3º Bridgestone Music: minimalista do piano, Ahmad Jamal excitou a platéia

|

                                                                                                                    Foto de Mila Maluhy

A evidente excitação da platéia, ao ver Ahmad Jamal entrar no palco, não deixou dúvidas: grande parte dos fãs presentes à segunda noite do Bridgestone Music (ontem, no Citibank Hall, em São Paulo) estava ali, antes de tudo, para ouvi-lo. E o cultuado pianista, hoje com admiráveis 79 anos, certamente não decepcionou ninguém.

Com um grande sorriso, demonstrando certa surpresa pela recepção, Jamal comandou uma exibição primorosa de elegância, garra, sutileza, vigor, imaginação e muito, muito swing. Em poucos minutos, ele e seu poderoso quarteto já tinham a platéia não mãos. Destacam-se Herlin Riley, inventivo virtuose da bateria, e o ágil contrabaixista James Cammack, capaz de antecipar os repentinos movimentos do líder.

Improvisando composições próprias ou standards do jazz, como “Like Someone in Love”, Jamal imprime seu estilo personalíssimo: num mesmo solo alterna silêncios, paradas súbitas, explosões rítmicas, pianíssimos e fortíssimos, torrentes de notas com intervenções minimalistas. Em meio a tantos movimentos, só resta à platéia ficar de olhos e ouvidos bem abertos, mesmerizada, à espera da próxima surpresa.


Atração inicial da noite, a cantora Dee Alexander mostrou que se diferencia da grande maioria de intérpretes que têm surgido na cena jazzística, nos últimos anos. Em seu repertório original, de ascendência africana, os convencionais standards do jazz não têm espaço. Inovadora também é a formação e a sonoridade de seu grupo, o Evolution Ensemble, centrado em instrumentos de cordas, que destaca James Sanders (violino), Tomeka Reid (violoncelo) e Junius Paul (baixo acústico), além do percussionista Ernie Adams (percussão).

Ao cantar sua composição “Rossignol” (inspirada em um pássaro que costuma cantar à noite), Dee foi surpreendida pelas intervenções de alguém na platéia, que travou com ela um inesperado diálogo, imitando sons de pássaros. Pequenas surpresas, como as arquitetadas pouco depois por Ahmad Jamal, que fazem do jazz, música apoiada no improviso e no “aqui e agora”, um gênero tão apaixonante. 



Reblog this post [with Zemanta]

0 comentários:

 

©2009 Música de Alma Negra | Template Blue by TNB