Projetado pelo produtor Thiago Marques Luiz para comemorar os 40 anos de carreira da cantora Maria Alcina, em 2012, o álbum “De Normal Bastam os Outros” (lançamento do selo Nova Estação) só chega ao mercado dois anos mais tarde. No caso de uma artista irreverente e debochada como ela, que jamais seguiu a cartilha da normalidade, o atraso até faz sentido.
A inédita “Eu Sou Alcina” (de Zeca Baleiro) abre o álbum como um simpático cartão de visitas (“eu sempre fui mesmo da pá virada / safada fada fadada / a ser o que sou, pois é”, diz a letra). Do compositor Péricles Cavalcanti, o frevo “Dionísio, Deus do Vinho e do Prazer” também soa adequado na voz da cantora (“no meu reino não tem siso nem proibição”).
Mas é nas canções mais antigas e gaiatas que Alcina soa totalmente à vontade, no álbum. Como o samba-coco “Bigorrilho”, com versos de duplo sentido que ela divide com Ney Matogrosso. Ou a releitura de “Sem Vergonha” (Jorge Ben), que ela já gravara em 1992. Em tempos tão “politicamente corretos”, a descontração e o deboche de Maria Alcina chegam a ser necessários.
(resenha publicada originalmente no "Guia Folha - Livros, Discos, Filmes", em 29/3/2014)
Maria Alcina: irreverência e deboche em tempos 'politicamente corretos'
Marcadores: frevo, Jorge Ben, maria alcina, MPB, Ney Matogrosso, Péricles Cavalcanti, samba, zeca baleiro | author: Carlos CaladoPosts Relacionados:
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