"AfroBossaNova": Paulo Moura e Armandinho inserem ritmos afros em clássicos de Jobim

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A inusitada introdução de “Chovendo na Roseira”, faixa de abertura do CD que o clarinetista Paulo Moura e o bandolinista Armandinho gravaram ao vivo, em 2008, já antecipa as intenções desses mestres da música instrumental. Aqui não há lugar para versões convencionais. Nem o fato de as 11 composições gravadas em “AfroBossaNova” (lançamento Biscoito Fino) serem de Tom Jobim (1927-1994) impede a dupla de tratar esse material com muita liberdade, nos arranjos e improvisações.

A clássica “Águas de Março” é atravessada por um frenético batuque africano, que se transforma em maracatu, forró e carnaval baiano. A romântica “Luiza” ressurge em um inventivo solo a capela (sem acompanhamento) de Moura. O samba “O Morro Não tem Vez” abre espaço para a vibrante percussão de Giba Conceição, Gabi Guedes e Nei Sacramento. Sem falar nas citações insólitas que Moura e Armandinho fazem em vários momentos, durante seus solos. Homenagens musicais não precisam ser reverentes.

(resenha publicada no "Guia da Folha Livros, Discos & Filmes", em 28/08/2009) 


 

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