“Nunca vi tanta música nesta cidade”, comentou, sorrindo, o pianista Diones Correntino durante sua apresentação, na última sexta-feira (16/8), em Goiânia. O quarteto desse talentoso instrumentista e compositor foi uma das 24 atrações do primeiro FIGO (Festival Internacional de Música em Goiás), que terminou no domingo (18/8).
O pianista não se referiu apenas à generosa quantidade de shows e concertos oferecidos pelo evento, todos com entrada franca tanto na capital como na simpática cidade de Pirenópolis. Como outros festivais mais abertos, o FIGO incentivou a diversidade, programando diferentes gêneros musicais: do jazz e do blues à música clássica, passando até pelo rap e pela moda de viola.
A noite de sexta começou em frente ao Teatro Goiânia, com a alta energia dos dançarinos da comunidade Kalunga, formada por remanescentes de quilombolas (na foto à dir.). Em seguida, já no palco, a cantora e pianista Elen Lara interpretou sucessos da bossa nova e da MPB, como “Estamos Aí” (de Mauricio Einhorn e Durval Ferreira) e “Verde” (Eduardo Gudin), além de canções próprias, segundo ela, com “vibe de música cristã”.
Bem acompanhado por Foka (saxofones), Bruno Rejan (baixo) e Guilherme Santana (bateria), Diones Correntino (na foto abaixo) também exibiu sua verve de compositor, no jazzístico samba “Café com Risadas” e no inventivo baião “Joca Ramiro”, inspirada por Guimarães Rosa. Dois temas extraídos do “Calendário do Som” (de Hermeto Pascoal) e uma suingada versão de “Aqui Ó” (Toninho Horta) também agradaram o público.
Bem acompanhado por Foka (saxofones), Bruno Rejan (baixo) e Guilherme Santana (bateria), Diones Correntino (na foto abaixo) também exibiu sua verve de compositor, no jazzístico samba “Café com Risadas” e no inventivo baião “Joca Ramiro”, inspirada por Guimarães Rosa. Dois temas extraídos do “Calendário do Som” (de Hermeto Pascoal) e uma suingada versão de “Aqui Ó” (Toninho Horta) também agradaram o público.
Atração
final da noite, o quinteto do trompetista norte-americano Leroy Jones na foto abaixo)
deliciou a plateia goianiense com uma sessão de jazz tradicional bem ao
estilo de New Orleans. No repertório de Jones, destaque para a dançante “I Found a
New Baby” (Palmer & Williams) e a emotiva balada “In a Sentimental
Mood” (Duke Ellington). Convidada especial do trompetista, a veterana cantora e atriz Topsy Chapman arrancou muitos sorrisos e aplausos, ao interpretar cantar o clássico
“Summertime” (Gershwin & Heyward), canção da ópera negra "Porgy and Bess".
No sábado, o festival se transferiu para a cidade de Pirenópolis. A eclética programação, dividida em três palcos, começou ao ar livre, com o bumba-meu-boi do grupo Boi do Rosário. Em seguida, no Cine Teatro Pireneus, os MCs do grupo Black Cia exibiram seus raps, marcados por um enfático discurso antidrogas. Depois entrou a banda paulista Bodes & Elefantes, veículo para o trabalho autoral do tecladista Guilherme Granado, calcado em instrumentos eletrônicos, improvisos livres e toques de experimentalismo.
No sábado, o festival se transferiu para a cidade de Pirenópolis. A eclética programação, dividida em três palcos, começou ao ar livre, com o bumba-meu-boi do grupo Boi do Rosário. Em seguida, no Cine Teatro Pireneus, os MCs do grupo Black Cia exibiram seus raps, marcados por um enfático discurso antidrogas. Depois entrou a banda paulista Bodes & Elefantes, veículo para o trabalho autoral do tecladista Guilherme Granado, calcado em instrumentos eletrônicos, improvisos livres e toques de experimentalismo.
Já no Teatro Sebastião Pompeu de Pina, o pianista Gilson Peranzzetta (na foto abaixo) exibiu belas composições próprias, em diferentes formações. Abriu o concerto com o divertido frevo “Lá Vai o Cara”, em solo de piano. Com a big band formada por integrantes da Orquestra de Sopros e Percussão do Cerrado, lembrou a romântica “Love Dance” (parceria com Ivan Lins). Já com a orquestra completa, regida por Cláudio Antunes, tocou “Obsession” (parceria com Dori Caymmi), que destacou o solo de trompete de Manassés Aragão.
A noite terminou com mais duas apresentações, no palco instalado no Largo do Rosário, no Centro Histórico. “Aqui jaz um jazz”, brincou um dos integrantes do Vida Seca, quarteto de percussão de Goiânia, que usa instrumentos construídos com sucata. Recursos teatrais e tiradas de humor também entram em cena, ao lado do repertório que mistura ritmos africanos e latinos com influências do pop e da música contemporânea.
Atração mais esperada do sábado, a Soul Rebels, moderna banda de metais de New Orleans, conquistou logo a cumplicidade da plateia que abarrotou a rua do Rosário. Graças a seus arranjos dançantes calcados no hip hop, no soul e no funk, incluindo versões instrumentais de sucessos de figurões da música negra, como Jay-Z, Kanye West e Outkast, a Soul Rebels transformou o show em bailão-funk.
Outro grupo instrumental de Goiânia se destacou entre as atrações do domingo, no Teatro. Também conhecidos como Trio Cerrado, Dejan Cosic (teclados), Marcelo Maia (baixo) e Fred Valle (bateria) formam o Alpha Macacos (na foto abaixo), “power trio” que exibiu composições próprias e bem humoradas releituras de dois clássicos do jazz: “Well, You Needn’t” (de Thelonious Monk) e “Caravan” (Juan Tizol).
Ainda no teatro, em seguida entraram o pianista Wagner Tiso e o guitarrista Victor Biglione, que formam um dos duos mais harmônicos da música instrumental brasileira. Com o ecletismo de sempre, tocaram a erudita “Pavane” (de Fauré), o choro “Doce de Coco” (Jacob do Bandolim) e a jazzístico standard “Autumn Leaves”. Homenageado da noite, o conceituado baixista e produtor goiano Bororó juntou-se aos dois, mais ao final do concerto, para tocar composições de Tom Jobim e Edu Lobo ("Vento Bravo").
A noite de domingo, no Cine Teatro Pireneus, começou em altíssimo volume, com o metal do trio goiano Herectic. Mas a plateia só lotou essa sala durante a apresentação do bandolinista Hamilton de Holanda. Entre uma ou outra composição própria, ele exibiu todo seu imenso talento para o improviso, como na originais releituras de “O Que Será?” (Chico Buarque) e "Luiza" (Tom Jobim).
Como na véspera, os shows finais da noite ocuparam o palco do Largo do Rosário, que permite aos frequentadores assistir aos shows sentados nas mesas dos restaurantes e bares da Rua do Lazer, ao ar livre. Popular banda de Goiânia, comandada pelo cantor e guitarrista André Mols, a TNY esquentou a plateia com versões de clássicos do blues e do soul, de Muddy Waters a Bill Withers.
A última atração do evento foi a veterana banda Blues Etílicos, com destaque para a guitarra e os vocais de Greg Wilson e a gaita de Flávio Guimarães (na foto à direita). Também familiar à plateia de Pirenópolis, a banda carioca, que acaba lançar sua própria marca de cerveja, divertiu os fãs com “Puro Malte”, canção com cara de jingle que intitula seu novo álbum, além de versões blueseiras para sucessos da MPB, como “Espelho Cristalino” (de Alceu Valença) e “Cotidiano nº 2” (Vinicius e Toquinho).
Com um saldo bastante positivo, evidenciado pelo interesse demonstrado pelas plateias de Goiânia e Pirenópolis pelos diversos gêneros musicais reunidos na programação, o estreante FIGO provou que Goiás está pronta para figurar no circuito dos festivais internacionais. Tomara que a próxima edição se realize e consiga superar todos os méritos da primeira.
Outro grupo instrumental de Goiânia se destacou entre as atrações do domingo, no Teatro. Também conhecidos como Trio Cerrado, Dejan Cosic (teclados), Marcelo Maia (baixo) e Fred Valle (bateria) formam o Alpha Macacos (na foto abaixo), “power trio” que exibiu composições próprias e bem humoradas releituras de dois clássicos do jazz: “Well, You Needn’t” (de Thelonious Monk) e “Caravan” (Juan Tizol).
Ainda no teatro, em seguida entraram o pianista Wagner Tiso e o guitarrista Victor Biglione, que formam um dos duos mais harmônicos da música instrumental brasileira. Com o ecletismo de sempre, tocaram a erudita “Pavane” (de Fauré), o choro “Doce de Coco” (Jacob do Bandolim) e a jazzístico standard “Autumn Leaves”. Homenageado da noite, o conceituado baixista e produtor goiano Bororó juntou-se aos dois, mais ao final do concerto, para tocar composições de Tom Jobim e Edu Lobo ("Vento Bravo").
A noite de domingo, no Cine Teatro Pireneus, começou em altíssimo volume, com o metal do trio goiano Herectic. Mas a plateia só lotou essa sala durante a apresentação do bandolinista Hamilton de Holanda. Entre uma ou outra composição própria, ele exibiu todo seu imenso talento para o improviso, como na originais releituras de “O Que Será?” (Chico Buarque) e "Luiza" (Tom Jobim).
Como na véspera, os shows finais da noite ocuparam o palco do Largo do Rosário, que permite aos frequentadores assistir aos shows sentados nas mesas dos restaurantes e bares da Rua do Lazer, ao ar livre. Popular banda de Goiânia, comandada pelo cantor e guitarrista André Mols, a TNY esquentou a plateia com versões de clássicos do blues e do soul, de Muddy Waters a Bill Withers.
A última atração do evento foi a veterana banda Blues Etílicos, com destaque para a guitarra e os vocais de Greg Wilson e a gaita de Flávio Guimarães (na foto à direita). Também familiar à plateia de Pirenópolis, a banda carioca, que acaba lançar sua própria marca de cerveja, divertiu os fãs com “Puro Malte”, canção com cara de jingle que intitula seu novo álbum, além de versões blueseiras para sucessos da MPB, como “Espelho Cristalino” (de Alceu Valença) e “Cotidiano nº 2” (Vinicius e Toquinho).
Com um saldo bastante positivo, evidenciado pelo interesse demonstrado pelas plateias de Goiânia e Pirenópolis pelos diversos gêneros musicais reunidos na programação, o estreante FIGO provou que Goiás está pronta para figurar no circuito dos festivais internacionais. Tomara que a próxima edição se realize e consiga superar todos os méritos da primeira.
1 Comentário:
Excelente iniciativa cultural!
Grandes momentos musicais com Leroy Jones, The Soul Rebels e o Hamilton de Holanda.
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