BMW Jazz Festival: noite de sábado, em São Paulo, terminou em baile funk

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                                                               Trombone Shorty / Photo by Marcos Hermes-Divulgação

Terminou em baile funk a segunda noite do BMW Jazz Festival, em São Paulo. O saxofonista e cantor Maceo Parker comandou a dança, no Via Funchal, anteontem, ao lado do trombonista Fred Wesley e do saxofonista Pee Wee Ellis, seus velhos parceiros na cultuada banda de James Brown (1933-2006).


Com seu humor debochado, Parker fez piadas, esboçou passos dançantes do ex-patrão e se esforçou para fugir do óbvio. Seu show não é apenas um tributo ao pioneiro do funk, mas só esquentou de verdade a plateia quando lembrou sucessos de Brown, como “Soul Power”, “Make It Funky” ou “Gonna Have a Funky Good Time”.

Não bastasse o desgaste natural do tempo, Parker entrou em cena depois de Trombone Shorty, o furacão da noite. Quem viu e ouviu esse talentoso garotão de Nova Orleans, dois anos atrás, no Bourbon Street Fest, percebeu logo sua evolução, como cantor, instrumentista e “entertainer”.

Mais próximo ainda do rock, Shorty sobe vertiginosamente à condição de ídolo pop, apoiado em hits de sua autoria, como “Do To Me” e “The Craziest Things”, cantados em coro pela plateia. De jazz, no show de sábado, só restou a versão quase roqueira de “On the Sunny e of the Street”, na qual ele homenageia Louis Armstrong (1901-1971), tocando trompete.


                                  The Clayton Brothers / Photo by Marcos Hermes-Divulgação 

Para a maioria do público, que estava ali por causa de Parker e Shorty, a maior surpresa foi o quinteto de jazz The Clayton Brothers. Sem discos lançados no país, o grupo liderado pelos irmãos John (baixo acústico) e Jeff Clayton (sax alto) conquistou a plateia com elegância e muita garra.

Em composições próprias como a vibrante “Cha Cha Charleston” ou a delicada balada “Terrell’s Song”, o quinteto exibiu seu sofisticado senso de dinâmica, assim como John Clayton confirmou seu virtuosismo ao baixo, usando o arco para solar, a bela balada “Emily” (Johnny Mandel). Difícil imaginar uma abertura melhor para aquela noite.



(texto publicado na "Folha de S. Paulo", em 11/6/2012)



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