40.º New Orleans Jazz & Heritage Festival: os R&Bs e os rocks atrevidos de Marcia Ball

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No Brasil, suas canções atrevidas e embaladas pelo ritmo do rock’n’roll já teriam rendido a ela o título de roqueira. Mesmo assim, a cantora e pianista Márcia Ball, 60, que se apresenta hoje, no palco principal do 40º New Orleans Jazz & Heritage Festival, prefere chamar sua música de “rhythm’n’blues de Nova Orleans”.

As mais de 5 mil pessoas que lotaram a praça Lafayette, no centro dessa cidade, para ouvi-la e dançar com suas canções e alguns clássicos do rhythm’n’blues local, só confirmaram o carisma dessa intérprete e compositora norte-americana. Ainda inédita no Brasil, Ball e seu piano poderão ser apreciados pelo público paulista, em agosto.

Ela será uma das atrações da sétima edição do Bourbon Street Fest, que já confirmou também em seu elenco a banda Big Sam’s Funky Nation e o trio do organista Joe Krown. Embora viva em Austin, no Texas, desde a década de 70, Ball é uma profunda conhecedora da tradição musical de Nova Orleans e se apresenta regularmente no festival da cidade desde 1978.

Quase quatro anos após a tragédia desencadeada pelo furacão Katrina, ela afirma que a cultura local não corre mais perigo de se descaracterizar. “A vida em Nova Orleans nunca foi fácil, exceto para alguns afortunados. Às vezes as adversidades tornam as pessoas mais fortes. Ao perceber que seu tesouro cultural foi ameaçado, os moradores da cidade estão tentando preservá-lo com mais força ainda”, disse a cantora.

Conhecida por seu repertório recheado de canções de duplo sentido, como “Let Me Play with Your Poodle” (Deixe-me Brincar com o seu Poodle), do bluesman Tampa Red, ou sua composição “Love Maker” (Fazedora de Amor), Ball garante que jamais teve problemas com censura, nem mesmo foi criticada publicamente.

“Isso seria meio absurdo, porque não faço canções obscenas. As pessoas percebem logo o espírito da coisa: só se trata de um pouco de humor e ironia. ‘Poodle’ é uma das canções mais populares em meus shows. As crianças até pensam que ela se refere a um cachorro”, diz ela, rindo.

A platéia do show de anteontem indicou também que a música de Ball atrai diferentes gerações. “Boa parte de meu público envelheceu comigo, mas hoje o rhythm’n’blues, o soul e o funk estão na moda entre a garotada de vinte e poucos anos”, observa a cantora.

(entrevista publicada na “Folha de S. Paulo”, em 1/5/2009; viagem a convite do Bourbon Street Music Club e do festival Bridgestone Music)





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