: os ingressos para a terceira edição do festival Jazz na Fábrica, no SESC Pompéia, em São Paulo, começam a ser vendidos nesta quinta-feira (25/7), a partir das 14h. Com uma programação recheada de músicos conceituados e revelações do jazz, como os pianistas McCoy Tyner e Edsel Gomez, as cantoras Cassandra Wilson (na foto abaixo) e Macy Gray, o organista Dr. Lonnie Smith (na foto à esq.), o baixista Richard Bona, o trompetista Ibrahim Maalouf e os saxofonistas David Murray e Roscoe Mitchell, entre outros, os ingressos para os shows mais disputados devem acabar em poucas horas. Até porque os preços – que variam de R$ 50 (inteira) a R$ 4 (trabalhadores no comércio), dependendo do show – são bem razoáveis frente à altíssima média praticada na programação musical paulista.

Realizado em um mês diferente a cada ano, desta vez o Jazz na Fábrica vai acontecer de 1° de agosto a 1º de setembro, no Teatro, na Choperia e em outros espaços da unidade do Sesc Pompéia. Com mais de 30 atrações, a programação cobre diversas correntes do jazz moderno e contemporâneo no mundo, abrindo espaço também para a música instrumental do Brasil e da América Latina.


“O jazz, um fenômeno que ao longo do século XX influenciou as mais diversas culturas musicais mundo afora, recebeu e continua recebendo influências diversas”, comenta Thiago Freire, técnico do SESC e integrante da curadoria do evento. “O jazz é, para nós, um palco de encontro entre essas múltiplas referências. Estamos olhando especialmente para as ‘periferias’ e trazendo, ao lado de grandes nomes tradicionais do jazz americano e brasileiro, artistas importantes da América Latina e da África, bem como nomes que ousam experimentos sonoros”.

O festival já começa com uma atração musical de peso, que será exibida da nos dias 1º, 2 e 4 de agosto: o inventivo pianista e compositor norte-americano McCoy Tyner (na foto abaixo). Não bastasse ter participado de um dos quartetos de jazz mais influentes na história do jazz, o John Coltrane Quartet, Tyner desenvolveu um estilo absolutamente original ao piano, em sua longa carreira de solista e compositor.



Como nas edições anteriores, o jazz mais experimental, também conhecido como “free jazz”, está bem representado no elenco, Além do veterano Roscoe Mitchel, integrante do lendário Art Ensemble of Chicago, ou do saxofonista Ivo Perelman, brasileiro radicado nos EUA, esse segmento inclui também o trio Sun Rooms, que destaca o vibrafone furioso de Jason Adasiewicz.

Os fãs que sentiram a falta de vocalistas, no festival do ano passado, não podem reclamar. Desta vez, além do vozeirão de Cassandra Wilson, umas das grandes cantoras de jazz da atualidade, o Jazz na Fábrica trará ainda Macy Gray, estrela do R&B e do soul, que vem como convidada da big band do saxofonista David Murray. Também com um pé no R&B e no funk, o organista Dr. Lonnie Smith (na foto à esquerda) já tem um grande fã clube paulistano, depois de se tornar a sensação do Chivas Jazz Festival, em 2008.

O elenco nacional destaca Eliane Elias, ótima pianista paulista radicada há décadas nos EUA que tem investido mais em sua faceta de cantora, o piano de João Donato, um dos pioneiros da bossa nova, além de nomes de alto calibre na cena brasileira da música instrumental e do jazz, como o trombonista carioca Raul de Souza, o Duo Nazário, o pianista paulista Benjamim Taubkin, o quinteto do saxofonista baiano Letieris Leite e o guitarrista gaúcho Alegre Corrêa.


Uma boa sacada desta edição é a série de shows intitulada Café com Leite, que destaca revelações das cenas instrumentais de São Paulo e Minas Gerais, como o baixista Frederico Heliodoro, o baterista Felipe Continentino e o trombonista Jorginho Neto. Também acompanhado por brasileiros, o criativo pianista porto-riquenho Edsel Gomez (na foto ao lado), morou por alguns anos em São Paulo, na década de 1990. Representando a cena jazzística latino-americana, vêm ainda o flautista boliviano Álvaro Montenegro e o baixista chileno Christian Galvez.

Compondo um panorama do que se chama hoje de “world jazz”, o elenco inclui ainda a cantora Angolana Afrikkanittha, o baixista e cantor camaronense Richard Bona, o trompetista franco-libanês Ibrahim Maalouf, o guitarrista austríaco Wolfgang Muthspiel, a banda suíça No Square e a francesa Et Hop. Um painel tão abrangente e diversificado como raramente se viu em festivais do gênero em nosso país.

Mais informações sobre o evento, no site do Sesc São Paulo.

Eliane Elias: em tributo a Chet Baker, pianista e cantora aproxima-o da bossa nova

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Depois de gravar um álbum mais focado na música pop (“Light My Fire”, de 2012), a pianista e cantora Eliane Elias retorna ao universo do jazz, onde começou a construir sua carreira, ainda nos anos 1980. No CD “I Thought About You - A Tribute to Chet Baker” (lançamento da gravadora Universal), a paulista radicada nos EUA visita o repertório do cultuado trompetista, cantor e expoente do cool jazz.
 
Difícil não comparar este projeto ao de Luciana Souza, paulistana radicada nos EUA, que também lançou um tributo a Baker, no ano passado. Diferentemente de Luciana, que recriou com personalidade a atmosfera melancólica das gravações de Chet em seus últimos anos, Eliane parece ter se inspirado mais na fase inicial desse jazzista.

Suas versões para “Just Friends” e “That Old Feeling” soam leves, quase solares. A releitura de “This Can’t Be Love” resulta em jazz dançante à moda de Nat King Cole. Eliane ainda toma a liberdade de interpretar “There Will Never Be Another You” e “Let’s Get Lost” em ritmo de bossa nova. A “brazilianista” Diana Krall que se cuide.

(resenha publicada no "Guia Folha - Livros, Discos, Filmes", em 29/06/2013)

Eliane Elias: pianista investe mais no poder de sedução de sua voz

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Não é fácil se manter no cenário musical, ainda mais por três décadas. Já que as gravadoras sobreviventes do tsunami digital que abateu o mercado fonográfico, uma década atrás, só investem em projetos com maior chance de retorno, a jazzista brasileira Eliane Elias (radicada nos EUA desde 1981) tem apostado mais no limitado poder de sedução de sua voz do que em seu grande talento ao piano.
 

Em “Light My Fire”, seu 21.º álbum, ela amplia a fórmula de “Dreamer” (2004), seu trabalho mais popular. Hits da música pop, como “Light my Fire” (da banda The Doors), em releitura sensual, ou uma versão de “My Cherie Amour” (Stevie Wonder), em francês, dividem o repertório com clássicos da MPB e canções próprias.

Suas versões do samba “Aquele Abraço” e do ijexá “Toda Menina Baiana” contam com os vocais e o violão do próprio autor, Gilberto Gil. Já a releitura vocal da jazzística “Take Five” (Paul Desmond) soa sintomática: ouvir o piano de Eliane, em papel de coadjuvante, deixa uma sensação de desperdício.


(resenha publicada no "Guia Folha - Livros, Discos, Filmes", edição de 31/3/2012)

Curaçao North Sea Jazz: cantoras dominam programação prévia do festival caribenho

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                                                                                          Photos by Carlos Calado
Espécie de franquia do holandês North Sea Jazz (um dos maiores eventos musicais do mundo, conhecido por seus vários palcos com shows simultâneos), o Curaçao North Sea Jazz Festival repete neste ano a bem sucedida receita musical de sua primeira edição. O elenco combina nomes de prestígio nos universos do jazz e da música latina (Branford Marsalis, Danilo Pérez, Roberto Fonseca, Poncho Sanchez, Chucho Valdés e Ruben Blades) com figurões do pop e da black music (Sting, Sharon Jones, Earth, Wind & Fire, Chic e Dionne Warwick).

A exemplo da edição passada, os organizadores desse festival também promoveram shows durante a semana para esquentar o evento. Essa programação preliminar foi iniciada na última segunda-feira (29/8) com o som dançante do grupo cubano Los Van Van, que, por coincidência, apresentou-se há poucos dias em São Paulo.

As noites seguintes foram dominadas por cantoras de diferentes países. Na terça (30/8), a holandesa Trijntje Oosterhuis (na foto acima) atraiu centenas de compatriotas ao show que fez ao ar livre, no Avila Hotel. Com um repertório bem pop, que destaca antigos sucessos de Burt Bacharach e Michael Jackson, ela demonstra capacidade técnica, mas ainda é um tanto deficiente no item personalidade.


A lourinha belga Selah Sue (na foto acima) saiu-se bem melhor. No show que lotou a casa noturna Mambo Beach, na quarta-feira (31/8), ela confirmou sua condição de revelação pop, com canções que misturam reggae, soul, hip hop e até pitadas de rock. Não à toa, Selah cita Bob Marley, Erykah Badu e Lauryn Hill entre suas influências. A plateia bem jovem reconheceu na hora “Raggamuffin”, hit que a tornou conhecida graças ao clipe veiculado na internet pelo site MySpace.

Única atração brasileira no elenco do Curaçao North Sea, a pianista e cantora paulista Eliane Elias fez um show irretocável, quinta-feira, na concha acústica do Brakkeput Mei Mei, confirmando o prestígio que desfruta na área do jazz desde a década de 90. Com um repertório centrado em clássicos da bossa nova, ela mostrou seu virtuosismo ao piano, em números como “Chega de Saudade” (Tom Jobim e Vinicius de Moraes) e “Bananeira” (João Donato e Caetano Veloso).

No entanto, além de não permitir, estranhamente, que a imprensa a fotografasse tanto na coletiva de imprensa como em sua apresentação, Eliane ainda correu o risco de soar antipática frente à platéia, ao interromper o show duas vezes para advertir alguns fãs que estavam usando suas câmeras fotográficas. Daí em diante, a platéia reagiu de maneira mais morna.

(Texto publicado no site Folha.com, em 3/09/2011)

Randy Brecker: como ganhar um Grammy tocando música brasileira

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Na recente entrega dos prêmios Grammy, em Los Angeles, o Brasil não viu seu prestígio ser referendado por outra vitória na categoria world music, mas não saiu de mãos abanando. O troféu conferido ao melhor álbum de jazz contemporâneo – “Randy in Brasil”, do trompetista norte-americano Randy Brecker – foi recebido pelo pianista paulista Ruriá Duprat, que produziu a gravação.

“Fiquei surpreso por se tratar de uma categoria do Grammy dominada pelos americanos. Tive que preparar o discurso nos 30 metros que me separavam do palco”, diz Duprat, também autor da maioria dos arranjos do álbum, que foi gravado em São Paulo, com nomes de destaque na música instrumental brasileira, como Teco Cardoso, André Mehmari, Robertinho Silva e Gilson Peranzzetta, entre outros.

Instrumentista conceituado, Brecker despontou com a banda de jazz-funk Brecker Brothers, na década de 70, ao lado do irmão saxofonista Michael (morto em 2007). Bastante requisitado nos estúdios, já participou de centenas de gravações com figurões do jazz, do rock e do r&b.

História curiosa
O álbum “Randy in Brasil” tem uma história curiosa. O projeto dessa gravação nasceu praticamente junto com a gravadora Rainbow Records, que o produtor (sobrinho do maestro tropicalista Rogério Duprat) e o percussionista Marco Bosco (hoje radicado no Japão) fundaram em 2000, em São Paulo.


“A idéia era criarmos uma série com solistas estrangeiros, que viriam ao país para gravar música brasileira com músicos brasileiros. Então surgiu o nome do Randy”, relembra Duprat. “Escolhemos compositores como Gilberto Gil, Djavan, João Bosco e Ivan Lins porque buscávamos um repertório que fosse rico melódica e ritmicamente”.

Algumas das músicas incluídas no CD são bem conhecidas, caso de “Oriente” (Gilberto Gil), “Ai Ai Ai Ai Ai” (Ivan Lins) e “Malásia” (Djavan). Brecker contribuiu com duas composições próprias: a balada “Guarujá” e o suingado “Sambop”, que demonstram sua intimidade com os ritmos e melodias do país.

Brasileiro "em outra vida"
“Há alguma coisa brasileira em mim. Sinto como se tivesse nascido aqui em outra vida”, disse o trompetista à Folha, em novembro de 2000, quando gravou seus solos para o álbum, no estúdio Banda Sonora, em São Paulo. Vale lembrar que Brecker foi casado com a paulista Eliane Elias, pianista de jazz que desde os anos 80 desenvolve uma carreira de sucesso nos EUA.


Porém, segundo Duprat, a crise que abateu o mercado fonográfico, levando à desativação da própria Rainbow Records, impediu que o álbum fosse concluído e lançado naquela época. O projeto só veio a ser retomado já ao final de 2007, quando a percussão e novas texturas de teclados e sopros foram gravadas.

“Essas adições foram concebidas tendo em perspectiva uma ótica mais atual. Como a mixagem também foi realizada em 2008, não seria justo dizer que o CD foi gravado em 2000”, diz o produtor paulista, justificando o fato de a edição do selo norte-americano Mama Records não fazer menção à data das gravações de Brecker.

Por enquanto, o álbum só está disponível no exterior, mas Duprat revela que já negocia com gravadoras locais o lançamento no mercado brasileiro ainda para este semestre. “Estamos inclusive amadurecendo a idéia de gravar um DVD ao vivo deste material”, diz o produtor.

(publicada na “Folha de S. Paulo”, em 3/04/2009)



 

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