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Amazonas Green Jazz: concerto de Randy Brecker foi o clímax do festival de Manaus

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                         O trompetista Randy Brecker e o saxofonista Rodrigo Ursaia, com a Amazonas Band 


Pelas ruas do centro de Manaus já se viam poucas máscaras nos rostos das pessoas que circulavam pela cidade, nos últimos dias de julho de 2022. No entanto, outras marcas do longo e difícil período que enfrentamos durante a pandemia ainda estavam presentes no palco e nos bastidores do Amazonas Green Jazz Festival, evento que ofereceu durante nove dias (de 22 a 30/7) dezenas de concertos, palestras e workshops musicais.

Nos corredores e na plateia do centenário Teatro Amazonas, assim como nas dependências do Juma Ópera (hotel que hospedou os músicos e convidados desse festival), sensações se misturavam: a insegurança quanto a poder voltar a abraçar amigos e conhecidos; a incerteza em relação ao uso da máscara numa fase em que a pandemia já parece menos preocupante (viva a vacina!); a animação por poder desfrutar depois de tanto tempo o prazer de ouvir música ao vivo, em um dos mais belos teatros do mundo.

Após os dois anos de distanciamento social imposto pela pandemia, as pessoas estavam ali reativando as memórias de quando podiam participar livremente de um dos rituais mais prazerosos para quem gosta de música, em especial de jazz e música instrumental. Nada melhor do que um festival para conhecer novos músicos do gênero, presenciar “jams” e “canjas” em bares da cidade, rever amigos e colegas, conhecer e degustar a culinária local.

Menções aos efeitos da pandemia foram ouvidas durante vários shows, no Teatro Amazonas. No sábado (30/7), o talentoso pianista e compositor norte-americano Aaron Parks agradeceu aos produtores do festival pela insistência em trazê-lo a Manaus neste ano, lembrando que deveria ter tocado na edição de 2020, mas ela foi cancelada dias antes da estreia. Ao abrir o concerto com sua composição “Rising Mind” (Mente em Ascensão), Parks parecia fazer alusão às lições que aprendeu durante os meses de distanciamento social.


                                                                        A cantora Leila Pinheiro

Última atração do festival, a cantora Leila Pinheiro foi mais explícita. Depois de interpretar alguns clássicos da bossa nova, muito bem acompanhada pela Amazonas Band, ela sentou-se a um teclado. Antes de cantar, comentou que, graças às dezenas de “lives” que realizou durante o período mais duro da pandemia, conseguiu manter seu equilíbrio mental. Então, visivelmente emocionada, interpretou “Trem-Bala”, de Ana Vilela. “Segura teu filho no colo / Sorria e abraça os teus pais enquanto estão aqui / Que a vida é trem-bala, parceiro / E a gente é só passageiro prestes a partir”, diz a letra dessa pungente canção. Na plateia, outras pessoas também se emocionaram.

Já o trompetista Daniel D’Alcântara escolheu um contagiante tema jazzístico para abrir a apresentação de seu quinteto, na sexta (29/7). Quem acompanha a carreira desse conceituado músico e educador paulista sabe que “Canção Para Tempos Melhores” (composição instrumental do pianista Gustavo Bugni, que já integrou esse quinteto) emprestou seu título a um álbum que D’Alcântara lançou em 2015. Se, naquela época, o tom otimista desse tema já o fazia soar como um lenitivo musical, hoje ele ressoa mais poderoso e necessário ainda. Para isso também conta o talento dos craques que completam esse quinteto: Vitor Alcântara (sax tenor), Edson Sant’anna (piano elétrico), Cuca Teixeira (bateria) e Bruno Migotto (baixo acústico).

Aliás, a música instrumental brasileira esteve muito bem representada nesta edição. O pianista Gilson Peranzzetta e o saxofonista Mauro Senise, que se apresentam em duo há três décadas, tocaram delicadas releituras de temas cinematográficos e de clássicos da canção brasileira. Já o quarteto do guitarrista Bruno Mangueira exibiu um repertório saboroso e pouco usual, que reuniu composições de Sivuca (“Um Tom pra Jobim”), Severino Araújo (“Espinha de Bacalhau”) e Lupicínio Rodrigues (“Felicidade”), além de composições próprias.

Parceria muito feliz do baixista Paulo Paulelli com o baterista Edu Ribeiro e o pianista Fabio Torres, o Trio Corrente deliciou a plateia com seu samba-jazz descontraído e tiradas bem-humoradas. Não menos aplaudido, o trio do grande pianista Amilton Godoy (com o mesmo Ribeiro à bateria e Sidiel Vieira no baixo) também provocou sorrisos ao transformar em sambas algumas melodias clássicas de compositores eruditos. 


                                                                                               O baterista Jeff "Tain" Watts

Além do lirismo e das belas melodias do já citado Aaron Parks, três outros jazzistas norte-americanos exibiram trabalhos bem diversos durante os últimos dias desse festival. Um dos bateristas mais criativos das últimas décadas, o energético Jeff “Tain” Watts abriu seu show com uma saborosa releitura de “Brilliant Corners” (do genial Thelonious Monk). E surpreendeu seus admiradores ao trazer em seu grupo o suíço Grégoire Maret – craque da gaita, que soaria bem melhor com o grupo de Parks .

Conceituado trombonista, John Fedchock demonstrou ao lado de seu sexteto (com destaque para o trompete de Scott Wendholt e o sax tenor de Troy Roberts) porque também é reconhecido como um excelente arranjador. Sua releitura da clássica balada “Nature Boy” (de Eden Ahbez) foi um dos grandes momentos de sua apresentação.

No entanto, para aqueles como eu, que já acompanhavam a cena do jazz nos anos 1970 e 1980, o grande destaque desta edição do festival foi mesmo o encontro do trompetista Randy Brecker com a Amazonas Band, regida pelo maestro Rui Carvalho, incluindo participações dos saxofonistas Rodrigo Ursaia e Felipe Salles. Os sorrisos do norte-americano ao ouvir os arranjos de “Some Skunk Funk” e outras de suas intrincadas composições, que se confundem com a era da chamada jazz-fusion, sinalizaram sua aprovação. Sem dúvida, essa big band amazonense já atingiu um padrão de qualidade internacional.

Tive o privilégio de cobrir para a “Folha de S. Paulo” a primeira edição do Festival Amazonas Jazz, em 2006, no mesmo Teatro Amazonas. Depois também fui a Manaus para acompanhar as edições de 2007 e 2011. Portanto, ao reencontrar agora esse evento rebatizado como Amazonas Green Jazz Festival, me sinto seguro para afirmar que a essência desse evento continua a mesma. Até porque o maestro Rui Carvalho, que idealizou e produz esse festival desde a primeira edição, continua a comandá-lo.


                                            Rui Carvalho rege a Amazonas Band, no concerto de Randy Brecker

É natural que as afinidades musicais de um produtor ou de um diretor artístico acabem por se refletir no perfil do festival que organizam. Além de sua paixão pelas big bands, Carvalho já era educador havia 14 anos quando trocou São Paulo por Manaus, em 2001, para reger a Amazonas Band. Não à toa, o Festival Amazonas Jazz já adotava desde suas primeiras edições um viés educacional calcado em workshops, oficinas e palestras, além da programação de concertos,

Diferentemente de festivais mais ecléticos, que se abrem para outros gêneros musicais como o pop ou a black music, o Amazonas Green Jazz mantém um perfil mais focado no jazz e na música instrumental brasileira. Ao montar o elenco de cada edição, Carvalho reúne músicos consagrados e novos talentos desse gênero, mas também prioriza alguns solistas, tanto internacionais como brasileiros, que possam dividir seu conhecimento técnico com os estudantes de música e instrumentistas locais.

Foi o caso, neste ano, de conceituados músicos como o pianista porto-riquenho Edsel Gomez, os trompetistas Ed Sarath, Daniel Barry e Daniel D’Alcântara, o trombonista John Fedchock, os saxofonistas Rodrigo Ursaia, Felipe Salles e Marcelo Coelho, o guitarrista Bruno Mangueira ou os bateristas Celso de Almeida e Maurício Zottarelli, que ministraram masterclasses e workshops sobre seus instrumentos ou vertentes musicais que cultivam, além de participarem da programação de concertos e shows, no Teatro Amazonas.

Tomara que o Amazonas Green Jazz Festival volte a ser realizado com regularidade, nos próximos anos. E que sua excelente edição de 2022 seja um sinal de que a cena dos festivais de jazz e música instrumental tornará a crescer em nosso país. 



Amazonas Green Jazz: festival de Manaus volta rebatizado ao seu palco

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                  O centenário Teatro Amazonas, palco do Amazonas Green Jazz Festival / Foto: Divulgação

Após um hiato de dois anos provocado pela pandemia, o Festival Amazonas Jazz – um dos mais conceituados eventos do gênero em nosso país – retorna ao palco do centenário Teatro Amazonas, em Manaus, de 22 a 30 deste mês de julho. Rebatizado de Amazonas Green Jazz Festival, o evento entra em nova fase, mas mantém sua essência e a direção artística do maestro Rui Carvalho, que o coordena desde sua primeira edição, em 2006.

Segundo Carvalho, o Amazonas Green Jazz tem dois eixos fundamentais. “Além dos concertos realizados no Teatro Amazonas, que buscam a formação de uma plateia para esse gênero musical em Manaus, o festival também contribui para a sedimentação do conhecimento através de uma enorme e variada gama de workshops e palestras totalmente gratuitos e abertos a todos”, explica o maestro.

Os pianistas Aaron Parks, Edsel Gomez e Amilton Godoy, os trompetistas Randy Brecker, Keyon Harrold e Ed Sarath, o trombonista John Fedchock, o baterista Jeff “Tain” Watts, a cantora Leila Pinheiro, o Trio Corrente e o duo Gilson Peranzzetta e Mauro Senise se destacam no elenco desta edição. A programação também inclui três concertos da Amazonas Band, big band regida pelo maestro Rui Carvalho, com diferentes repertórios.

Num total de 24 eventos didáticos, os workshops e palestras oferecidos gratuitamente pelo festival são dirigidos a músicos profissionais, entusiastas e estudantes de música, dança e outras áreas culturais. Na abertura dessa extensa programação, dia 22/7, o pianista e compositor Edsel Gomez ministra workshop sobre o Latin Jazz.

No dia seguinte, Mauricio Zottareli, baterista brasileiro radicado em Nova York, comanda um workshop sobre bateria e lança seu livro “AM Jazz Drumming”. O saxofonista e pesquisador Marcelo Coelho vai conduzir dois eventos: o workshop Rap e Jazz (em 23/7) e a palestra “Economia Criativa e Mercado Musical” (25/7). Já em 28/7, vou ministrar a palestra "A Explosão dos Festivais de Jazz", esboço do livro homônimo que estou escrevendo para a Sesc Edições.

Venda de ingressos para os concertos do festival e a programação completa de workshops e palestras você encontra no site oficial do festival:
www.amazonasgreenjazzfestival.com.br

 




 

Rui Carvalho: diretor do Festival Amazonas Jazz trocou Europa pelo Brasil

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                                       Rui Carvalho rege a Amazonas Band / Foto de Bruno Zanardo / Divulgação 

Quando desembarcou em São Paulo, em 1978, o jovem músico português Rui Carvalho não imaginava que viveria neste país por mais de quatro décadas. Muito menos que se tornaria regente e arranjador da Amazonas Band, a conceituada big band de Manaus (AM), onde também dirige o Festival Amazonas Jazz, um dos principais eventos desse gênero no Brasil.

“A vida é como ela é, não o que a gente imagina”, reflete hoje o maestro, aos 65 anos. Nascido em Lisboa, ele se interessou pelos improvisos do jazz ainda na adolescência. Ficava acordado até a meia-noite para poder ouvir o programa diário “Cinco Minutos de Jazz”, que o radialista José Duarte, pioneiro divulgador dessa vertente musical em Portugal, produz e apresenta desde 1966.

Carvalho também se lembra de como ficou impressionado ao ver e ouvir Miles Davis, na TV portuguesa, no início dos anos 1970. O trompetista americano provocou os fãs e críticos mais conservadores, na época, por ter eletrificado seu jazz. "Miles chamou minha atenção não apenas pela música, mas também pelo layout de seu grupo. Tinha muito a ver com a minha geração, com o rock 'n' blues, com a soul music, com a contracultura do final dos anos 1960".

Antes de se radicar no Brasil, Carvalho também morou na Suécia – solução que encontrou para fugir do serviço militar obrigatório, na época em que Portugal travava uma guerra contra suas antigas colônias na África. “A Suécia era um dos poucos países na Europa que concediam asilo por razões humanitárias”, explica. Se ficasse em Portugal, teria duas opções: ser soldado em uma guerra absurda ou ir para a prisão.

Na pequena cidade sueca de Lund, ele dividia o aluguel com músicos de uma banda de rock. “Era tudo o que eu queria: morava com um bando de americanos desertores da Guerra do Vietnã e tinha aulas de bateria com um deles. A bateria já ficava montada na sala da casa”, relembra, rindo. Além de iniciar seus estudos musicais, também aproveitou os seis anos na Suécia para se formar em Antropologia.

A vontade de voltar a falar português, no dia a dia, pesou na decisão de deixar a Europa. "O Brasil sempre exerceu um certo fascínio sobre mim. Eu já tinha interesse pela música brasileira, mas depois de ouvir 'Dança das Cabeças', o disco de Egberto Gismonti e Naná Vasconcelos, minha vontade de conhecer mais a música e a cultura brasileira aumentou”.

Já vivendo em São Paulo, no início dos anos 1980, Carvalho assumiu a bateria da Salada Mista, orquestra da Fundação das Artes de São Caetano do Sul. Ali se tornou discípulo de Antonio Duran, maestro e arranjador argentino bastante respeitado nos círculos musicais, que o incentivou a se aprofundar em regência e arranjos para big bands. “Aprendi muito com ele”, reconhece.

Disciplinado e persistente, Carvalho lecionou bateria, percussão sinfônica e prática de big band durante 14 anos, no Conservatório de Tatuí (SP). Nessa fase também regeu e escreveu arranjos para a big band Prata da Casa, trabalho que repercutiu nos meios da música instrumental brasileira. Deixou São Paulo em 2001, ao aceitar o desafio de assumir a regência da Amazonas Band.

“A princípio eu deveria ter ficado 18 meses em Manaus, mas lá vão mais de 18 anos”, comenta o maestro, consciente do legado musical que tem construído à frente da big band. Além de fazer concertos regulares, já lançou dois discos com a Amazonas Band, em parcerias com craques da música instrumental: num deles, o saxofonista Vinícius Dorin; no outro, o pianista Gilson Peranzzetta e o flautista Mauro Senise. Também já dividiu palcos com grandes músicos do jazz, como David Liebman, Bob Mintzer, Cláudio Roditi e Jeremy Pelt.

"Uma big band sustentada pelo Estado, que faz sucesso, é coisa rara”, comenta o maestro. “A Amazonas Band resultou muito bem porque não tem apenas um viés de palco – ela também tem um viés educacional. Todos os músicos da banda são muito ativos e contribuíram bastante para desenvolver a educação, no campo da música popular, aqui em Manaus".

Carvalho não esconde sua animação pela retomada do Festival Amazonas Jazz, evento que criou e comandou desde a edição de estreia, em 2006. Suspenso há cinco anos, esse festival vai realizar sua 10ª edição, em Manaus [Obs: evento adiado por causa da pandemia de coronavírus; novas datas serão anunciadas]. A programação segue o formato de anos anteriores, que combina concertos noturnos com uma extensa série de workshops, oficinas e palestras.

Os trompetistas Randy Brecker e Keyon Harrold, os pianistas Aaron Parks e Edsel Gomez, o baterista Jeff “Tain” Watts, o trombonista John Fedchock e o saxofonista Frode Gjerstad são destaques entre os concertos agendados para o imponente Teatro Amazonas. Também de primeira linha, o elenco brasileiro inclui o Trio Corrente, o Amilton Godoy Trio, Marcelo Coelho & McLav.in, o Daniel D’Alcântara Quinteto, Leila Pinheiro e Amazonas Band, entre outros.

“Eu não imaginava que viveria por tanto tempo em Manaus. Também nunca imaginei que fosse dirigir big bands, mas acabei me apaixonando por elas. Parece quase um sonho”, comenta o maestro, que vai reger a Amazonas Band nas noites de abertura e de encerramento do festival. 


(Texto publicado no caderno Eu & Fim de Semana do jornal "Valor Econômico", em 13/3/2020)

Festival Amazonas Jazz: evento retorna com novidades após hiato de cinco anos

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                                  Randy Brecker, atração do 10.º Festival Amazonas Jazz / Foto de divulgação

Um dos grandes festivais de jazz e música instrumental em nosso país volta à ativa após um hiato de cinco anos. A 10ª edição do Festival Amazonas Jazz vai oferecer durante nove dias de programação (de 21 a 29/3), na cidade de Manaus, 16 concertos com renomados músicos do gênero. O evento inclui também uma extensa série de atividades educativas, todas gratuitas, num total de 33 workshops, oficinas e palestras.

Entre expoentes dessa vertente musical que vão se apresentar no imponente Teatro Amazonas destacam-se os trompetistas Randy Brecker, Keyon Harrold e Ed Sarath, o baterista Jeff “Tain” Watts, os pianistas Aaron Parks e Edsel Gomez, o saxofonista Frode Gjerstad e o trombonista e arranjador John Fedchock. Os ingressos para os concertos e shows variam entre R$ 20 e R$ 80.

O elenco nacional também é de alto quilate. O duo do pianista Gilson Peranzzetta com o flautista Mauro Senise, o Trio Corrente, o saxofonista Marcelo Coelho e seu grupo McLav.in, o trio do pianista Amilton Godoy com o gaitista Gabriel Grossi e o quarteto do trompetista Daniel D’Alcântara garantem música instrumental brasileira da melhor qualidade. Bem representadas pela cantora Leila Pinheiro, a bossa nova e a MPB também têm um merecido espaço na série de concertos e shows.

Idealizador e diretor artístico do festival desde a primeira edição, o maestro Rui Carvalho estará mais uma vez à frente da Amazonas Band 
 conceituada big band de Manaus, que vai se apresentar nas noites de abertura e de encerramento do evento. Ele conta que o conceito do festival começou a ser desenvolvido um ano antes de sua estreia (em 2006), com a realização de um projeto intitulado Amazonas Band Convida.

“A ideia era trazer a Manaus músicos de alto calibre, que fomentassem o jazz junto à plateia local, oferecendo espetáculos de alto nível”, relembra Carvalho. “Além disso, esses músicos também deveriam realizar workshops que contribuíssem para aumentar o nível dos estudantes e músicos daqui. Logo percebemos que seria interessante ampliar o escopo dessas atividades”.

Assim surgiu um festival de jazz e música instrumental brasileira, que desde a primeira edição investiu bastante na formação de uma plateia para esse gênero musical, assim como no aprimoramento técnico dos instrumentistas da região 
 uma característica essencial, que o diferencia da maioria dos festivais de jazz brasileiros.

“Além das palestras, workshops e masterclasses no campo específico da música, logo no primeiro festival já tivemos um curso sobre áudio, ministrado pelo engenheiro de gravação Clement Zular, que surgiu em decorrência da necessidade de aprimorar o nível dos nossos técnicos de som”, comenta Carvalho, ressaltando também a iniciativa de o festival focalizar em diversas palestras as relações e afinidades do jazz com outras áreas da cultura, como o cinema, o teatro, a dança ou a pintura.

Uma novidade na edição deste ano é a transformação da Casa das Artes (localizada ao lado do Teatro Amazonas, no centro de Manaus), em Casa do Jazz. Esse espaço já funciona diariamente, das 9h às 21h, com uma programação gratuita de filmes que dialogam com o jazz, além da exibição de episódios da série documental “Jazz”, de Ken Burns, que registra e discute a evolução desse gênero musical.


Inédita também na programação do festival é a realização do Concurso Jovem Instrumentista. Os vencedores, eleitos por um júri especializado, vão se apresentar no Teatro Amazonas, dia 24, antes do show do saxofonista norueguês Frode Gjerstad.

Outras informações no site do Festival Amazonas Jazz



Mastercard Jazz: festival estreia com ótimas atrações, mesmo com chuva

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                                              O guitarrista Lourenço Rebetez, que abriu o festival Mastercard Jazz


Excelente a noite de estreia do festival Mastercard Jazz, ontem, no Parque Ibirapuera, em São Paulo. O guitarrista e compositor paulista Lourenço Rebetez não poderia ter iniciado melhor o evento, à frente de uma orquestra de craques da música instrumental brasileira e a participação luxuosa da cantora Xênia França. 

A plateia também vibrou com o jazz contemporâneo do pianista americano Aaron Parks (na foto abaixo), cujas composições se abrem para o rock, com destaque para os solos do guitarrista Greg Tuohey e do saxofonista Dayna Stephens.


O rapper, tecladista e saxofonista Terrace Martin surpreendeu, exibindo menos hip hop e mais soul music do que se esperaria, em seu set. Não à toa, trouxe como convidada a talentosa cantora Alex Isley, sobrinha dos fundadores da hoje clássica banda de soul music Isley Brothers.  


Pena que a súbita mudança do tempo, com muito vento e chuva (algo já habitual para os paulistanos), tenha levado parte da plateia a ir mais cedo para casa, antes mesmo do show do trompetista Christian Scott. 

O Mastercard Jazz termina hoje, também com entrada franca, às 17h30, na área externa do Auditório Ibirapuera. O programa inclui a banda paulista Bixiga 70, o quarteto britânico Dinosaur, a saxofonista americana Lakecia Benjamin com a banda Soul Squad e ainda o guitarrista americano Robert Randolph e sua The Family Band. Bem-vindo, Mastercard Jazz!


Mastercard Jazz: festival gratuito e ao ar livre traz jazzistas jovens a São Paulo

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                                 O trompetista Christian Scott, atração na noite de estreia do Mastercard Jazz  

Ao ver o programa da primeira edição do Mastercard Jazz, festival que pretende apresentar a um público jovem novos talentos da cena jazzística, um desavisado dificilmente imaginará que a seleção desses artistas foi feita por curadores que trabalham juntos há décadas. O novo evento oferece oito shows gratuitos, neste sábado (31/8) e domingo (dia 1/9), na área externa do Auditório Ibirapuera, em São Paulo.

Entre as realizações dessa veterana equipe de curadores estão alguns dos principais festivais do gênero em nosso país: Free Jazz (1985-2001), Tim Festival (2003-2008), BMW Jazz (2011-2014) e BrasilJazzFest (2015-2016).

“O Mastercard Jazz é um festival pequeno e voltado para uma faixa etária específica, mas nós o consideramos uma continuação do velho Free Jazz. Os festivais trocam de patrocinadores e mudam de nome, mas nós somos os mesmos”, afirma o instrumentista e produtor musical Zé Nogueira, que participou em 1985 da criação do hoje lendário Free Jazz Festival, ao lado do produtor musical Paulinho Albuquerque e das empresárias (e irmãs) Monique e Sylvia Gardenberg, da Dueto Produções.

Logo se uniu a esse time o jornalista e radialista Zuza Homem de Mello, que trazia a experiência de ter atuado como programador (o termo curador não era usado ainda) das duas edições do pioneiro Festival Internacional de Jazz de São Paulo, em 1978 e 1980. “Foi um evento que deixou todo mundo de queixo caído”, relembra Zuza. Realizado em parceria com o influente festival suíço Montreux Jazz, esse evento reuniu dezenas de músicos do primeiro time do jazz internacional, além de astros do blues, do reggae, até do tango – algo inédito até então no país.

“Muitos jovens acabaram se tornando músicos por causa daqueles festivais de São Paulo”, orgulha-se Zuza. Vale lembrar que as duas edições do evento repercutiram por todo o país graças à transmissão ao vivo dos shows pela TV Cultura e emissoras afiliadas – o diretor de TV Antonio Carlos “Pipoca” Rebesco foi premiado pela alta qualidade das imagens. “Hoje, nenhuma emissora se atreveria a transmitir durante quatro ou cinco horas um espetáculo musical como aquele”, compara Zuza (na foto abaixo, entre os curadores Pedro Albuquerque e Zé Nogueira). 

Sucessor do pioneiro festival paulista, o Free Jazz não deixou por menos. Ao longo de 16 edições, esse evento formou plateias para um gênero musical ainda considerado elitista. Durante sua existência só houve um hiato em 1990, em função das devastadoras medidas econômicas do governo Collor. “Conseguimos fazer um festival que trouxe um elenco espetacular do jazz mundial. Muita gente aprendeu a escutar essa música indo ao Free Jazz. Ele se compara aos grandes festivais do mundo”, considera Nogueira. 
                                                               
Segundo Zuza, ao escolher os artistas do elenco de um festival é necessário ter equilíbrio. “Você precisa balancear as atrações de tal forma que o festival não fique voltado apenas para algum tipo de manifestação peculiar. É preciso pensar sempre que o festival é feito para um público. Você pode até escolher algo que não gostaria de ouvir em sua casa. O importante é que funcione no evento”, observa o curador.

“É inevitável que o gosto pessoal de cada curador pese nas indicações, mas a gente tenta se preocupar mais com o que está acontecendo na cena musical”, diz o produtor musical Pedro Albuquerque, que ingressou nessa equipe em 2007 (durante a preparação da penúltima edição do Tim Festival), meses depois da morte de Paulinho, seu pai. “Quando entrei nessa história, o Zé, o Zuza e meu pai tinham uma dinâmica própria. Talvez eu tenha contribuído, humildemente, no sentido de se buscar músicos mais jovens”.

Essa foi a intenção do trio de curadores ao escolher o elenco da primeira edição do Mastercard Jazz, que oferece oito shows gratuitos, neste sábado e domingo (31/8 e 1.º/9), na área externa do Auditório Ibirapuera, em São Paulo. “Decidimos apostar em nomes mais novos, que nos parecem combinar com o interesse da juventude de hoje”, resume Zuza. Segundo ele, as dificuldades econômicas que o país atravessa levaram a produção do evento a descartar grandes nomes do gênero para essa edição, pois isso implicaria em um orçamento bem maior para se contratar apenas um ou dois artistas.

“Para pensar em um festival com um elenco mais novo, que possa atrair uma plateia jovem, fomos pesquisar o que está acontecendo nessa esfera, no mundo do jazz. É um barato ver essa garotada fazer uma espécie de retorno à África ou essa coisa de juntar jazz com hip hop”, diz Nogueira, observando que a opção por um festival ao ar livre impõe restrições na hora de definir o elenco. “Certos tipos de música não funcionam ao ar livre. Para um festival com esse formato, a música tem que ter mais pegada”.  

Zuza concorda com essa opção. “Quando se trata de um festival ao ar livre, o artista precisa se preparar para fazer um show diferente do que faria em um ambiente fechado”, diz. “Ele tem que conquistar um público que pode estar comendo pipoca, pode estar conversando, pode estar namorando. Para atrair a concentração desse público, você não pode colocar no palco um artista que faça uma apresentação muito intimista”. 

Foi com essa preocupação em mente que a equipe de curadoria escolheu as três atrações brasileiras do novo festival. Além de destacar a qualidade dos vocais e a beleza de Xênia França, Zuza elogia o trabalho do guitarrista e compositor paulista Lourenço Rebetez, que vai dividir o palco com essa cantora baiana radicada em São Paulo. Já a banda Bixiga 70 é a mais experiente entre as atrações nacionais. “É impressionante como esses garotos conseguiram penetrar no mercado internacional, de uma forma mais bem-sucedida até do que no Brasil”, surpreende-se Zuza.

Pedro Albuquerque chama atenção para o jovem quarteto Dinosaur, com destaque na cena jazzística britânica e que tem como líder a talentosa trompetista e compositora Laura Jurd. “O som do Dinosaur me lembra um pouco da fase elétrica do Miles Davis”, comenta o curador. Outra instrumentista no elenco é a nova-iorquina Lakecia Benjamin, saxofonista que virá acompanhada pela banda Soul Squad. “Lakecia não é uma virtuose do sax, mas tem uma pegada jovem, bem funky”, analisa Pedro.

Também inédito em palcos brasileiros é o show do saxofonista, tecladista e produtor californiano Terrrace Martin (na foto acima), que tem no currículo parcerias com figurões do hip hop e do R&B. Para Zé Nogueira, o fato de Martin ter tocado ultimamente com Herbie Hancock, um dos grandes astros do jazz contemporâneo, é algo natural. “Terrace e outros caras de sua geração dão continuidade ao que Hancock já fez no passado”, afirma.

Outra novidade para a plateia paulistana será o guitarrista, compositor e cantor americano Robert Randolph. Ele vem acompanhado pela Family Band e deve chamar a atenção da plateia com sua “pedal steel guitar”, tocada sobre uma bancada, em posição horizontal. “Acho que ele pode fazer um tremendo show ao ar livre”, aposta Pedro, referindo-se à dançante mistura de blues, soul, funk e rock praticada por Randolph.

Mais conhecidos entre os paulistanos, o pianista Aaron Parks e o trompetista Christian Scott já se apresentaram em outros festivais, com diferentes projetos. “Gostamos muito da música do Aaron, que embora seja jovem já está na estrada há um bom tempo. Ele esteve aqui no BMW Jazz, em 2013, com o quarteto James Farm. Já o Christian é um trompetista fantástico, que está sempre se reinventando”, considera Pedro.

Depois de trabalharem juntos por tantos anos, além dos grandes shows que presenciaram, os três curadores também guardam na memória saborosas histórias de bastidores. Como os pitis de Little Richard, o veterano cantor e pioneiro do rock & roll, que ficou furioso ao desembarcar em São Paulo para o Free Jazz de 1993, porque não encontrou uma limusine para levá-lo ao hotel.

“Monique ligou logo para mim. Pediu que eu corresse para o hotel Maksoud Plaza e preparasse uma recepção de gala para acalmar o Little Richard. Quando ele chegou, muito irritado ainda, eu me desmanchei em elogios a ele”, conta Zuza, rindo. Não bastasse esse incidente, na hora do show Richard voltou a criar problema: não queria entrar no palco antes de Chuck Berry, outro pioneiro do rock & roll escalado para fechar a mesma noite. “Foi um perereco, mas a Monique conseguiu resolver”, diverte-se o curador.

Zé Nogueira lembra de ter tido a chance de conviver por alguns dias com o trompetista Chet Baker (1929-1988), no primeiro Free Jazz, em 1985. “Até tocamos juntos, em uma canja no clube Jazzmania, aqui no Rio. Ele era uma pessoa de poucas palavras, mas muito doce”, conta o saxofonista. “Foi um sufoco mantê-lo aqui, porque ele era viciado em heroína e usava metadona para substituir a droga. Tive até que chamar um médico amigo meu, que gostava de música e aceitou acompanhá-lo durante os dias do festival”, conta Nogueira. Mas Baker enganou o médico e tomou de uma vez toda a metadona reservada para os dias que passaria no país. “Ele sobreviveu por um triz. Por pouco não morreu durante o Free Jazz”, confirma Zuza.

Já Pedro relembra a tumultuada vinda de Wayne Shorter ao BMW Jazz, em 2011. Por causa da repentina erupção do vulcão chileno Puyehue, que espalhou cinzas até a Argentina, onde o saxofonista havia tocado na noite anterior, todos os voos regulares foram cancelados. Shorter e seu grupo tiveram que viajar de ônibus até Uruguaiana (RS), onde embarcaram para São Paulo em um jatinho fretado pela produção. Chegaram cansados, pouco antes do horário de entrada no palco do Auditório Ibirapuera.

“O show foi fantástico”, comenta Pedro, que encontrou o contrabaixista John Patitucci, no dia seguinte. “Ele me disse que nem conseguiram dormir direito naquela noite. Agradeci por terem se esforçado tanto. Wayne (na época com 78 anos) poderia ter desistido, mas fez questão de fazer aquele show, demonstrando o grande respeito que tem por seu público. Essa história foi muito marcante para mim”.

Programação

Sábado (31/8), a partir das 17h30:
Aaron Parks & Little Big; Lourenço Rebetez & Xênia França, Terrace Martin e Christian Scott

Domingo (1/9), a partir das 17h30:
Bixiga 70, Dinosaur, Lakecia Benjamin & Soul Squad e Robert Randolph & The Family Band

Nublu Jazz 2015: festival retorna a SP com suas misturas musicais

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A quinta edição do Nublu Jazz (com oito atrações musicais, de 26 a 29/3, na Choperia do Sesc Pompeia; de 26 a 28/3, no Sesc São José dos Campos) confirma que a receita desse alternativo festival caiu no gosto da plateia paulista. Idealizado pelo saxofonista sueco (de origem turca) Ilhan Ersahin, fundador do clube nova-iorquino Nublu, esse evento tem promovido inusitados encontros entre músicos de origens e gêneros diversos.

Ao lado de grupo Istanbul Sessions, Ersahin vai tocar na noite mais jazzística desta edição: seu encontro com o trompetista franco-suíço Erik Truffaz promete incursões pelo jazz de vanguarda com influências orientais. Nessa noite também se apresenta o James Farm, quarteto que destaca o saxofonista Joshua Redman (na foto acima) e o pianista Aaron Parks, grandes talentos do jazz norte-americano contemporâneo.

Mais voltado para a black music, o  programa de abertura destaca o encontro do tecladista e cantor norte-americano Brian Jackson com o grupo brasileiro Zulumbi, que inclui o guitarrista Lúcio Maia (da Nação Zumbi) e o MC Rodrigo Brandão. Outra atração dessa noite é o quarteto australiano Hiatus Kaiyote, cujo estilo musical já foi rotulado de “neo-soul”.

O cardápio do 5º Nublu Jazz inclui ainda o hip hop e o jazz do eclético baterista e compositor texano Chris “Daddy” Dave e a música eletrônica do rapper e ator britânico Tricky. Os preços dos ingressos variam entre R$ 15 e R$ 50.

Mais informações no site do SESC SP:
http://www.sescsp.org.br/programacao/27616_NUBLU+JAZZ+FESTIVAL

Joshua Redman: músico retorna ao BMW Jazz Fest no coletivo James Farm

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             Joshua Redman, em show na recente edição do New Orleans Jazz & Heritage Fest, nos EUA

Dois anos atrás, o saxofonista e compositor norte-americano Joshua Redman protagonizou um shows mais aplaudidos da primeira edição do BMW Jazz Festival. Nesta semana, ele voltará a tocar nesse evento (dia 7, em São Paulo; dia 8, no Rio), desta vez como membro do quarteto James Farm.

“Toda experiência musical já é por si só diferente, mas James Farm é, sem dúvida, uma das bandas mais inspiradoras da qual já fiz parte”, disse o jazzista à "Folha de S. Paulo", por telefone dos EUA, destacando o fato de esse quarteto, que também destaca os talentosos Aaron Parks (piano), Matt Penman (baixo) e Eric Harland (bateria), funcionar como um coletivo – sem líder.


Segundo Redman, o caráter desse quarteto já era evidente quando estreou, em 2009. “Cada um dos integrantes dessa banda tem uma visão musical muito pessoal, assim como uma voz bem distinta como compositor, o que é muito importante. Por isso ela já nasceu como um coletivo”, argumenta.


“A música que tocamos com o James Farm é bem diversa da música que costumo tocar com meus outros grupos. Não se trata de dizer que ela seja melhor ou pior. É apenas diferente”, reflete, referindo-se ao fato de a estética musical do quarteto exibir marcantes influências das fusões do jazz com o rock, na década de 1970, ou do rock alternativo mais recente.


Redman aponta como um “estranho paradoxo no universo do jazz” o fato de muitos grupos ainda serem liderados por um determinado músico. “O jazz já nasceu como música de essência cooperativa. Sua natureza é mais democrática e coletiva. Talvez tenha sido o mundo dos negócios que criou a figura do músico líder e seus acompanhantes”. 


“Na história do jazz há grupos notáveis, como o Modern Jazz Quartet ou o Weather Report, que funcionavam como coletivos. Hoje, por exemplo, também há o Bad Plus, grupo que se organiza de modo coletivo há uns 10 anos”, aponta, mencionando o trio com o qual também tem se apresentado, eventualmente.


Já como solista, Redman lançou, em maio, o álbum “Walking Shadows” (selo Nonesuch), ainda inédito no Brasil. No repertório há baladas conhecidas pelos fãs do jazz e do pop, como “Stardust” (de Carmichael e Parish), “Lush Life” (Billy Strayhorn), “Let it Be” (Lennon e McCartney) e “Tears in Heaven” (Eric Clapton).


Para produzir esse álbum, que inclui arranjos de cordas em algumas faixas, Redman convidou o pianista Brad Mehldau, seu parceiro desde a década de 1990, que também vai se apresentar no BMW Jazz Festival.


“Nos últimos três anos, eu e Brad temos tocado bastante em duo. O álbum ‘Walking Shadows’ representa, de certo modo, a finalização desse período. Acho o máximo ter a chance de voltarmos a tocar juntos e não posso imaginar como seria fazer esse álbum sem ele. Brad foi uma voz muito importante no processo de realização desse disco”, reconhece o saxofonista. 


Agora uma péssima notícia para quem quer ouvir Joshua Redman e o James Farm, no BMW Jazz Festival, mas ainda não garantiu seus ingressos: já estão esgotados. 

(texto publicado originalmente na "Folha de S. Paulo", em 1/06/2013)




BMW Jazz 2013: festival vai trazer músicos conceituados, em novos palcos

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                                                                                             O quarteto de jazz James Farm
Jazzistas bem conhecidos entre os apreciadores desse gênero em nosso país, como Brad Mehldau, Joshua Redman, Esperanza Spalding, Joe Lovano, Egberto Gismonti ou Pat Metheny, destacam-se no elenco do próximo BMW Jazz Festival. A terceira edição desse evento também será realizada em São Paulo (de 6 a 9/6) e no Rio de Janeiro (8 a 10/6), mas os locais dos shows mudaram: o HSBC Brasil será a sede paulista; o palco carioca passará a ser o Vivo Rio.

 “A continuidade é fator fundamental para o seu fortalecimento. E a presença certa no calendário cultural do país tem a função não só de propagar o gênero como também de fazer florescer novos talentos brasileiros, que são estimulados pela visita desses astros do jazz mundial", disse a produtora Monique Gardenberg, em coletiva de imprensa realizada ontem, em São Paulo.

O fato de vários músicos do elenco desta edição já terem se apresentado em outros festivais brasileiros, ou até no próprio BMW Jazz, não significa, necessariamente, redundância. O veterano guitarrista Pat Metheny (na foto abaixo), que vai abrir o evento, em São Paulo, virá com seu novo grupo: a Unity Band, com o saxofonista Chris Potter (que tocou aqui, nos últimos anos, com o baixista Dave Holland e com seus grupos Underground e The Overtone Quartet), o baterista Antonio Sanchez e o baixista Ben Williams.

Um dos destaques da primeira edição do próprio BMW Jazz, dois anos atrás, o saxofonista Joshua Redman retorna ao país como integrante de um quarteto de feras: o James Farm (na foto acima), que inclui o talentoso pianista Aaron Parks, o baixista Matt Penman e o baterista Eric Harland.

Depois de se apresentar em vários palcos do país, a jovem contrabaixista, vocalista e compositora Esperanza Spalding já possui uma legião de fãs locais. Provavelmente a maior revelação do jazz na última década, ela volta acompanhada pela pequena orquestra que formou para gravar seu álbum mais recente, “Radio Music Society”, com destaque para o sax alto da charmosa Tia Fuller.

Bem maior é a Orquestra Corações Futuristas, formada por 21 jovens que vão se apresentar ao lado do compositor, arranjador e multiinstrumentista Egberto Gismonti, um dos músicos brasileiros mais cultuados na cena internacional do jazz.

A parceria do saxofonista Joe Lovano com o trompetista Dave Douglas remonta a 2008, quando eles dividiram a liderança do San Francisco Jazz Collective. Depois formaram o quinteto Sound Prints, com o qual tocam composições próprias e do veterano saxofonista Wayne Shorter. 

Já o pianista Brad Mehldau (na foto ao lado) virá com os mesmos parceiros do telepático trio que o acompanhou outras vezes, o baixista Larry Grenadier e o baterista Jeff Ballard, mas quem acompanha a trajetória desses inventivos jazzistas sabe que suas apresentações costumam ser recheadas de surpresas, inclusive no repertório, que vai de releituras de hits da música pop à música brasileira.

O elenco se completa com o baterista e compositor Johnathan Blake, revelação da cena jazzística nova-iorquina, onde já acompanhou veteranos como Kenny Barron, Oliver Lake e Tom Harrell. Blake vai tocar o repertório de seu primeiro álbum, o elogiado “The Eleventh Hour”, lançado em 2012, com seu quinteto, que destaca também o sax alto de Jaleel Shaw.

Mais informações no site do BMW Jazz Festival

 

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