Orquestra Mundana Refugi: imigrantes e refugiados se unem a músicos brasileiros

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                                                                                                  Músicos da Orquestra Mundana Refugi

Não poderia ser mais oportuno o lançamento do primeiro disco da Orquestra Mundana Refugi. Ver músicos refugiados e imigrantes de diversos países se unirem a brasileiros em uma orquestra é um alento, num momento em que mães imigrantes são separadas de suas crianças, nos Estados Unidos. Ou que imigrantes continuam a morrer afogados, no Mar Mediterrâneo, ao buscarem refúgio na Europa.

Por essas e outras razões foi emocionante o concerto da Orquestra Mundana Refugi, ontem, no teatro do Sesc Vila Mariana, em São Paulo. Além de apresentar o original repertório do CD (lançamento do Selo Sesc), a orquestra surpreendeu a plateia com uma criativa versão de “As Caravanas” -- a perturbadora canção de Chico Buarque, que descreve o medo e o preconceito social da classe média frente aos moradores da periferia do Rio de Janeiro, quando eles se atrevem a frequentar as praias da zona sul.

O encanto dessa orquestra cosmopolita não está apenas no fato de incluir em seu repertório músicas tradicionais de diversos países, mas especialmente no diálogo musical que o diretor e multi-instrumentista Carlinhos Antunes promove em suas composições e arranjos. Como em “Trilogia”, que mistura melodias tradicionais da Palestina, do Irã e da Andaluzia com “Cajuína” (a bela canção de Caetano Veloso). Ou em “Barqueiros do Rio” (parceria de Antunes com Mauro Iasi) que inclui temas originários do Haiti e da Bahia.

Como não pensar em uma estimulante utopia, ao ouvir instrumentos musicais que não existem na tradição brasileira (como o bouzouki do palestino Yousef Saif ou o kemanche do iraniano Arash Azadeh) serem misturados aos saxofones do cubano Luis Cabrera e aos vocais da moçambicana Lenna Bahule e do congolês Hidras Tuale?

Ao demonstrar que músicos de culturas bem diversas podem conviver de maneira tão harmônica, Carlinhos Antunes e seus 22 parceiros dão um exemplo de humanidade, um pouco de esperança para quem não se conforma com um mundo marcado por tantos preconceitos e desigualdades. A música da Orquestra Mundana Refugi emociona e faz refletir. 






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