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Hamilton de Holanda: bandolinista toca repertório do álbum "Harmonize" em SP

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                       Hamilton de Holanda (bandolim), Thiago Espírito Santo (baixo) e Mestrinho (acordeom) 


As chuvas insistentes de ontem (sábado, 1/02), que chegaram a alagar alguns pontos da cidade de São Paulo, não desanimaram a calorosa plateia que foi à comedoria do Sesc Pompeia. Não é todo dia que se tem o privilégio de ouvir ao vivo um brilhante quarteto de craques da música instrumental como o liderado pelo bandolinista Hamilton de Holanda.

Ao lado de Thiago Espírito Santo (baixo elétrico), Daniel Santiago (guitarra) e Edu Ribeiro (bateria), Hamilton exibiu o repertório de “Harmonize” (2019), seu primeiro álbum autoral lançado após os discos que dedicou à obra do mestre chorão Jacob do Bandolim e às belas canções de Milton Nascimento e Chico Buarque.

Composições como a doce “Canto da Siriema”, o samba “Alô Arlindo”, a lírica “Nasceu o Amor” ou a inventiva faixa que dá título ao álbum serviram de veículos para improvisos de Hamilton e seu quarteto, alguns bem descontraídos, outros mais nervosos.

Já com a entrada do sanfoneiro Mestrinho, em participação especial, a temperatura da noite chegou ao grau máximo. Na contagiante “Samba Blues”, os cinco brincaram com o parentesco e as afinidades musicais que o samba e o choro têm com o jazz e o blues. Uma “jam” com tempero nordestino que fez a plateia vibrar e pedir mais.



Seamus Blake: saxofonista até cantou em português na sua primeira turnê brasileira

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                          O saxofonista Seamus Blake, com Vinicius Gomes (guitarra) e Bruno Migotto (baixo) 

Em sua primeira turnê pelo Brasil, o saxofonista Seamus Blake se apresentou ontem à noite (14/8), no auditório do Sesc Pinheiros, em São Paulo, depois de tocar no Savassi Festival, em Belo Horizonte (MG). A seu lado também estava o quarteto do guitarrista Vinicius Gomes, que inclui outros talentosos músicos da cena instrumental paulistana: Edu Ribeiro (bateria), Bruno Migotto (contrabaixo) e Gustavo Bugni (piano).

Inglês crescido no Canadá, Blake radicou-se em Nova York, onde conquistou prestígio como integrante da Mingus Band, além de tocar ao lado de craques do jazz, como John Scofield e Dave Douglas. Versátil, mostrou no show de ontem que, além de ser um improvisador enérgico e criativo, também é um compositor inspirado, ao exibir sua balada “Gracia” e o jazzístico samba “Betty in Rio” (cuja harmonia ele assume, sorrindo, ter emprestado de “Along Came Betty”, conhecida composição do saxofonista Benny Golson).

Declarando-se fã da música brasileira, Blake mencionou Tom Jobim e João Gilberto entre seus favoritos. E surpreendeu a plateia do Sesc ao cantar, em português, sua canção “A Beleza que Vem”. Tomara que essa breve turnê do saxofonista e compositor 
 que também vai comandar um workshop nesta sexta-feira (16/8), às 14h, no auditório da EMESP Tom Jobim, em São Paulo  seja a primeira de uma série.



Bourbon Festival Paraty: mais próxima do blues, 11.ª edição manteve a variedade musical

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                                   A cantora Dawn Tyler Watson, um dos destaques do 11.º Bourbon Festival Paraty


Para quem teve, como eu, a oportunidade de acompanhar uma das primeiras edições do Bourbon Festival Paraty, foi fácil perceber o crescimento desse evento, cuja 11ª edição terminou no último domingo (12/5). De volta à bela cidade histórica do litoral fluminense, logo notei que o palco principal, instalado em uma grande tenda na Praça da Matriz, agora é mais amplo. Ao seu lado há uma outra tenda, com um bar e loja de souvenirs, que também pode proteger a plateia, no caso de uma chuva eventual.

“No início, nosso festival era mais jazz. Agora ele está mais blues”, comentou comigo Herbert Lucas,da equipe de produção do clube paulistano Bourbon Street, que programa e produz o evento desde sua primeira edição. Mesmo que as atrações de blues tenham sido em maior número neste ano, o Bourbon Festival Paraty segue com um perfil diversificado: não faltaram shows (todos gratuitos, vale lembrar) de jazz, soul music, r&b, música instrumental, MPB, até rock.


Logo na noite de abertura do festival, na sexta (10/5), a plateia já foi recebida com uma boa surpresa: a inglesa radicada no Canadá, Dawn Tyler Watson, que comandou um contagiante show de rhythm & blues. Em sua primeira passagem pelo Brasil, a cantora e compositora fez muita gente dançar e cantar, especialmente quando relembrou um clássico do gênero, “Let the Good Times Roll”, acompanhada pelo gaitista Marcelo Naves e a banda The Tigermen.

O blues também deu as caras durante o show de Zeca Baleiro (na foto ao lado), que fechou essa noite, aplaudido euforicamente por milhares de fãs. O compositor e guitarrista maranhense não só cantou “Blues do Elevador”, de sua autoria, contando com o apoio da plateia nos vocais, como relembrou alguns clássicos da MPB que flertam com o blues, como “Vapor Barato” (de Jards Macalé e Waly Salomão) e “Pérola Negra” (Luiz Melodia). Zeca ainda recebeu o bluesman e gaitista Sergio Duarte para uma calorosa canja, dividida com Tuco Marcondes, o eclético guitarrista de sua banda.

Já no sábado (11/5), o festival ofereceu sua noite mais longa e eclética. Na abertura, a música do Folia de TReis (na foto abaixo), formado pelo baterista Edu Ribeiro com o acordeonista Toninho Ferragutti e o bandolinista Fábio Peron, logo conquistou a plateia. O trio exibiu composições próprias de seu recente álbum “Folia de TReis” (lançado pelo selo Blaxtream), calcadas em ritmos e gêneros tipicamente brasileiros, como o choro, o frevo e o samba, além de muita improvisação. A vibração da diversificada plateia, que estava ouvindo pela primeira vez esse trio paulistano, sugere que a música instrumental brasileira está longe de ser um gênero musical elitista, como insistem alguns porta-vozes do chamado “mercado”.

Atração seguinte, o guitarrista Gui Cicarelli contagiou a plateia com seu tributo musical ao grande bluesman e guitarrista norte-americano Stevie Ray Vaughan (1954-1990), morto prematuramente em um acidente de helicóptero. Pena que o brasileiro tenha se excedido, tocando por mais de uma hora e meia, tempo demais para uma noite com três atrações. C
ontando com participações da cantora Bruna Guerin e do bluesman e gaitista Sergio Duarte, tocou até clássicos do repertório de Jimi Hendrix.  


Não fossem a alegria e o carisma de Clarence Bekker (um dos fundadores da popular banda Playing for Change), última atração da noite, na certa uma parte da plateia teria ido embora mais cedo. Entre os momentos mais quentes do show desse cantor e violonista radicado na Holanda, naturalmente, não poderia faltar o hit “Stand by Me”, com participação especial da jovem cantora paulista Bebé Salvego.

Com seus 15 anos, a talentosa Bebé já havia chamado atenção, cantando clássicos do jazz e da MPB, nos palcos menores que o festival costuma instalar em ruas do centro histórico da cidade. Esses palcos também exibiram uma programação diversificada — do blues do homem-banda Vasco Faé à black music do trio Madmen’s Clan.

Já no segundo maior palco do festival, instalado no largo da Igreja de Santa Rita, brilhou na tarde de sábado o Mani Padme Trio, um dos grupos mais criativos da cena jazzística paulista. Além de tocarem composições próprias que fazem parte do novo álbum do trio, o cubano Yaniel Matos (piano), Ricardo Mosca (bateria) e Sidiel Vieira (contrabaixo) recriaram com personalidade “Cais”, clássico do repertório de Milton Nascimento.

Uma pena, mas fui obrigado a abrir mão pelo menos três shows que gostaria de ter acompanhado na programação de domingo (12/5): o trio com Celso Pixinga, Faíska e Carlos Bala, veteranos craques do jazz brasileiro; o quinteto do guitarrista e cantor americano Mark Lambert com a cantora Amanda Maria; e o trio de jazz do grande pianista Kenny Barron com Nilson Matta (contrabaixo) e Rafael Barata (bateria), cujo excelente show no Bourbon Street Music Club, três dias antes, cheguei a assistir e a comentar neste blog. Como eu poderia dizer a uma querida velhinha, que não iria comemorar com ela o Dia das Mães?


(Cobertura realizada a convite da produção do Bourbon Festival Paraty)


 

4.º POA Jazz: festival gaúcho se consolida como evento de padrão internacional

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                                                 Gilson Peranzzetta, Zeca Assumpção e João Cortez, no POA Jazz

Em meio à crise econômica que tem devastado a produção cultural brasileira e, na área musical, já provocou o cancelamento de vários eventos similares pelo país, o POA Jazz Festival merece muitos aplausos. Não só pelo fato de ter conseguido realizar sua quarta edição, com atrações musicais de alta qualidade, mas também pelo requinte de sua produção -- da curadoria ao cuidadoso trabalho da equipe técnica, que resultou em um evento de padrão internacional. Isso já estava evidente na primeira noite do festival (9/11), que contou com a impactante apresentação do saxofonista Rudresh Mahanthappa, além dos shows do trio vocal argentino Bourbon Sweethearts e do quarteto gaúcho Marmota Jazz. 

Dois trios comandados por veteranos instrumentistas brasileiros se destacaram no programa de encerramento (domingo, 11/11), em Porto Alegre. O pianista e compositor carioca Gilson Peranzzetta, muito bem acompanhado por Zeca Assumpção (baixo acústico) e João Cortez (bateria), fechou a noite tocando grande parte do repertório jazzístico de seu recente álbum “Tributo a Oscar Peterson” (selo Fina Flor), recheado de composições de Cole Porter e Leonard Bernstein. Também relembrou sua belíssima composição “Obsession” (parceria com Dori Caymmi). E provocou sorrisos ao colorir o standard “It’s All Right With Me” (Porter) com ritmo de baião.

Quem esperaria que o cultuado gaitista e compositor carioca Maurício Einhorn (hoje com 86 anos) pudesse fazer uma apresentação tão divertida? Tanto que o guitarrista Nelson Faria, seu parceiro, chegou a sugerir, rindo, que se tratava de um show de “stand-up”. Além de contar causos engraçados, Einhorn (na foto acima) também destilou seu humor fazendo inusitadas citações durante os solos -- como ao introduzir trechos do “Hino Nacional Brasileiro” e do “Bolero” (de Ravel) no improviso da clássica bossa “Samba de Uma Nota Só” (Tom Jobim e Newton Mendonça). Contando com o suíngue de Faria e do baixista Guto Wirtti, Einhorn também homenageou o gaitista Toots Thielemans, seu ídolo, ao tocar a conhecida valsa-jazz “Bluesette”, de autoria do músico belga. 


A noite de domingo começou com o saboroso show do quinteto gaúcho Instrumental Picumã, formado por Paulinho Goulart (acordeon), Texo Cabral (flauta), Matheus Alves (violão), Miguel Tejera (baixo) e Bruno Coelho (percussão). Composições próprias como “Vanerão Chorado”, “Chacareta” e “Milonguera” já revelam nos próprios títulos o projeto do grupo: fundir ritmos regionais com as linguagens do jazz e da música instrumental brasileira.

Os improvisos do jazz e a diversidade rítmica da música instrumental brasileira também conviveram na noite de sábado (10/11). À frente de um quinteto de formação incomum, com Guilherme Ribeiro (acordeom), Daniel D’Alcântara (trompete e flugelhorn), Bruno Migotto (baixo elétrico) e Fernando Corrêa (guitarra), o baterista e compositor Edu Ribeiro (na foto ao lado), catarinense radicado em São Paulo, deliciou a plateia com o repertório de seu álbum “Na Calada do Dia” (de 2017). Calcadas em ritmos e gêneros musicais brasileiros, como o choro, o maracatu, o frevo e o baião, suas composições exploram sonoridades não usuais, como a opção de dobrar as melodias com o acordeom e o trompete. O prazer de tocar que esse quinteto demonstra no palco é contagiante. 

Antes se apresentou o afiado quinteto do trompetista argentino Mariano Loiácono (na foto ao lado), com Sebastian Loiácono (sax tenor), Ernesto Jodos (piano), Jerônimo Carmona (baixo acústico) e Eloy Michelini (bateria). Vestidos à caráter, como se estivessem tocando em um clube de jazz no final dos anos 1950, os irmãos Loiácono recriam com perfeição a estética sonora do hard bop. Entre os highlights do show desse quinteto, duas sensíveis baladas: “Soul Eyes” (de Mal Waldron) e “You Don’t Know What Love Is” (Gene de Paul e Don Raye). Destaque também para as criativas intervenções de Jodos, ao piano.

A programação do sábado foi aberta pelo quarteto do jovem pianista paulista Vitor Arantes. Ao vencer o Concurso Novos Talentos do Jazz, que é organizado pelos festivais POA Jazz, Sampa Jazz (SP) e Savassi Festival (MG), ele ganhou a oportunidade de se apresentar nesses eventos. Ao lado de Matheus Mota (guitarra), Jackson Lourenço (baixo acústico) e Jonatan Goes (bateria), Vitor exibiu temas autorais, com assumidas influências de expoentes do world jazz atual (como Avishai Cohen ou Shai Maestro), mas também demonstrou personalidade em releituras de “My Favorite Things” (Rodgers e Hammerstein) e “Bebê” (Hermeto Pascoal).

Tomara que as já prenunciadas dificuldades para o setor cultural, no próximo ano, não venham a comprometer a trajetória ascendente do POA Jazz Festival. A cena musical brasileira precisa de eventos com esse padrão de qualidade. 

(Cobertura realizada a convite da produção do festival)

4.º POA Jazz: festival gaúcho traz uma prévia de suas atrações musicais a São Paulo

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                                                       O trio argentino Bourbon Sweethearts / Foto de divulgação 

Os paulistas poderão ouvir antes dos gaúchos duas atrações internacionais do próximo POA Jazz Festival. Um dos melhores do gênero no país, esse evento vai oferecer nove shows em sua quarta edição (de 9 a 11 de novembro, no Centro de Eventos do BarraShoppingSul, em Porto Alegre), além de masterclasses, oficinas musicais e lançamento de livros.

A primeira edição do POA Jazz em São Paulo (no dia 7/11, às 21h, no Bourbon Street Music Club) destaca a apresentação de Rudresh Mahanthappa (na foto abaixo), brilhante saxofonista e compositor de origem indiana radicado nos Estados Unidos, além do jovem trio argentino Bourbon Sweethearts, formado por instrumentistas e vocalistas.

Quem teve a oportunidade de ouvir Mahanthappa ainda como integrante do quarteto do pianista Vijay Iyer – em 2008, no extinto festival Bridgestone Music, em São Paulo – certamente ficou impressionado por seu estilo contemporâneo, calcado em improvisos viscerais. Os críticos da revista norte-americana “Down Beat” o elegeram melhor sax alto do ano, nos períodos 2009-2013 e 2015-2018. 

 
Já as garotas do trio Bourbon Sweethearts fazem música de época. Com uma formação instrumental incomum, Mel Muñiz (violão tenor e ukelele), Agustina Ferro (trombone) e Cecilia Bosso (baixo acústico) recriam o jazz tradicional e o swing das primeiras décadas do século 20, em arranjos inspirados em clássicos conjuntos vocais como as Andrew Sisters e os Mills Brothers.

Entre as outras sete atrações que vão se apresentar em Porto Alegre destacam-se também o quinteto do trompetista argentino Mariano Loiácono e conceituados instrumentistas brasileiros, como o pianista e compositor Gilson Peranzzetta, o baterista Edu Ribeiro e o trio formado pelo gaitista Maurício Einhorn com o violonista Nelson Faria e o baixista Guto Wirtti.

O elenco musical do 4º POA Jazz inclui dois destaques da cena musical gaúcha: o quarteto Marmota Jazz e o quinteto Instrumental Picumã. E ainda o quarteto do pianista paulista Vitor Arantes, vencedor do concurso Novos Talentos do Jazz 2017, cujos integrantes tocam também na Orquestra Jovem Tom Jobim.

Neste ano, o festival homenageia o jornalista e escritor Zuza Homem de Melo, que vai autografar seus livros. Já os músicos Edu Ribeiro, Nelson Faria e Gilson Peranzzetta vão ministrar masterclasses de bateria, improvisação e arranjos, respectivamente.

A curadoria do festival é assinada pelo músico e produtor Carlos Badia, com assessoria do produtor Carlos Branco e do músico Rafael Rhoden. Mais informações no site do evento: www.poajazz.com.br/





 

Trio Corrente e Hamilton de Holanda: encontro musical radiante numa noite triste

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                                             Paulo Paulelli, Fábio Torres, Edu Ribeiro e Hamilton de Holanda

Num dia tão triste para o Brasil (marcado pelo anúncio da iminente prisão do ex-presidente Lula), o show de quatro dos mais talentosos instrumentistas brasileiros serviu de bálsamo para quem estava na plateia do Sesc Vila Mariana, ontem, em São Paulo. Não bastasse a sofisticada musicalidade de Fabio Torres (piano), Edu Ribeiro (bateria) e Paulo Paulelli (contrabaixo), integrantes do Trio Corrente, a noite contou ainda com a participação especial de outro craque da música instrumental: o bandolinista Hamilton de Holanda.

“Esta é uma noite para se tocar muito”, disse Hamilton, sintetizando em poucas palavras a tristeza que muitos ali presentes certamente estavam sentindo. O repertório do show, com destaque para três composições de Tom Jobim, soou especialmente escolhido para a ocasião. Afinal, poucos compositores brasileiros compreenderam tão bem as contradições e belezas deste país quanto esse mestre da bossa nova.

Uma bela versão da melancólica “Retrato em Branco e Preto” e criativas releituras de “Chovendo na Roseira” e “Passarim” deixaram um recado no ar, sem a necessidade de recorrer a palavras. Não faltou também um toque de bom humor, presente na versão do samba “Maracangalha” (de Dorival Caymmi). O que seria de nós sem a música?



Blaxtream: selo de música instrumental chega com conceito inovador e 4 álbuns

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                                   O produtor Thiago Monteiro (3º da esq. para dir.) com músicos do selo Blaxtream 
 
O produtor, pianista e engenheiro de som Thiago Monteiro já contribuiu para o sucesso de gravações de conceituados artistas da música brasileira, como Chico César, Ivan Lins, Arismar do Espírito Santo, Léa Freire e Trio Curupira, entre outros. Nesta sexta-feira (30/6), no clube JazznosFundos, em São Paulo, ele lança um projeto inovador ao qual tem se dedicado intensamente: o selo Blaxtream, focado no jazz e na música instrumental brasileira.

“Há dois anos tenho investido todo o meu tempo e energia no antigo sonho de criar um selo com um formato diferente: além de oferecer livre acesso a todo o conteúdo do selo, também apostamos em um intercâmbio de musicalidades”, conta Monteiro, destacando o fato de ter conseguido o apoio de patrocinadores que viabilizaram o projeto sem recorrer a leis de incentivo.

O lançamento oficial dos quatro primeiros álbuns do selo Blaxtream vai reunir, em uma única noite, 18 jovens craques da música instrumental brasileira. A festa começa com o show do quinteto do guitarrista e violonista Vinícius Gomes, que inclui Edu Ribeiro (bateria), Bruno Migotto (contrabaixo), Gustavo Bugni (piano) e Rodrigo Ursaia (sax e flauta). Eles tocam faixas de “Resiliência”, álbum com composições do líder.

A atração seguinte será o quarteto do baterista Paulo Almeida, que destaca os sopros de Jota P (também integrante do grupo de Hermeto Pascoal), o piano de Salomão Soares e o contrabaixo de Bruno Migotto. No repertório, composições do álbum “Parceria”, o terceiro lançado por Almeida.

O quinteto do guitarrista, violonista e compositor Fabio Gouvea, outra atração da noite, vai tocar material do inédito “Método do Acaso”, seu quarto álbum. Cléber Almeida (bateria), Felipe Brisola (baixo), Beto Corrêa (piano) e Dô de Carvalho (sax e flauta) completam o grupo.

Finalmente, o quarteto Ludere –- formado por Philippe Baden Powell (piano), Rubinho Antunes (trompete), Bruno Barbosa (contrabaixo) e Daniel de Paula (bateria) -– interpreta faixas do álbum “Retratos”, o segundo do grupo.

Durante a noite de lançamento, no clube JazznosFundos, será exibido um vídeo, resultado do projeto de intercâmbio musical que também vai gerar um álbum. “Nesse vídeo, músicos de diferentes lugares do mundo tocam um mesmo tema. Quinzenalmente, lançaremos um novo vídeo. O mote será revelado no dia do lançamento”, avisa Thiago Monteiro, que criou o selo em parceria com
Thalita Magalhães, a produtora executiva.

Um detalhe que pode interessar bastante a estudantes de música ou mesmo a ouvintes mais jovens que não têm o hábito de comprar discos: os álbuns e todo o material didático (videoaulas e partituras) produzido pelo selo Blaxtream serão disponibilizados, gratuitamente, para download.

Ao comentar o caráter coletivo do projeto do selo, que busca levar a música instrumental da nova geração a um público mais amplo, o guitarrista Vinicius Gomes se diverte: “Tem que ser todo mundo louco: tanto eu, como outros músicos que topam fazer isso, e o Thiago, que é o mais louco de todos”.

Tive a oportunidade de ouvir algumas faixas dos quatro primeiros discos do selo e posso dizer que o material é de primeira linha. Se há mesmo algo de louco (ou de não comercial, aparentemente) no projeto, fico na torcida para que venham outras "loucuras" como essa. A cena cultural brasileira só tem a ganhar com música de alto quilate.


Mais informações no site do clube JazznosFundos. No sábado (1º/7), outro show de lançamento do selo será realizado na fábrica da Cervejaria Colorado, em Ribeirão Preto (SP).

Ilhabela in Jazz: festival se consagra com aposta na música instrumental brasileira

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                                            O pianista Cesar Camargo Mariano, no festival Ilhabela in Jazz

Num ano marcado por tantas dificuldades econômicas, em que alguns dos principais festivais brasileiros de jazz, blues ou música instrumental sofreram cortes, adiamentos ou até foram cancelados, o Ilhabela in Jazz realizou uma edição que chega a ser surpreendente. O saldo artístico de suas quatro noites de shows (12 a 15/10) não poderia ser mais positivo.

Gratuito, o evento conta com uma estrutura rara comparada às de outros festivais do gênero no país. Assim como o palco instalado à beira-mar, no centro histórico da cidade de Ilhabela (SP), a área destinada à plateia é totalmente coberta, incluindo mesas, cadeiras e serviço de bar. Graças a essa estrutura os shows não foram prejudicados pelas chuvas eventuais –- bem fortes, aliás, na segunda noite do evento.

Ironicamente, enquanto outros festivais brasileiros perderam os patrocínios de grandes empresas neste ano, a quarta edição do festival de Ilhabela foi bancada somente pela prefeitura local. Essa cidade litorânea paulista goza de uma situação financeira bem diferente da enfrentada pelas cidades da bacia de Campos (RJ). Graças aos royalties recebidos pela exploração de gás natural, além do pré-sal, a arrecadação do município tem crescido de maneira expressiva nos últimos anos.  


É claro que um orçamento graúdo não garante por si só a qualidade artística e o sucesso de um festival. Para isso foi fundamental também a visão musical do curador, o pianista e professor Paulo Braga, que soube encontrar o necessário equilíbrio entre os gêneros que podem ser incluídos, sem grandes choques estéticos, no amplo rótulo do jazz.

Some-se a isso a decisão de não fazer concessões para atrair mais público, com a inclusão no elenco de artistas que nada teriam a ver com a essência de um festival de jazz. O recente episódio da desastrosa participação da cantora Paula Fernandes, no concerto do tenor italiano Andrea Bocelli, em São Paulo, é um exemplo perfeito de como o oportunismo comercial pode prejudicar um evento artístico.

A curadoria de um festival de jazz também precisa contar com uma boa dose de ousadia para assumir, por exemplo, o risco de incluir uma atração mais sofisticada, ou mesmo inusitada, que desafie a sensibilidade da plateia. Foi o que Braga fez ao programar a apresentação da cantora Mônica Salmaso com o quinteto Sujeito a Guincho (na foto acima). Um concerto de voz e cinco clarinetes, com arranjos camerísticos de clássicos da música popular brasileira (de Noel Rosa, Hermeto Pascoal, Wilson Batista e Ataulfo Alves, entre outros) ou até do “Hino Nacional Brasileiro”, seria um programa mais adequado para um teatro, mas a atenção da plateia e seus aplausos entusiasmados mostraram que vale a pena correr riscos, especialmente  quando se trata de música de alta qualidade, interpretada com emoção.

A apresentação da talentosa dupla Vanessa Moreno e Fi Maróstica, ainda pouco conhecida fora do circuito alternativo, também agradou à plateia de Ilhabela. Manter a atenção de tantos ouvintes por mais de uma hora, com muitos improvisos de voz e contrabaixo, foi uma proeza. Claro que o repertório do show –- extraído do recém lançado álbum da dupla, com releituras de canções de Gilberto Gil –- ajudou bastante.

Ainda na categoria revelação, a apresentação do trio do pianista Robson Nogueira, que abriu o evento, não poderia ser mais feliz. Suas composições calcadas em ritmos brasileiros, além da versão em samba do clássico “Tune Up” (de Miles Davis), provaram que esse músico “prata da casa” merecia estar no elenco do festival mesmo que não tivesse vivido nessa cidade.

Discorrer agora sobre os artistas mais conhecidos e experientes do elenco seria, de certo modo, chover no molhado. Qualquer ouvinte que acompanha a cena musical de hoje sabe que o pianista César Camargo Mariano, o guitarrista Stanley Jordan, o trombonista Raul de Souza ou a Nelson Ayres Big Band, todos muito aplaudidos em suas apresentações, podem brilhar em qualquer festival de jazz no mundo.
 

Desse grupo também fazem parte, naturalmente, o bandolinista Hamilton de Holanda e o baixista camaronês Richard Bona (na foto ao lado), que protagonizaram um episódio inesperado. O baile de gafieira de Hamilton, programado para encerrar o festival, não chegou a contagiar muitos dançarinos: grande parte da plateia preferiu acompanhar sentada os saborosos improvisos do bandolinista e dos craques de sua banda. Curiosamente, na noite anterior, o carismático Bona e sua banda Mandekan Cubano logo incendiaram a plateia com seus ritmos afro-cubanos, transformando o show em uma festa dançante.

Importante destacar ainda, no elenco musical do Ilhabela in Jazz, a alta qualidade das apresentações de outros três grupos instrumentais de São Paulo – todos eles bastante aplaudidos. A beleza das composições e dos arranjos do quinteto Vento em Madeira (com participação especial de Mônica Salmaso, nos vocais), os improvisos contagiantes do “power trio” comandado pelo violinista Ricardo Herz e o criativo mergulho do quinteto do baterista Edu Ribeiro na diversidade rítmica brasileira (com ênfase em ritmos do sul do país) também figuraram entre os momentos mais saborosos do festival.

Bem organizado, com evidente aprovação da plateia durante as quatro noites de shows, o festival paulista se consolida como um dos melhores do pais. E deixa uma lição: contando com apenas duas atrações estrangeiras entre as 12 de seu elenco musical, o Ilhabela in Jazz demonstrou ser possível fazer um evento de sucesso apostando, antes de tudo, na riqueza da música instrumental brasileira, que vive nesta década uma grande fase.

A cobertura do 4º Ilhabela in Jazz foi realizada a convite da produção do festival.


Mike Moreno: guitarrista norte americano retorna ao clube JazzB, em São Paulo

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São Paulo recebe mais uma vez, na próxima semana –- dias 16 e 17/5, no clube JazzB –- um brilhante guitarrista de jazz. Aos 37 anos, Mike Moreno vem desenvolvendo uma sólida carreira musical. Texano radicado em Nova York, já tocou e gravou com destacados instrumentistas do gênero: de Joshua Redman a Wynton Marsalis; de Robert Glasper a Terence Blanchard.

Tive a oportunidade de assistir a uma bela apresentação de Moreno, um ano atrás, no Savassi Festival, em Belo Horizonte. Fã declarado da música brasileira, ele exibiu criativas releituras jazzísticas das canções “Outubro” (de Milton Nascimento) e “Manuel, o Audaz” (Toninho Horta).

Naquele show, ao lado de Moreno estavam os talentosos Frederido Heliodoro (baixo acústico) e Felipe Continentino (bateria), que também vão acompanha-lo desta vez, em São Paulo. No grupo estará ainda o pianista inglês John Escreet, outro jovem destaque da atual cena nova-iorquina de jazz.

Aliás, no mesmo JazzB, quase um ano atrás, Moreno se apresentou com quatro craques da música instrumental de São Paulo: o guitarrista Chico Pinheiro, o pianista Tiago Costa, o baterista Edu Ribeiro e o contrabaixista Bruno Migotto. Ficou curioso? Então confira os vídeos abaixo.

Mais informações sobre os shows de Moreno, no site do JazzB.

 

 

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