Alfredo Del-Penho: versátil, cantor carioca lança disco de sambas e outro instrumental

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                                                 O sambista Alfredo Del-Penho - Foto de Leo Aversa/Divulgação

Inspirado pelo mestre Paulinho da Viola (que lançou simultaneamente, em 1976, os álbuns “Memórias Cantando” e “Memórias Chorando”), o músico fluminense Alfredo Del-Penho, 34, não deixou por menos: também lança um disco de sambas cantados e outro de composições instrumentais, que marcam sua estreia fonográfica como solista.

Integrante da geração surgida com a revitalização do boêmio bairro carioca da Lapa, na virada deste século, Del-Penho é um artista de diversos talentos: além de cantor, letrista e compositor, toca violão e cavaquinho, escreve arranjos, é pesquisador e desenvolve carreira como ator de espetáculos musicais.

O álbum de sambas (lançamento independente), segundo ele, foi burilado durante os últimos dez anos. “Procurei fazer esse disco sem a preocupação da assepsia, da limpeza e perfeição a que o estúdio condena a gente. Por isso o nome ‘Samba Sujo’. A vivência do samba mudou a minha vida”, diz Del-Penho.

Além da alta qualidade das interpretações e dos arranjos, a diversidade do repertório desse álbum chama atenção. O sincopado “Samba com Dengo” (de Angela Suarez e Paulo César Pinheiro), o engenhoso “Meio Tom” (Rubens Jacobina), o samba de breque “Quando Te Esqueci” (do próprio Del-Penho), o surrealista samba-choro “Do Outro Mundo” (Sá Roris e Francisco Fernandes) e o sensível “Saudade em Paz” (parceria do cantor com Délcio Carvalho), entre outros, revelam a intimidade de Del-Penho com o universo do samba.

Mais próximo do choro, o instrumental “Pra Essa Gente Boa” também tem um viés autobiográfico. Do suingado samba-título à “Suíte pra Mari Sambar” (em belo arranjo de Itiberê Zwarg), as 18 composições de Del-Penho são dedicadas a parceiros ou músicos que o influenciaram. Como o nostálgico choro “Memórias de Paulinho da Viola” ou o sincopado samba “Do Bip Bip ao Smalls com a Anat”, com um improviso de clarinete da jazzista Anat Cohen. Mais que uma promissora estreia, os discos de Del-Penho mostram que o samba e o choro continuam atraindo novas gerações.


(Resenha publicada no "Guia Folha - Livros, Discos, Filmes", edição de 31/10/2015)



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