Chico Cesar: compositor e cantor aborda sua intimidade, no álbum "Estado de Poesia"

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"Acorda, acordeon, que eu tô sonhando”. O primeiro verso de “Caninana”, um irresistível xote de coloração pop, já antecipa o que vai se ouvir. Em “Estado de Poesia” (lançamento Urban Jungle/Natura), seu primeiro disco de canções inéditas desde 2008, o compositor e cantor Chico César retoma seu ofício artístico, com evidente prazer, depois de passar seis anos atuando como gestor público de cultura na Paraíba, onde nasceu.

Em entrevistas, Chico tem dito que esse CD tem dois lados diversos. Em um deles, o compositor desfia canções que falam de sua intimidade, como “Palavra Mágica”, “Atravessa-me” ou a própria faixa-título, cheias de romantismo. Por outro lado, há canções de viés social, como o reggae “Negão”, que aborda o racismo, ou a indignada “Reis do Agronegócio” (parceria com Carlos Rennó), com certa influência de Bob Dylan. Ainda nessa linha, “No Sumaré”, um samba agridoce ao estilo de Adoniran Barbosa, também denuncia o preconceito. Por essas e outras, Chico César já estava fazendo falta.


(Resenha publicada no "Guia Folha - Livros, Discos, Filmes", edição de 28/11/2015)



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