O trio de soul music O'Jays
Depois do primeiro final de semana,
prejudicado por fortes temporais que resultaram na redução de alguns
shows, a 46.a edição do New Orleans Jazz & Heritage Festival
terminou no último domingo (3/05), contemplada com quatro dias de sol para suas centenas de atrações ao
ar livre, no hipódromo local.
Ao anunciar o instrumentista e cantor
Trombone Shorty, última atração do palco principal, o produtor Quint
Davis se referiu ao tumultuado início do evento. “Começamos com uma
tempestade. Fomos batizados e ficamos enlameados, mas vocês permaneceram
com a gente. Quer saber? Vamos fazer tudo de novo no próximo ano”,
brincou.
Num ano em que a ala pop de seu elenco
foi menos atrativa do que a de edições anteriores, o Jazz Fest teve seu
dia de maior público no sábado. Uma multidão de pelo menos 60
mil pessoas acompanhou a apresentação de Elton John. O cantor e pianista
britânico já não alcança mais as notas agudas de suas canções, mas
compensa essa deficiência com simpatia, conversando com a plateia.
Já no domingo, a comunidade negra local superlotou a plateia do palco Congo Square para ouvir a soul music do O’Jays – trio
vocal da Filadélfia que marcou a década de 1970 com vários sucessos.
Alguns deles, como “Love Train”, “For the Love of Money” e
“Backstabbers”, foram cantados em coro pela plateia.
Antes, os felizardos que chegaram cedo
puderam se deliciar com mais um episódico reencontro de Art Neville
(teclados), Leo Nocentelli (guitarra), George Porter Jr. (baixo) e
Zigaboo Modeliste (bateria), ninguém menos que os integrantes originais
da The Meters (foto à esq.), a lendária banda de funk dos anos 1970, um dos maiores
orgulhos musicais da cidade de New Orleans.
Com uma programação um tanto
repetitiva, o palco dedicado ao jazz moderno só se destacou com uma
atração por dia. Na sexta-feira, a revelação vocal Cécile McLorin
Salvant brilhou com seu repertório incomum e interpretações originais.
No sábado, o veterano saxofonista Charles Lloyd e seu afiado quarteto
conquistaram a plateia com a criatividade de seus improvisos. No
encerramento de ontem, não bastassem os ótimos arranjos, o baixista
Christian McBride e sua big band ainda trouxeram como convidada a
sensacional Dianne Reeves (na foto abaixo).
Outra cantora que também se destacou
neste final de semana foi Macy Gray. Convidada especial da Galactic
(cultuada banda de funk de Nova Orleans que, aliás, virá ao Brasil para o
Bourbon Street Fest, em agosto), a doidona Macy arrancou risadas da
plateia, até dos próprios músicos, ao contar que acabara de resolver uma
crise conjugal fumando um “grande e gordo baseado”.
Curiosamente, dez anos após a tragédia
desencadeada pelo furacão Katrina, o Jazz Fest não fez qualquer
referência maior a esse episódio que mudou a vida de muita gente na
cidade – cerca de 200 mil moradores (quase todos negros) jamais
retornaram. Um sinal de que, ao menos para os músicos e fãs da música
produzida em Nova Orleans, já se trata de águas passadas.
Cobertura para a "Folha de S. Paulo", realizada a convite do New Orleans Convention & Visitors Bureau e da American Airlines. Resenha publicada ontem, na versão online da "Folha".
New Orleans Jazz Fest 2015: veteranos da black music dos anos 1970 atraem multidões
Marcadores: cécile McLorin Salvant, Charles Lloyd, Christian McBride, Elton John, funk, Galactic, jazz, macy gray, new orleans, o'jays, soul, the meters, Trombone Shorty | author: Carlos CaladoPosts Relacionados:
Assinar:
Postar comentários (Atom)
0 comentários:
Postar um comentário