New Orleans Jazz Fest 2014: Glen David Andrews voltará a São Paulo e Rio de Janeiro

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Se você acompanhou “Tremé”, série de TV que retrata a reconstrução da cidade de Nova Orleans (EUA), quase destruída pelo furacão Katrina, já viu e ouviu Glen David Andrews. Cantor e trombonista, ele é uma das centenas de atrações do 45º New Orleans Jazz & Heritage Festival, que começa nesta sexta (25/4). Em agosto, também vai se apresentar no Brasil.

“Eu nunca tinha feito um show protegido por seguranças, até tocar em São Paulo, cinco anos atrás. Fiquei me sentindo um astro do rock. Foi muito excitante”, diz o músico norte-americano à Folha, por telefone. Refere-se às suas participações no Bourbon Street Fest, no qual voltará a tocar, em São Paulo, Rio e Brasília.

Outra lembrança que Andrews guarda da primeira visita ao país, em 2009, é a de uma apresentação com o cultuado clarinetista e arranjador Paulo Moura (1932-2010). “Tocar com ele foi uma grande honra para mim. Acho que Moura é uma espécie de George Lewis do Brasil”, comenta, comparando o brasileiro ao clássico clarinetista de jazz de sua cidade.

Nascido e criado no bairro de Tremé, lendário reduto de músicos em Nova Orleans, Andrews pertence a uma família de tradição musical que destaca seu irmão Derrick Tabb (baterista da Rebirth Brass Band) e dois primos: o trompetista James Andrews e o cantor e multi-instrumentista Trombone Shorty, hoje astro de prestígio internacional.

“A série ‘Tremé’ foi uma das melhores coisas que já aconteceram para a comunidade musical de Nova Orleans. Ela contribuiu para que milhões de pessoas ouvissem nossa música, na TV, todas as semanas”, afirma Andrews, que participou de vários episódios.

Conhecido por suas performances explosivas, Andrews é um artista que sua a camisa, literalmente, para conquistar e entreter as plateias. Eclético, seu repertório mistura blues, funk, hip hop, rock, R&B, gospel e jazz tradicional.

“Uma das coisas que eu mais gosto no Brasil é ser um lugar onde se ouve muitos tipos de música”, comenta.

Diversidade musical também não falta ao Jazz Fest – termo com o qual os moradores de Nova Orleans se referem, carinhosamente, a seu maior evento, só comparável ao Carnaval. Durante dois finais de semana, no hipódromo local, 11 palcos oferecem mais de 400 shows de jazz, soul, gospel, blues, R&B, folk, rap, zydeco, country, cajun, ritmos caribenhos, até música brasileira e africana.

Nos últimos anos, o aumento de figurões do rock e do pop, na programação, tem sido uma estratégia dos produtores para atrair plateias mais amplas. Eric Clapton, Bruce Springsteen, Santana, Robert Plant, John Fogerty, Phish, Johnny Winter, Alabama Shakes e Arcade Fire estarão entre as atrações dos palcos maiores, nesta edição. A média anual de público é de 500 mil pessoas.

Brasil ganha destaque no evento 

 
O New Orleans Jazz & Heritage Festival tem destacado todos os anos, desde 1996, um país com o qual a cidade tem afinidades culturais. Como já ocorreu em 2000, o Brasil foi o escolhido desta edição.

Porém, se naquele ano o país foi representado pela MPB de Chico César, pelo som instrumental de Hermeto Pascoal e pelos ritmos afros do bloco Ilê Ayiê, entre outros, desta vez os representantes brasileiros serão grupos de expressão regional, como Baiana System (BA), Tizumba e Tambor Mineiro (MG) e o Afoxé Omô Nilê Ogunjá (PE).

“Desde 2000 venho tentando inserir pelo menos um grupo brasileiro no festival, mas, por questões orçamentárias, torna-se difícil levar um artista mais famoso”, justifica a produtora Jo Iazzetti, que atua como consultora do evento.

Segundo ela, os nomes dos cantores Daniela Mercury, Caetano Veloso e Alceu Valença chegaram a ser aprovados pela produção do festival para esta edição, mas, por insuficiência de verba para os cachês ou por falta de parcerias com secretarias de Turismo brasileiras, os contratos não se efetivaram.

Além dos shows em dois palcos dedicados pelo New Orleans Jazz Fest a manifestações musicais da diáspora africana, o Brasil será o destaque do Cultural Exchange Pavilion (Pavilhão de Intercâmbio Cultural). A programação desse espaço inclui exposição fotográfica, demonstrações de muralistas e de artesãos de várias regiões do país, mostra de culinária de rua, exibições de capoeira e de bonecos gigantes do carnaval de Pernambuco. 


(Reportagem publicada parcialmente na "Folha de S. Paulo", em 25/4/2014) 



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