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Violas e violeiros: dois festivais gratuitos para deleitar os fãs da música caipira

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                               O trio Viola Perfumosa, com Lui Coimbra, Ceumar e Paulo Freire (esq. para dir.)  

Dois festivais quase simultâneos – em transmissões online e gratuitas – vão permitir que os apreciadores da chamada música caipira possam se deliciar com modas de viola, serestas, cantilenas e apresentações de alguns dos maiores expoentes da viola caipira, durante três semanas.

Hoje (5/4), às 21h, estreia o Festival Violas de Bem Querer - Música Caipira de Câmara, que oferece sete concertos. Quem abre a programação é a dupla Lívia Nestrovski (voz) e Fred Ferreira (guitarra), com um recital de serenatas. Amanhã (6/4), no mesmo horário, o violeiro Neymar Dias e o acordeonista Toninho Ferragutti tocam clássicos do gênero, no concerto “Festa Na Roça”.

A série continua com as apresentações do Trio Conversa Ribeira (7/4), do sexteto do acordeonista Thadeu Romano (8/4) e do trio do cantor e pianista Breno Ruiz (9/4). No dia 10/4, o trio Viola Perfumosa – formado por Ceumar (voz e violão), Lui Coimbra (voz e violoncelo) e Paulo Freire (viola caipira) – homenageia a cantora Inezita Barroso. Finalmente, no dia 11/4, às 16h, o mesmo Paulo Freire conta causos para o público infantil, no show “Medo Pequeno”.

Já no dia 9/4 (sexta), às 20h, começa o Violeiros do Brasil, festival gratuito e online, que vai reunir 14 violeiros em sete apresentações. Em todas as noites desse evento, um violeiro de destaque fará seu show, terminando a apresentação em duo com outro violeiro. A direção musical desse projeto é de Myriam Taubkin.

Na noite de estreia, Tavinho Moura terá como convidado Fabrício Conde. Dia 10/4, Passoca recebe Neymar Dias. Já em 11/4, Pereira da Viola fará um duo com Ricardo Vignini. Além dos repertórios musicais dos violeiros, as apresentações também incluem causos sobre as canções e as trajetórias pessoais desses músicos.

Na segunda semana do evento, Adelmo Arcoverde recebe Laís de Assis (em 17/4) e Paulo Freire vai tocar em duo com João Paulo Amaral (18/4). Finalmente, Ivan Vilela terá Bruno Sanches como convidado (24/4) e o mestre Roberto Corrêa vai receber Cacai Nunes (25/4).

“Violeiros do Brasil é um olhar sobre o instrumento. Cada artista convidado possui uma característica importante no cenário da viola brasileira”, explica Myriam Taubkin. “De Nordeste a Sudeste do Brasil, nas regiões onde o instrumento faz parte do cotidiano, os tocadores mostram a diversidade, a força, as tradições e a modernidade da viola dentro da nossa música”.

FESTIVAL VIOLAS DE BEM QUERER: sempre às 21h (exceto em 11/4, às 16h), no canal Rubra Rosa Cultural do YouTube: https://www.youtube.com/channel/UCXow7nLC5exQyjIFLSKxZ8g

VIOLEIROS DO BRASIL FESTIVAL ONLINE: sempre às 20h, neste link:
https://www.youtube.com/taubkinmy


Arte como Respiro: festival do Itaú Cultural exibe diversidade musical do país

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                                                                                    O trio instrumental sergipano Taco de Golfe  

O Itaú Cultural lançou editais de emergência durante as primeiras semanas da quarentena estabelecida para enfrentar a pandemia do Covid-19. O objetivo era movimentar o setor da economia criativa, dando apoio a artistas de diversas áreas, que ficaram sem alternativa de trabalho durante o período de distanciamento social. 

Hoje (23/9) começa mais uma fase do Festival Arte como Respiro - Edição Música, que exibe até domingo (27/9) pocket-shows pré-gravados de artistas contemplados em um dos editais. A programação desta semana inclui 15 atrações de diversos gêneros musicais, da MPB ao jazz instrumental, com três apresentações diárias que começam às 20h.

Destaque na programação desta noite, o cantor, pianista e compositor paulista Breno Ruiz tem sido festejado como uma brilhante revelação na área da canção brasileira. Vai exibir três composições de sua autoria, em parcerias com os letristas Cristina Saraiva e ninguém menos que Paulo Cesar Pinheiro.

Outra atração de hoje é o Taco de Golfe, jovem trio sergipano formado por Gabriel Galvão (guitarra), Filipe Williams (baixo elétrico) e Alexandre Damasceno (bateria). Eles mostram um trabalho autoral, que mistura influências do jazz e do rock. Mais maduro, o contrabaixista baiano Nino Bezerra combina ritmos nordestinos com influências da bossa nova e do jazz, em seu som instrumental.

A programação musical do Festival Arte como Respiro inclui também: o Macaxeira Jazz, quinteto instrumental de Natal (RN), que toca na quinta (24/9); as canções do trio carioca Pietá, que destaca a voz de Juliana Linhares (sexta, 25/9); o cantor e violonista Luiz Tatit, expoente da chamada vanguarda paulista (sábado, 26/9); e o talentoso violeiro e compositor paulista Neymar Dias, no domingo (27/9).

Acesso aos shows no site do Itaú Cultural, em www.itaucultural.org.br, onde você também encontra detalhes sobre a programação de outros editais desse projeto.

 

Funarte Musical: programação especial comemora 40 anos da Sala Guiomar Novaes

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                                                 A banda paulistana Isca de Polícia abre série de shows na Funarte SP

Quem acompanhou a cena musical de São Paulo durante os anos 1980 e 1990 sabe que a Sala Guiomar Novaes desempenhou um importante papel de apoio às novas tendências musicais. Foi nesse palco do complexo cultural da Funarte que artistas da geração conhecida como “vanguarda paulista” – Arrigo Barnabé, Itamar Assumpção e os grupos Rumo, Premê e Língua de Trapo, entre outros – consolidaram suas carreiras musicais.

Comemorando 40 anos de atividades em 2017, a Funarte paulista vai exibir durante este semestre uma série especial de shows de música popular e concertos de música erudita, sempre aos sábados. Entre as atrações programadas estarão artistas que fazem parte da história da Sala Guiomar Novaes e destaques de gerações mais recentes.

A série Funarte Musical 2017 começa no dia 26/8, com o show da Isca de Polícia. A banda paulistana que acompanhava o compositor Itamar Assumpção (1949-2003) acaba de retornar aos palcos para lançar “Isca - Volume 1”, primeiro disco sem a presença de seu inspirador. O projeto inclui no repertório canções de Tom Zé, Zeca Baleiro e Arnaldo Antunes.

O mês de setembro trará uma programação bem eclética. Ex-integrante da banda de Arrigo Barnabé, o trombonista e compositor Bocato exibe fusões de jazz e música brasileira com seu grupo (em 2/9). Na semana seguinte (9/9), o quinteto de clarinetes Sujeito a Guincho mostra que não acredita em fronteiras musicais, misturando choros, sambas e peças da tradição clássica.

A cantora Ná Ozzetti e o compositor e violonista Luiz Tatit relembram divertidas pérolas do repertório do grupo Rumo (em 16/9), além de mostrar canções de fases mais recentes de suas carreiras. No sábado seguinte (23/9), o acordeonista Toninho Ferragutti, que acaba de ser eleito melhor instrumentista do ano pelo Prêmio da Música Brasileira, toca clássicos da música caipira, em duo com o violeiro Neymar Dias.

A programação de setembro termina com o show da banda Quartabê (30/9). Revelação recente da música instrumental brasileira, esse quinteto já gravou dois discos com releituras da obra do maestro e compositor pernambucano Moacir Santos (1926-2006). 



Os shows na Sala Guiomar Novaes incluem também, até dezembro, outros destaques do cenário musical paulistano, como a cantora Fabiana Cozza (28/10), o multi-instrumentista Arismar do Espírito Santo (4/11), a dupla Os Mulheres Negras (18/11; à esquerda, André Abujamra e Maurício Pereira, em foto de Gal Oppido) e a cantora Anelis Assumpção (2/12), além de um espetáculo especial para o público infantil com o grupo Manuí (7/10).

Os apreciadores da música clássica não foram esquecidos na programação do Funarte Musical, que inclui concertos do oboísta Alexandre Ficarelli com o violoncelista Raiff Dantas Barreto (14/10), da pianista Luciana Sayuri (21/10), do trio do pianista Gilberto Tinetti com o clarinetista Luis Montanha e o violoncelista Robert Suetholz (11/11). E ainda um concerto de percussão comandado pelo maestro Ricardo Bologna (25/11).

Feita em parceria com a equipe da Funarte SP, a curadoria da série Funarte Musical 2017 leva as assinaturas do
músico e professor Robert Suetholz e deste jornalista musical, que desde os anos 1980 frequentou bastante a plateia da Sala Guiomar Novaes.

Onde: Sala Guiomar Novaes, na Funarte (Al. Nothmann, 1058, tel. 3662-5177, Campos Elíseos, São Paulo)
Ingressos: R$ 20,00 e R$ 10,00 











Marco Pereira: violonista apresenta obra do mestre Dilermando Reis às novas gerações

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                                                                               O violonista e arranjador Marco Pereira  

No ano em que se comemora o centenário de nascimento de Dilermando Reis (1916-1977), esse expoente do violão brasileiro recebe uma homenagem capaz de despertar um novo interesse por sua obra. Com a técnica primorosa e a eclética bagagem musical que o credenciam como um dos maiores violonistas brasileiros, Marco Pereira interpreta composições desse mestre do violão, em arranjos com sabor mais atual, no álbum “Dois Destinos” – lançamento com o selo de qualidade da gravadora Borandá.

“Pensei em manter a brejeirice, a simplicidade da música do Dilermando, mas imaginando como ele trataria esse repertório se tivesse hoje uns 30 ou 40 anos de idade”, explica o violonista e arranjador paulista, que admite ter uma relação afetiva com a obra desse mestre das cordas. “Quando comecei a tocar violão, as primeiras músicas que eu aprendi a solar eram choros e valsas do Dilermando. Cheguei a ter um repertório grande de composições dele”, relembra.

Só o fato de ter sido um dos raros instrumentistas que se apresentavam com frequência em programas de TV, durante os anos 1950, já demonstra a popularidade de Dilermando Reis – músico que desenvolveu uma carreira de sucesso a partir da década de 1940, gravando discos e tocando em emissoras de rádio. Muita gente ainda pensa que a valsa “Abismo de Rosas” (de Américo “Canhoto” Jacomino) ou o maxixe “Sons de Carrilhões” (de João Pernambuco) –- hoje clássicos da música instrumental brasileira, que Dilermando transformou em grandes sucessos naquela época –- seriam de sua autoria.

“Ele era um músico espontâneo, com muita naturalidade para tratar a matéria musical, que ia ao encontro do gosto popular da época com seus choros e valsas”, analisa Pereira, que chama atenção para um aspecto técnico ao tentar explicar porque o interesse das plateias pelo violão de Dilermando teria diminuído a partir da década de 1960 –- justamente quando esse instrumento passou a ocupar um lugar de grande destaque na cena musical brasileira.

“Com o advento da bossa nova, veio também a moda do violão com cordas de nylon. Quem tocava violão com cordas de aço, como o Dilermando, passou a ser visto como ultrapassado”, observa Pereira, dizendo-se surpreso por não saber da existência de outros tributos musicais vinculados ao centenário de Dilermando. “O último violonista que eu me lembro de ter feito uma homenagem a ele foi o Raphael Rabello. E isso se deu há mais de 20 anos”.    


Violonista comenta suas releituras 
 
Para gravar o álbum “Dois Destinos”, Marco Pereira convidou alguns craques da música instrumental brasileira: parceiros e amigos com os quais já toca há bastante tempo, como o acordeonista Toninho Ferragutti, o flautista Toninho Carrasqueira, os baixistas Neymar Dias e Guto Wirtti, o baterista Sergio Reze e o percussionista Amoy Ribas, além dos clarinetistas Luca Raele e Diogo Maia.

“Decidi escrever arranjos para evidenciar o aspecto mais camerístico que existe na obra do Dilermando”, explica o violonista, que trabalhou nesse projeto com diversas formações instrumentais: de um inusitado duo de violão e clarone (na valsa “Dois Destinos”) a um septeto (no choro “Caxinguelê”). Só mesmo as valsas “Se Ela Perguntar” e “Flor de Aguapé” aparecem em formato de violão solo.

A releitura de “Se Ela Perguntar”, primeira faixa do álbum, já demonstra o cuidado de Pereira ao tratar as composições de Dilermando [retratado na foto abaixo]. Nesse arranjo, além de alterar a tonalidade original (mi menor) para ré menor, utilizou um truque na afinação do violão que amplia a sonoridade do instrumento.   


“Assim as notas e os acordes se prolongam mais”, explica o violonista, que também fez pequenas mudanças na harmonia para ressaltar o tom melancólico dessa valsa. “Existe uma certa simplicidade na música do Dilermando, que favorece releituras. Isso dá a você muitas opções. Se fizer com critério, sem invencionices, vai ficar bom”.   

O batuque “Xodó da Bahiana” ganhou uma versão bem-humorada. O fato de Dilermando ter praticamente decalcado o maxixe “Corta-Jaca”, de Chiquinha Gonzaga, incentivou Pereira a brincar com outras melodias nessa releitura. “Dilermando gostava de fazer empréstimos de outros compositores”, comenta o violonista, que bem ao estilo dos jazzistas se diverte citando em seus improvisos trechos de “Night in Tunisia” (clássico do trompetista norte-americano Dizzy Gillespie) e “Segure o Tchan” (sucesso do grupo baiano Gera Samba). 

 A brincadeira já começa na introdução”, aponta o violonista, ressaltando que utilizou nessa gravação a percussiva técnica do slap (ou “slapping”, que consiste em golpear as cordas do instrumento com a lateral do dedo polegar), mais comum entre instrumentistas que tocam baixo elétrico.

Falando em maxixe, o choro “Gente Boa” aparece em arranjo para trio (com violão, baixolão e percussão), num ritmo bem amaxixado. “Tive que me basear na partitura porque eu não conhecia uma gravação do Dilermando. Acho que essa música ficou quase minimalista, bem gostosa assim”, avalia Pereira, que nas releituras de outros choros, como “Caxinguelê”, “Tempo de Criança” ou “Feitico”, acabou se aproximando do ritmo do samba.

Um dos choros mais populares de Dilermando, “Magoado” ressurge em moderno arranjo de Pereira, com um tratamento rítmico e passagens improvisadas que remetem à linguagem do jazz. “Nos arranjos, sempre procurei manter a exposição dos temas, sem afetações, mas não teria sentido hoje em dia tocar um chorinho como ele foi pensado originalmente”, justifica.

Outro exemplo marcante de como Pereira soube atualizar as composições de Dilermando sem desvirtua-las está no saboroso arranjo de “Dr. Sabe-Tudo”. “Esse é um choro que já foi muito tocado. Tive a ideia de passar por cinco tonalidades diferentes, o que dá a graça desse arranjo. Como achei que ficaria interessante com acordeão, pensei logo em chamar meu parceiro Toninho Ferragutti, um verdadeiro virtuose desse instrumento”, relembra o violonista.

“Defendo há muito tempo a tese de que temos uma grande escola de violão no Brasil. Até hoje você tem violonistas da nova geração fazendo coisas incríveis por aí”, comenta Pereira. “É importante que a gente ressalte o valor de figuras musicais como o Dilermando ou o Garoto, que fizeram parte dessa história”.

Mais que uma homenagem a um mestre do violão já não tão lembrado hoje, o álbum “Dois Destinos” demonstra que, além do grande instrumentista que conhecemos, Marco Pereira é um músico completo. Graças às suas elegantes releituras, novas gerações de ouvintes vão poder descobrir mais facilmente os encantos da obra de Dilermando Reis.


(Texto escrito a convite da gravadora Borandá, por ocasião do lançamento do álbum "Dois Destinos")




André Mehmari: pianista reencontra seu virtuoso trio em "As Estações na Cantareira"

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A facilidade que demonstra ao transitar por vários gêneros – da música clássica ao jazz, passando pela canção e pela música instrumental brasileira – permite ao compositor e multi-instrumentista André Mehmari produzir, simultaneamente, projetos com repertórios e formações bem diferentes. Raros músicos podem se dar ao luxo de, como ele, lançar pelo menos dois discos por ano. Aliás, ele mesmo os grava e edita, em sua casa-estúdio.

No álbum “As Estações na Cantareira” (lançamento Estúdio Monteverdi), Mehmari retoma a formação com a qual já realizou alguns de seus discos mais cultuados: o virtuoso trio com Neymar Dias (contrabaixo e viola caipira) e Sérgio Reze (bateria). Com quatro movimentos, a suíte que intitula o disco é o item mais clássico do eclético repertório, que destaca outras belezas instrumentais (“Lagoa da Conceição”, “Um Retrato”, “Frevo Forte-Piano”), uma homenagem emotiva (“Dominguinhos Encontra Gonzaga”) e a irreverente releitura do maxixe “Ouro Sobre Azul”, de Ernesto Nazareth. 


(Resenha publicada no "Guia Folha - Livros, Discos, Filmes", edição de 25.7.2015)

 

 

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