Natalie Cole: em turnê pelo Brasil, cantora prepara álbum de música latina

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Natalie Cole não vai esquecer tão cedo dos quase dois anos em que foi obrigada a interromper sua carreira musical. Em 2008, a cantora norte-americana soube que havia contraído hepatite C. Complicações em seu quadro clínico a levaram a enfrentar um transplante de rim, no ano seguinte

De volta aos palcos, a herdeira do cultuado cantor e pianista Nat King Cole (1919-1965) inicia em Brasília (dia 12, no Centro de Convenções Ulisses Guimarães) sua primeira turnê pelo país desde a década de 1990, que inclui shows em Belo Horizonte (dia 13, no Palácio das Artes), São Paulo (dia 15, no Via Funchal) e Rio (dia 16, no Vivo Rio).

Falando à Folha, de Miami (EUA), por telefone, Natalie conta que nessa turnê relembra canções de várias fases de sua carreira, incluindo alguns dos sucessos que já lhe renderam nove prêmios Grammy, como “This Will Be (An Everlasting Love)” e “Take a Look”.

“Na última vez em que estive aí no Brasil, meu show era centrado em ‘Unforgettable with Love’, o álbum que dediquei ao repertório de meu pai. Desta vez também vou cantar outras coisas”, ela avisa, referindo-se ao disco lançado em 1991, que a manteve por cinco semanas no topo da parada norte-americana. O sucesso da romântica gravação de “Unforfettable”, no qual Natalie dividiu os vocais com o pai graças à tecnologia digital, foi essencial para que o álbum vendesse mais de 14 milhões de cópias no mundo.

Já trabalhando na pré-produção de um novo disco, o primeiro desde “Still Unforgettable” (2008), no qual interpreta clássicos da canção norte-americana, Natalie revela que pretende fazer “algo diferente de tudo” que gravou até agora, para ser lançado ainda neste ano.

“Estou pensando em um álbum de música latina. Já cantei jazz, já fiz tributos à música do meu pai, já cantei R&B e pop. O que mais posso fazer de diferente?”, justifica, admitindo que pode incluir canções brasileiras nesse repertório. “Sabendo que a música do Brasil é tão importante e maravilhosa, não vejo razão para não contar com ela nesse projeto”.

Sobre a cena musical de hoje, ela não esconde sua insatisfação. “Acho que falta talento. É surpreendente ver que hoje todo mundo no planeta acha que pode ser cantor. Isso é uma loucura. As pessoas até conseguem gravar um disco, mas, quando tentam entreter uma platéia, quebram a cara. Eu jamais pagaria 50 ou 60 dólares para ver essas pessoas num palco”.

Admiradora declarada de Barack Obama, Natalie afirma que continua otimista em relação ao governo do presidente norte-americano. “Ele é um homem que não disfarça quem é. Pode ter cometido alguns erros que deve ter lamentado, mas não se esconde atrás do cargo, como outros presidentes fizeram. Ele é um cara do bem que enfrenta uma oposição muito grande no país. Se isso acontece por motivos raciais, é algo que me parece muito triste e estúpido”, diz ela.

Para terminar, um comentário. Tive a oportunidade de acompanhar parte do show de Natalie, em setembro último, no Curaçao North Sea Jazz Festival, quando pude constatar pessoalmente que ela voltou aos palcos em plena forma, com a elegância e a simpatia de antes. Não fosse o formato desse festival, com shows simultâneos em três palcos, eu certamente teria ficado até o bis.

(Texto publicado parcialmente na “Folha de São Paulo”, em 6/4/2011)




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