Jazz na Fábrica: festival do Sesc SP traz atrações musicais de diversos continentes

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                                                                           O pianista e compositor Robert Glasper  

Para quem tinha receio de que a atual crise econômica também pudesse prejudicar a continuidade de um dos maiores festivais de jazz e música instrumental do país, aqui vai a boa notícia: o Jazz na Fábrica volta a tomar conta dos palcos do Sesc Pompeia, em São Paulo, de 11 a 28 de agosto.

O elenco da sexta edição desse festival mantém sua essência original. A curadoria, assinada pela equipe de programação do Sesc Pompeia, enfoca a diversidade do universo jazzístico por meio de vários de seus estilos, além de gêneros musicais com os quais o jazz tem se relacionado.

A noite de abertura, em 11/8, fica por conta do quinteto do trompetista norte-americano Wallace Roney. Discípulo assumido de Miles Davis (1926-1991), ele costuma emular a fase acústica do mestre, tanto no repertório, como na sonoridade “cool” de seu instrumento. Aliás, Miles faria 90 anos neste ano.

Outros músicos norte-americanos vão demonstrar a variedade da cena atual do jazz. Destaque da nova geração, o pianista Robert Glasper dialoga com o hip hop e a black music em suas composições de espírito contemporâneo. Em “Covered”, seu álbum mais recente, ele relê canções de John Legend, Kendrick Lamar e Joni Mitchell, com seu trio. A rapper paulista Tássia Reis e a banda Mental Abstrato também fazem parte do programa dessa noite.

Também pianista e compositor, Matthew Shipp é um expoente do jazz de vanguarda, que alguns preferem chamar de free jazz. Dono de um estilo percussivo ao piano, que já foi comparado ao do mestre Cecyl Taylor, Shipp já tocou em São Paulo, em 2010, em duo com o saxofonista brasileiro Ivo Perelman.

Bem conhecido nos círculos jazzísticos de Nova York, o versátil saxofonista Donny McCaslin fez parte da banda “fusion” Steps Ahead. Depois tocou com as orquestras de Gil Evans e Maria Schneider e, mais tarde, fez parte do quinteto do trompetista Dave Douglas, entre outras parcerias. Recentemente, conquistou a atenção de novos fãs ao participar do último álbum do popstar David Bowie, morto em janeiro.  


A exemplo das edições anteriores, o festival também trará instrumentistas de diversos continentes, que sinalizam a globalização do jazz. É o caso do contrabaixista israelense Omer Avital, cujas composições combinam influências de tradições musicais do Oriente Médio com a linguagem do jazz moderno.

Como Avital, o saxofonista canadense Michael Blake também se radicou em Nova York, onde já tocou com conceituados jazzistas de diversos estilos. Em “Fulfillment”, seu álbum recém lançado, ele se refere a um episódio polêmico na história de seu país, cujo governo rejeitou centenas de imigrantes indianos, um século atrás.

Formado em 2005 pelo contrabaixista dinamarquês Jasper Hoiby (na foto ao lado), o cultuado trio Phronesis inclui também o pianista britânico Ivo Neame e o baterista norueguês Anton Eger. Nessa mesma noite, o guitarrista dinamarquês Jakob Bro vai homenagear Tom Jobim (1927-1994), em duo com seu neto, o pianista Daniel Jobim.

Radicado em Paris, o tecladista, cantor e arranjador malinês Cheick Tidiane Seck tem em seu currículo parcerias com figurões do cenário musical africano, como Salif Keita, Fela Kuti e Youssou N’Dour, assim  como trabalhou com jazzistas, como o pianista Hank Jones e a cantora Dee Dee Bridgewater.

Da Argentina vem o Pájaro de Fuego, quinteto que funde o jazz com elementos da música eletrônica e do rock instrumental. Seu baterista, Daniel “Pipi” Piazzolla, é neto do grande compositor portenho, o criador do “novo tango”.

Já o pianista e percussionista suíço Nik Bärtsch virá com seu quarteto Ronin, cujo estilo ele mesmo define como “zen-funk”. Com seu piano preparado, ele toca composições próprias que misturam polirritmias com elementos do jazz, do funk e rock.

Há também duas cantoras no elenco internacional. A sueca Lina Nyberg tem um repertório bem eclético, que inclui clássicos da canção norte-americana, jazz de vanguarda europeu e música brasileira. No álbum “Brasil Big Bom” (2007), gravou versões de canções de Caetano Veloso, Edu Lobo, Tom Jobim e Ivan Lins. 

 
De origem israelita e nascida na Etiópia, Ester Rada (na foto ao lado) mistura jazz etíope com soul music, funk e R&B. No seu repertório recente, chamam atenção releituras de clássicos da cantora norte-americana Nina Simone, uma de suas assumidas influências musicais.

Mais sete atrações nacionais completam a programação: os ritmos afro-baianos da big band Rumpilezz, o jazz cigano da dupla Tigres Tristes, os blues e as canções folk do Lonesome Duo, o afrobeat da banda Kubata, o soul-funk do sexteto Wis, as releituras de clássicos do rock pela Cadillacs Jazz Band e o som instrumental da Zarabanda Jazz.

Os ingressos para o 6º Jazz na Fábrica começam a ser vendidos no dia 4/8 (pela internet, a partir das 15h) e no dia 5/8 (nas unidades do Sesc). Os preços variam de R$ 12 a R$ 60, dependendo do show. Para algumas atrações nacionais, a entrada é franca. 

  
Mais detalhes da programação, horários dos shows e venda de ingressos no site do Sesc SP
















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