Wagner Tiso: samba e jazz com tratamento erudito

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Não espere ouvir pagodes cheios de malandragem, nem longos improvisos jazzísticos em ritmos frenéticos. Ao render tributo às influências que recebeu do samba e do jazz, Wagner Tiso, 63, segue a personalíssima estética que identifica sua obra musical há décadas.

Vestidos com orquestrações que destacam naipes de cordas e sopros, sambas como “Inquietação” (Ary Barroso), “Folhas Secas” (Nelson Cavaquinho) e “Samba de Um Grande Amor” (Chico Buarque) soam mais sofisticados, clássicos. Standards da canção norte-americana e do jazz, como “April in Paris” (Duke e Harburd), “Naima” (John Coltrane) e “Solar” (Miles Davis) recebem um tratamento harmônico e timbrístico que os aproxima da tradição erudita.

O fato de improvisos instrumentais serem pouco freqüentes na linguagem do samba, assim como arranjos para cordas serem incomuns no jazz moderno, não impede Tiso de quebrar essas convenções, sempre com equilíbrio e bom gosto. Samba e jazz com a assinatura pessoal de um dos grandes músicos brasileiros.

(resenha publicada no “Guia da Folha – Livros, Discos & Filmes”, em 24/04/2009)



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