Choro: três lançamentos que vão agradar os fãs desse gênero musical

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Gênero musical tipicamente brasileiro, o choro já enfrentou períodos de ostracismo em sua trajetória de um século e meio, mas segue ativo e criativo, contando hoje com uma nova safra de autores. É o que mostra o CD “Panorama do Choro Paulistano Contemporâneo” (lançamento Pôr do Som), com 16 composições inéditas de talentosos chorões de diferentes gerações.

Produzido por Yves Finzetto e Roberta Valente, percussionistas presentes em várias faixas, este álbum expõe em seu repertório a diversidade de estilos e influências que caracteriza o gênero: do gingado samba-choro “Lá Pelas 9” (de João Poleto) ao acelerado “Não Me Siga que Eu Não Sou Novela” (Zé Barbeiro); do seresteiro “Tocando pra Mariza” (Arnaldinho Silva) ao brejeiro “Do Coreto para Roberta” (Nailor Proveta). 


Esse elenco de compositores inclui outros brilhantes expoentes do choro de São Paulo, como os bandolinistas Danilo Brito e Izaías de Almeida, o acordeonista Toninho Ferragutti e o pianista Laércio de Freitas. Pena que eles não foram lembrados em “Nas Rodas do Choro”, documentário de 2009, lançado agora em DVD (pela gravadora Biscoito Fino), que focaliza apenas chorões do Rio de Janeiro e de Recife.  

O fato não desmerece o filme de Milena Sá, que não pretende traçar um panorama do gênero, mas sim mostrar como as rodas de choro têm uma função pedagógica. Por meio de depoimentos e números musicais de conhecidos chorões cariocas, como a cavaquinhista Luciana Rabello, o violonista Mauricio Carrilho ou o bandolinista Joel Nascimento, entre outros, esse documentário revela que as rodas de choro exercitam e divertem os participantes, assim como educam os músicos mais jovens. 

 
Para os apreciadores desse gênero, a compilação “Choro” (lançamento EMI) também é um lançamento precioso. Com pesquisa de Carlos Alberto Sion e texto do arranjador Henrique Cazes, esse CD duplo resgata gravações das décadas de 1950, 60 e 70, com virtuoses chorões, como o cavaquinhista Waldir Azevedo, o bandolinista Luperce Miranda ou o maestro Radamés Gnattali.
 

Faixas como “Bate Papo” (de Gnattali), em arranjo que destaca o saxofonista Zé Bodega, ou “Xeque-Mate” (do maestro Gaya), que traz Joel Nascimento como solista, surpreendem pela atualidade. Cazes não exagera ao dizer que esses arranjos poderiam ter sido escritos na semana passada. 

(resenha publicada no "Guia Folha - Livros, Discos e Filmes", em 30/9/2011)

 

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