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'Minha Loja de Discos': série documental viaja pelos centros musicais dos EUA

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                                                     Fachada da loja Jazz Record Mart, em Chicago, nos EUA  
 
Se você não vive sem música, como eu, e jamais dispensa uma visita a alguma loja de CDs, DVDs ou vinis mesmo que esteja só de passagem por outro país, vai se interessar pela série documental “Minha Loja de Discos”, que o canal Bis (veiculado por diversas operadoras de TV paga) está exibindo regularmente.

O episódio de hoje, às 19h, focaliza a imensa Jazz Record Mart, de Chicago (EUA), que proclama ser a maior loja de jazz e blues do mundo (já abordada neste blog). A exemplo de episódios anteriores, dedicados a outras lojas de discos norte-americanas como a Louisiana Music Factory (de New Orleans), a Amoeba Music (Los Angeles) e a Somewhere in Detroit, a série parte da história da loja para traçar um panorama da cena musical de Chicago, essencial nas trajetórias do jazz e do blues moderno.

Além de trazer um depoimento do lojista e produtor Bob Koester, que fundou a Jazz Record Mart há quase 70 anos e dirige o selo independente Delmark, o episódio de hoje também exibe entrevistas com diversos músicos, como o cultuado pianista Ahmad Jamal, o trompetista Phil Cohran (ex-integrante da Sun Ra Orchestra) e o bluesman Tail Dragger.

Co-produção do canal Bis com a Ton Ton Filmes, a série é dirigida por Elisa Kriezis e Rodrigo Pinto. Esse episódio será reprisado nesta terça (16h), quarta (9h30 e 16h30), quinta (19h30), sexta (8h30), sábado (18h) e domingo (6h).



BMW Jazz Festival: Ahmad Jamal traz seu piano sintético e elegante a São Paulo

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Aos 83 anos, ele continua a entusiasmar plateias, em festivais pelo mundo. Seus improvisos sintéticos e elegantes influenciaram até um gênio musical como o trompetista Miles Davis, seu declarado admirador.

O pianista e compositor norte-americano Ahmad Jamal é a atração principal da noite de abertura do 4º BMW Jazz Festival, nesta quinta-feira, no HSBC Brasil, em São Paulo. Quem fecha o programa é o talentoso saxofonista Kenny Garrett.

Falando à "Folha de S. Paulo", Jamal relembrou sua primeira e conturbada apresentação no Brasil, em 1978. “O piano Steinway que estava no palco era tão velho que as teclas ainda eram feitas de marfim. Quando algumas se soltaram, eu as atirei para a plateia, que adorou. Nem pude terminar o concerto”, conta, rindo.

Esse incidente não chegou a prejudicar a relação de Jamal com o Brasil. Tanto é que ele retornou outras três vezes – a última em 2010, quando se apresentou no extinto Bridgestone Music Festival. “Eu já não toco mais em clubes, nem viajo muito para tocar, só mesmo em ocasiões especiais. Estou aqui outra vez porque se trata de um evento especial”, justifica.

Seu quarteto já não é exatamente o mesmo de quatro anos atrás. Além do percussionista Manolo Badrena, seu antigo parceiro, e do baterista Herlin Riley, destaque na cena musical de Nova Orleans, desta vez Jamal trouxe o contrabaixista Reginald Veal.

Nascido em Pittsburgh, onde começou a tocar aos 11 anos, Jamal lidera seus próprios grupos desde 1951. O fato de essa cidade da Pensilvânia ter gerado outros grandes músicos do jazz, como Earl Hines, Billy Strayhorn, Erroll Gardner, Ray Brown ou Art Blakey, não é gratuito, segundo ele.

“Há um livro sobre Pittsburgh intitulado ‘There Must Be Something in the Water’ (deve ser alguma coisa na água). Poucas cidades norte-americanas, como Nova Orleans, Saint Louis, Detroit ou Memphis, revelaram tantos grandes músicos. Chamo isso de fenômeno”, define.

Quem acompanha a discografia de Jamal sabe que os standards e clássicos do jazz foram, progressivamente, cedendo espaço às composições próprias. Pergunte a ele quais são as fontes de inspiração para suas composições e a resposta virá em uma única palavra: “vida”.

“Essa proporção já foi inversa, mas hoje eu dedico 80% de meu repertório às minhas composições e apenas 20% a clássicos do cancioneiro norte-americano. Às vezes, para ser notado, você precisa tocar alguma coisa com a qual pessoas estão familiarizadas, mas o que torna tão extraordinárias as canções de Gershwin e outros desses autores é justamente a nossa interpretação”, afirma.

O fato de Jamal raramente tocar ou gravar canções compostas após os anos 1950, como chegou a fazer com “Michelle” (dos Beatles) ou “Superstitious” (Stevie Wonder), seria uma evidencia de que ele considera inferiores as gerações mais recentes de compositores?

“Estávamos discutindo isso ontem mesmo, no avião. Não sei, mas parece que a era dos músicos revolucionários está desaparecendo. Músicos como Duke Ellington, Charlie Parker, Dizzy Gillespie, John Coltrane e Miles Davis eram revolucionários. Eles ainda existem hoje? Eu continuo procurando-os entre músicos mais jovens”, diz, mencionando a promissora pianista japonesa Hiromi, sua afilhada musical.

E o que Jamal acha de o slogan “less is more” (menos é mais), às vezes mencionado para definir a sintética concepção musical de Miles Davis (com o qual jamais se apresentou ou gravou), ser utilizado também para representar seu estilo de tocar piano?

“Esse princípio também se aplica à alimentação. Se você comer uma torta inteira, pode até ficar doente. Mas se você comer apenas uma fatia por dia, durante 50 anos, tudo bem. Ele se aplica a tudo, mas prefiro chamar isso de disciplina”, conclui o sábio pianista.


Mais informações no site do BMW Jazz Festival

(entrevista publicada na edição online da "Folha de São Paulo", em 29/5/2014

 

BMW Jazz Festival 2014: Dave Holland, Bobby McFerrin e Ahmad Jamal virão em maio

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O boato sobre a possível suspensão do BMW Jazz Festival, que circulou no ano passado, não se confirmou, felizmente, para os fãs do gênero em nosso país. A produção do evento anunciou hoje que sua quarta edição será realizada em São Paulo (no HSBC Brasil), de 29 a 31/5, e no Rio de Janeiro (no Vivo Rio), de 30/5 a 1º/6.

O contrabaixista e band leader Dave Holland, o cantor Bobby McFerrin (na foto ao lado), o pianista e compositor Ahmad Jamal e o saxofonista Kenny Garrett serão as principais atrações do evento, que também inclui o trompetista Chris Botti, o grupo Snarky Puppy e a pernambucana SpokFrevo Orquestra.

Além dessa programação, a produção também anunciou um show extra em Belo Horizonte (no Cine Theatro Brasil), em 3/6, e o costumeiro show ao ar livre, com entrada franca, no palco externo do Auditório Ibirapuera, em São Paulo, no dia 1º/6.


Os ingressos para o 4º BMW Jazz Festival começarão a ser vendidos em 25/4, a partir do meio-dia, pelo site www.ingressorapido.com.br e em alguns pontos de venda. Mais informações em https://www.facebook.com/bmwjazzfestival.


  

3º Bridgestone Music: um balanço final

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                                                                                                                     Foto de Mila Maluhy
Pena que o show de Don Byron e seu New Gospel Quintet, última atração do Bridgestone Music, no sábado, tenha sido prejudicado pelo “forfait” do organista Frank Wilkins, que perdeu o vôo para São Paulo. Byron ainda teve uma considerável dose de sorte: conseguiu que o versátil Xavier Davis, pianista do grupo de Christian McBride, substituísse o colega. Mas o estrago já estava feito: o órgão fez falta no repertório centrado em releituras de clássicos do gospel.

Assim restou a Byron fazer um show apenas mediano. Abriu a apresentação com o clarinete, tocando uma relaxada versão de “Giant Steps” (a “prova de resistência” de John Coltrane), movida por ritmos latinos. Mais inusitada ainda, já no meio do show, foi a versão de “Lovesick Blues”, pérola country de Hank Williams, que Byron cantou com os característicos melismas do gênero, num ambíguo tom de caricatura.

Já as releituras de “Feed Me, Jesus” e “Precious Lord” (composições de Thomas E. Dorsey, considerado o pai do gospel negro) contaram com os vocais de DK Dyson. Embora seja uma cantora de recursos,  Dyson chega a soar arrogante, com seu visual imponente e poses artificiais,
diferentemente da simpática Barbara Walker, que conquistou a platéia na noite de estréia. 

Primeira atração do sábado, a cantora canadense Melissa Walker (na foto acima, com McBride) também exibiu muita competência, mas sem brilho especial. Talvez ainda se ressinta do longo período em que teve de se afastar dos palcos para tratar um problema em suas cordas vocais.

Com um repertório que destaca arranjos jazzísticos de sucessos da música pop, como “Mr. Bojangles” (de Jerry Jeff Walker) ou uma curiosa versão de “Flor de Liz” (do brasileiro Djavan), Melissa obteve seus melhores momentos ao homenagear duas ladies do jazz: Nina Simone, com a engajada “Four Women”; e Shirley Horn, com uma versão soul de “Forget Me”. Claro que o quarteto comandado pelo baixista Christian McBride (incluindo os solos de gaita de Gregoire Maret) garantiu um acabamento de primeira linha ao show da cantora.

Depois de três noites excelentes, com destaque para os shows do trompetista Christian Scott, do pianista Ahmad Jamal, do sexteto Escalandrum e do fora-de-série Overtone Quartet, o Bridgestone Music nem precisaria da última noite para se consolidar definitivamente como um festival de alto nível artístico e perfil original, que focaliza o jazz sob o ponto de vista de suas ligações com outras vertentes da música negra. Quem acompanhou esta terceira edição, certamente já está esperando a próxima.


3º Bridgestone Music: minimalista do piano, Ahmad Jamal excitou a platéia

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                                                                                                                    Foto de Mila Maluhy

A evidente excitação da platéia, ao ver Ahmad Jamal entrar no palco, não deixou dúvidas: grande parte dos fãs presentes à segunda noite do Bridgestone Music (ontem, no Citibank Hall, em São Paulo) estava ali, antes de tudo, para ouvi-lo. E o cultuado pianista, hoje com admiráveis 79 anos, certamente não decepcionou ninguém.

Com um grande sorriso, demonstrando certa surpresa pela recepção, Jamal comandou uma exibição primorosa de elegância, garra, sutileza, vigor, imaginação e muito, muito swing. Em poucos minutos, ele e seu poderoso quarteto já tinham a platéia não mãos. Destacam-se Herlin Riley, inventivo virtuose da bateria, e o ágil contrabaixista James Cammack, capaz de antecipar os repentinos movimentos do líder.

Improvisando composições próprias ou standards do jazz, como “Like Someone in Love”, Jamal imprime seu estilo personalíssimo: num mesmo solo alterna silêncios, paradas súbitas, explosões rítmicas, pianíssimos e fortíssimos, torrentes de notas com intervenções minimalistas. Em meio a tantos movimentos, só resta à platéia ficar de olhos e ouvidos bem abertos, mesmerizada, à espera da próxima surpresa.


Atração inicial da noite, a cantora Dee Alexander mostrou que se diferencia da grande maioria de intérpretes que têm surgido na cena jazzística, nos últimos anos. Em seu repertório original, de ascendência africana, os convencionais standards do jazz não têm espaço. Inovadora também é a formação e a sonoridade de seu grupo, o Evolution Ensemble, centrado em instrumentos de cordas, que destaca James Sanders (violino), Tomeka Reid (violoncelo) e Junius Paul (baixo acústico), além do percussionista Ernie Adams (percussão).

Ao cantar sua composição “Rossignol” (inspirada em um pássaro que costuma cantar à noite), Dee foi surpreendida pelas intervenções de alguém na platéia, que travou com ela um inesperado diálogo, imitando sons de pássaros. Pequenas surpresas, como as arquitetadas pouco depois por Ahmad Jamal, que fazem do jazz, música apoiada no improviso e no “aqui e agora”, um gênero tão apaixonante. 



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3º Bridgestone Music: festival investe de novo nas conexões do jazz com a black music

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Jazz, soul, rhythm & blues, gospel, funk. Diversas correntes da música negra norte-americana contemporânea vão estar bem representadas na terceira edição do Bridgestone Music Festival, de 19 a 22 de maio, no Citibank Hall, em São Paulo. Se você foi um dos felizardos que, no ano passado, assistiu aos disputados shows de Jimmy Cobb & The So What Band (na comemoração dos 50 anos do álbum “Kind of Blue”, de Miles Davis), da dupla de soul-jazz Tok Tok Tok, da diva do rhythm & blues Bettye LaVette ou da ótima cantora de jazz René Marie, nem preciso dizer que é melhor garantir já seus ingressos.


Com quatro noites, neste ano o festival destaca outras atrações de prestígio na cena atual do jazz, como o veterano pianista Ahmad Jamal (que já brilhou por aqui no Tim Festival de 2006 e no pioneiro Festival Internacional de Jazz de São Paulo, em 1978). O recém formado The Overtone Quartet reúne instrumentistas de ponta nesse gênero: Dave Holland (contrabaixo), Jason Moran (piano), Chris Potter (sopros) e Eric Harland (bateria).

O pianista Uri Caine e o clarinetista Don Byron, que já tocaram juntos muitas vezes, retornam como líderes de inventivos projetos de fusão do jazz com o soul ou com o gospel, contando com vocalistas inéditas por aqui: Barbara Walker (vale a pena conferir o vídeo acima, com ela e Uri Caine) e DK Dyson. O time de cantoras do festival inclui ainda as talentosas Dee Alexander (revelação da cena jazzística de Chicago) e Melissa Walker, canadense que vai dividir o palco com o maridão Christian McBride, fera do baixo acústico.

De essência jazzística também são as releituras da banda argentina Escalandrum para clássicos do “nuevo tango” do mestre Astor Piazzolla, do qual o líder e baterista Daniel “Pipi” Piazzolla é neto. Para outras informações, ouvir gravações e ver mais vídeos desses artistas, confira o site do evento: www.bridgestonemusic.com.br

 

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