Quem já a ouviu cantar em casas noturnas paulistanas, como Ó do Borogodó ou Baretto, sabe que ela é diferente dessas cantoras cheias de trejeitos e com vozes diminutas que surgiram nos últimos anos. Além de possuir um belo timbre vocal, Giana Viscardi é afinada, tem ótima dicção e não apela para sussurros, como fazem várias de suas colegas.
O rosto de menina esconde a experiência dessa intérprete e compositora com quase vinte anos de carreira, que estudou música nos EUA e já se apresentou em diversos países. Giana vai lançar seu terceiro álbum – “Orum”, muito bem produzido por Alê Siqueira – nesta quinta-feira, em show no Sesc Pompéia, em São Paulo.
“Eu não queria gravar outro disco só por gravar. Estava em busca de um caminho diferente”, afirma a cantora, justificando o hiato entre esse álbum e o anterior “4321”, que saiu em 2005. Só achou o que procurava ao ouvir a Orkestra Rumpilezz, em um show na Virada Cultural de 2010.
A música do maestro e instrumentista Letieres Leite, calcada no rico universo rítmico da percussão afro-baiana, a deixou “em estado de graça”, relembra. Na mesma noite em que se conheceram, Giana o convidou a criar os arranjos para seu disco.
“Depois disso fui a Salvador algumas vezes, viajei e cantei com a Orkestra Rumpilezz, para assimilar essa linguagem musical e conviver mais com o Letieres. Ele é um mestre de generosidade muito grande”, elogia.
Cinco canções do álbum foram compostas por ela, três delas em parceria com o violonista Michi Ruzitschka. Entre os autores que assinam outras faixas estão Chico César, Dani Black, Clima e Fábio Barros. Há ainda a doce releitura de “Canção do Amor que Chegou”, que Carlos Lyra e Vinicius de Moraes criaram para o musical “Pobre Menina Rica” (de 1963).
Destaque no repertório dos shows da cantora já há alguns anos, a canção “Linda” (de Caê Rolfsen e Celso Viáfora) também está no disco. “Ganhou uma nova vida com o arranjo do Letieres”, avalia a intérprete. Como no disco, Giana também terá a seu lado o maestro baiano e o violoncelista Jaques Morelenbaum, na apresentação no Sesc Pompéia.
A demora em gravar o disco quase a fez perder a inédita “19 Luas”, composta para ela por Chico César e Michi Ruzitschka. “Eles até pensaram em mandar essa música para a Maria Bethânia. Tive que ganhá-la na unha”, conta a cantora, aliviada.
(texto publicado originalmente na "Folha de S. Paulo", em 9/10/2013)
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