Bourbon Street Fest: evento comemora seus 20 anos de conexão New Orleans-São Paulo

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                                                O baixista e cantor Tony Hall, no 20.º Bourbon Street Fest

Neste momento em que as relações diplomáticas e econômicas entre o Brasil e os Estados Unidos estão bastante estremecidas, a realização do 20.º Bourbon Street Fest, em São Paulo, na semana passada, estimulou uma breve reflexão. Não fosse a admiração que as plateias brasileiras cultivam há mais de um século por diversos gêneros da música norte-americana (relação que se tornou de mão dupla, desde a explosão mundial da bossa nova, nos anos 1960), hoje seria mais difícil imaginar que um evento como esse pudesse festejar seu 20.º aniversário.

Tive a sorte de acompanhar toda a trajetória desse festival criado por Edgard Radesca e Herbert Lucas, diretores do Bourbon Street Music Club. Inaugurada em dezembro de 1993 com um histórico show do “rei do blues” B.B. King, essa casa noturna paulistana nasceu sob a inspiração da rica cena musical e gastronômica de New Orleans – a cidade mais famosa do estado norte-americano de Louisiana. E assim, dedicando sua programação ao jazz, ao blues, ao R&B e outras vertentes da black music, além da música brasileira, tornou-se um dos melhores clubes do gênero na América Latina.

Inicialmente, depois de trazerem a São Paulo dezenas de conceituados artistas da cena musical de New Orleans, como Bryan Lee, Marva Wright, Charmaine Neville e Jon Cleary, para temporadas de shows no clube,os diretores do Bourbon Street decidiram elevar essa ponte musical a outro patamar. Para comemorar os 10 anos da casa, em 2003, criaram o Bourbon Street Festival, evento que segue o perfil eclético do New Orleans Jazz & Heritage Festival, um dos maiores eventos musicais do mundo, que é realizado naquela cidade desde 1970.

Em meio às eventuais dificuldades para contar com patrocínios regulares, durante essas duas décadas, Edgard Radesca e Herbert Lucas seguiram à risca a missão de trazer ao Brasil mostras da diversidade que caracteriza o mercado musical de New Orleans. Não foi diferente nesta edição: o elenco do festival paulistano exibiu destaques como o tecladista e compositor Ivan Neville, herdeiro de uma das famílias musicais mais importantes de New Orleans, a banda The Rumble, a cantora JJ Thames e o baixista Tony Hall, já conhecido pela plateia de São Paulo. Vale lembrar, sempre com alguns shows gratuitos, na programação.

Por tudo que já fizeram para manter essa preciosa ponte musical entre São Paulo e New Orleans (duas cidades cosmopolitas que valorizam a cultura e, de modo geral, são conhecidas por receberem bem os imigrantes que as escolhem para morar), os diretores do Bourbon Street Fest já mereceriam ser condecorados, tanto no Brasil como nos Estados Unidos.



 

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