Stacey Kent: cantora volta a demonstrar sua paixão pela música brasileira

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Ela não se cansa de declarar seu amor pela música brasileira. Tanto é que, desde 2008, a cantora norte-americana Stacey Kent já esteve quatro vezes no país. Na última visita, em outubro, ao participar do concerto comemorativo dos 80 anos do monumento ao Cristo Redentor, no Rio, ela falou à "Folha de S. Paulo" sobre o CD “Dreamer in Concert”, que a EMI acaba de lançar no Brasil.

“Sempre que meus fãs iam conversar comigo, após os concertos, me perguntavam quando eu faria um disco gravado ao vivo. Eles queriam levar o show para casa”, diz ela, justificando o conceito desse álbum, depois de gravar mais de uma dezena de discos em estúdios, sempre acompanhada pelo saxofonista Jim Tomlinson, seu marido.

No novo CD, registrado em maio último, no La Cigale, em Paris, Stacey interpreta clássicos da canção norte-americana e do jazz, como “If I Were a Bell” (Frank Loesser), “They Can’t Take That Away From Me” (Ira e George Gershwin) e "It Might As Well Be Spring" (Rogers e Hammerstein), além de recentes composições de Tomlinson com o escritor nipo-britânico Kazuo Ishiguro.

Com sua voz doce e “cool”, ela também passeia com elegância pela moderna canção francesa, em “Ces Petit Riens” (Serge Gainsbourg) e “Jardin D’Hiver” (Biolay e Zeidel). E, naturalmente, reverencia a música brasileira, com três canções de Tom Jobim, “Corcovado”, “Águas de Março” e “Dreamer” (Versão de "Vivo Sonhando"), além do "Samba Saravah" (Pierre Barouh, Vinicius de Moraes e Baden Powell).

“Sei que ainda tenho muita coisa a aprender sobre a cultura do Brasil e isso é um projeto para a vida inteira. Química pessoal é algo raro. Eu me sinto bem demais aqui. É uma sensação muito forte”, diz Stacey, já em português fluente. A admiração pela música brasileira a levou frequentar cursos intensivos de língua portuguesa, nos últimos três verões.

O fato de ser “muito emotiva”, segunda ela, ajuda a explicar sua empatia com os brasileiros. “Vocês não têm medo de falar das coisas tristes ou dolorosas, não têm medo de chorar. Eu também gosto, tanto no estúdio, como no palco, de compartilhar minhas emoções, meu coração, com as pessoas”.

 
A cantora também se mostrou eufórica ao falar de seu encontro com o cantor e compositor carioca Marcos Valle, que conhecera na véspera do concerto em homenagem ao monumento do Cristo Redentor. Juntos, cantaram o clássico “Samba de Verão”, de autoria do brasileiro.

“A química entre nós foi tão incrível que passamos quase a noite inteira falando. Era impossível sair. Quando é que teremos outra oportunidade de cantar e conversar com um músico tão fantástico como Marcos Valle?”, disse Stacey, descrevendo o encontro, que também incluiu Tomlinson, seu parceiro.

(reportagem publicada parcialmente, na "Folha de S. Paulo", em 15/12/2011)



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