Formada por alguns dos melhores músicos de nossa cena instrumental, essa pequena orquestra destaca o acordeonista Toninho Ferragutti, os saxofonistas Vinícius Dorin, Mané Silveira e Eduardo Neves, o trompetista Daniel Alcântara, o trombonista Vittor Santos, o pianista Paulo Braga, o baterista Edu Ribeiro, o percussionista Guello e o baixista Alberto Lucas, entre outros.
A programação no Auditório Ibirapuera (www.auditorioibirapuera.com.br) inclui outras atrações do gênero. No dia 19 (sexta-feira), apresenta-se a Big Band da Orquestra Tom Jobim, com regência de Vittor Santos e direção musical do maestro Roberto Sion. No dia 21 (domingo), tocam o Juilliard Jazz Artist Diploma Ensemble, o Quarteto D’Minuto e Bambu Quarteto.
A 1ª Mostra Instrumental da Amesp oferece também uma série de quatro jam sessions, no Bourbon Street Music Club (www.bourbonstreet.com.br), de 17 (quarta-feira) a 20/11 (sábado), com a Sound Scape Big Band, a Banda Savana, músicos da Juilliard School e outros instrumentistas de São Paulo e Rio.
Para estudantes de música, o evento organizou um ciclo de palestras gratuitas sobre escrita para big bands (informações no site www.emesp.org.br), com os maestros e arranjadores Nelson Ayres, Spok, Mario Adnet, Carl Allen e a própria Maria Schneider.
A seguir, reproduzo uma entrevista que fiz com ela para a “Folha de S. Paulo”, em 2006, antes da apresentação de sua orquestra no Tim Festival.
MARIA SCHNEIDER E SUAS ESCULTURAS SONORAS
Desde meados dos anos 1990, quando o assunto é jazz orquestral, o nome de Maria Schneider é inevitável em qualquer roda ou conversa. Afinal, o prêmio Grammy que essa compositora e regente conquistou com o álbum “Concert in the Garden”, em 2005, é apenas uma das inúmeras distinções que ela tem em seu currículo musical.
Falando por telefone, de Nova York, onde vive, Maria admite que até pouco tempo atrás ainda resistia bastante a se definir como uma compositora. Diz que preferia o termo “escultora de sons”.
“Durante muito tempo a palavra compositora soava grande demais para mim, mas já não é tanto. Acho que minha música tem se tornado mais leve, mais delicada e, talvez, mais detalhada. É difícil explicar o porquê, mas hoje já me considero uma compositora”, diz a norte-americana, que se apresentou no país pela primeira vez, em 1998.
Foi naquele ano, inspirada por um vôo de asa delta, numa praia do Rio de Janeiro, que Maria compôs a peça “Hang Gliding”. “Voar de asa delta, num dia de muito vento, foi uma coisa extraordinária. Fui levada pelo pianista Claudio Dauelsberg. No dia seguinte, comecei a escrever algo e, de repente, senti que estava escrevendo sobre a sensação de voar de asa delta”, diz ela, referindo-se a essa composição como “uma canção de amor pelo Brasil”.
Discípula dos compositores Bob Brookmeyer e Gil Evans, do qual foi assistente, Maria comenta que suas experiências pessoais são fontes essenciais de inspiração. “Muitas das minhas peças abordam acontecimentos de minha infância. Neste momento estou compondo uma peça sobre pássaros. Então fico totalmente envolvida: fico olhando pássaros voarem, só penso em pássaros”, diverte-se.
Freqüentemente convidada a reger orquestras de jazz na Europa, Maria valoriza a atitude experimental de orquestras e músicos do velho continente, mas sente falta de algo que só costuma sentir em Nova York, onde vive.
“Na Europa há muito apoio para as artes, algo que acontece aqui em menor proporção, mas uma coisa da qual eu gosto muito é a energia dos músicos de Nova York. Eles não têm as melhores condições de trabalho, mas quando tocam se entregam ao máximo, porque aqui a competição é muito intensa”, compara.
Veja agora um trecho da apresentação de Maria Schneider no festival Tudo É Jazz (em Ouro Preto, em 2007), à frente de outra big band com músicos brasileiros.
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