B.B. King (1925-2015): o "rei do blues" tratava sua guitarra como uma mulher
Marcadores: b.b. king, Blind Lemon Jefferson, blues, bourbon street, David Ritz, Lonnie Johnson, T-Bone Walker | author: Carlos CaladoDesde 2006, quando B.B. King realizou uma turnê mundial de despedida, seus inúmeros fãs pelo mundo já vinham se preparando para a inevitável notícia. Agora é definitivo: o carismático “rei do blues” saiu mesmo de cena.
“Minhas pernas não estão boas, minhas costas também não, e a cabeça já não é a mesma”, ele lamentou durante o show de despedida no Bourbon Street, em São Paulo, explicando, bem-humorado, porque já só conseguia cantar e tocar sentado. Mesmo assim, seguiu fazendo shows e alegrando os fãs durante mais alguns anos.
É difícil acreditar que, depois de passar décadas fazendo cerca de 300 apresentações por ano, King ainda continuasse nos palcos por dinheiro. Raros músicos demonstravam tanto prazer em exercer seu ofício, como ele. Sua satisfação ao entreter as plateias era mais que evidente.
Nascido em uma humilde cabana, no delta do rio Mississippi, King desautorizou os especialistas que apontam uma mútua influência entre os blueseiros dessa mítica região do sul dos EUA. Seus maiores ídolos, Blind Lemon Jefferson e Lonnie Johnson, não eram do Mississippi.
Outro músico que o influenciou muito foi o cantor e guitarrista texano T-Bone Walker, conhecido por seus blues alegres e dançantes. “Meu maior débito musical é com ele. Foi quem me indicou o caminho. Seu som cortava como espada”, declarou a seu biógrafo, o escritor David Ritz.
As guitarras de King, todas batizadas de Lucille, também soavam cortantes. Nos shows, a cada nota do instrumento, especialmente as mais agudas, seu rosto mudava de expressão, como se a música tomasse conta de seu corpo, possuindo-o.
“Com a exceção de sexo de verdade, com uma mulher de verdade, nada me traz tanta paz de espírito quanto Lucille”, revelou King, em sua autobiografia. “Gosto de ver minha guitarra como uma mulher”.
Em 2006, quando perguntei a ele como gostaria de ser lembrado no futuro, o humilde “rei do blues” demonstrou mais uma vez sua costumeira simplicidade: “Honestamente, gostaria que pensassem em mim como um amigo, alguém de quem as pessoas gostam. Só isso”.
(Texto publicado na "Folha de S. Paulo", em 16/05/2015)
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1 Comentário:
grande bb king.
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