Hermeto, Arismar e Nenê: trio leva “dinamite com dinâmica” à Virada Cultural paulistana

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Um trio de gigantes da música instrumental brasileira, que poucos tiveram o privilégio de ouvir ao vivo no Brasil, volta a se reunir duas décadas depois. Hermeto Pascoal (piano e teclados), Nenê (bateria) e Arismar do Espírito Santo (baixo elétrico) prometem um histórico concerto na Virada Cultural 2015, à meia-noite deste sábado, no Teatro Municipal de São Paulo.

“Vinte anos depois, o som desse trio pode ser até mais interessante. Hoje estamos mais maduros”, comenta Arismar, em uma entrevista informal a este blog. “Esse trio tem uma pressão diferente. Rola um rock’n’roll com nona”, diverte-se o baixista (na foto abaixo), fazendo referência aos complexos acordes das composições de Hermeto, que o trio tocava nos anos 1990.

Em meio a vários shows da Virada Cultural, que vão reviver repertórios de discos cultuados por fãs da música brasileira – como “São Paulo no Balanço do Choro” (1980), do pianista Laércio de Freitas; “Depois do Fim” (1983), da cantora Jane Duboc e banda Bacamarte; ou “Tamba Tajá” (1976), da cantora Fafá de Belém –, ironicamente, esse trio instrumental não chegou a gravar um disco.  


Formado para uma turnê de 40 shows pela Europa, em 1993, o trio comandado por Hermeto só fez algumas apresentações eventuais pelo país. Por sorte, restou o registro doméstico de uma delas, em Belo Horizonte (MG), em 1995, que pode ser encontrado no YouTube (veja esse vídeo no link abaixo).

Excitado pelo reencontro, Arismar conta que até deixou o piano, o violão e a guitarra um pouco de lado, nas últimas semanas, para voltar a praticar o baixo elétrico. “Também vou levar uma guitarra misteriosa, que parece uma cítara. Se eu sentir que tem espaço, vou usar os dois instrumentos”, promete.

A dois dias do show, Arismar não sabia se Hermeto iria preparar alguma surpresa para o reencontro do trio, mas uma coisa é certa: não haverá ensaio. “Ele só disse pra gente se encontrar uma hora antes da apresentação. Hermeto não gosta de ensaiar, o que é maravilhoso, uma dádiva”.

No repertório, segundo o baixista, devem entrar clássicos da obra do “bruxo” alagoano, como “Bebê” ou “Chorinho Pra Ele”. “Essas músicas são hits. Os moleques de hoje tocam esses temas do Hermeto como se fossem desafios”, comenta, referindo-se ao costume do próprio Hermeto de acelerar ao máximo o andamento dessas composições.  


"Nós tocamos com muita intensidade, inclusive nas baladas. Teve gente que até chegou a chorar, quando tocávamos uma valsa. A gente se entrega mesmo”, observa Arismar.

Como seria de se esperar, no caso de músicos tão criativos, não há qualquer intenção de reviver a música feita pelo trio no passado. “Hoje em dia há outros códigos musicais. O piano do Hermeto está mais lírico, foi para outros lados, tem uma energia única. Dinamite com dinâmica”, define Arismar, com seu habitual humor de músico. “E o Nenê é um monge, que toca uma maravilha de bateria”, conclui.


 

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