Melhor tirar as crianças da sala, assim como os adultos mais pudicos ou conservadores. Os títulos de algumas faixas deste álbum – “Exame de Fezes”, “Meleca”, “Autofelacio” – já sugerem que o irreverente Carlos Careqa não é um desses autores de canções infantis, que marmanjos de 30 ou 40 anos idolatram sem o menor pudor. Hilário nos vocais, Careqa aborda temas incômodos, como sexo, masturbação e velhice, com humor e escancaradas doses de sacanagem e escatologia.
Os arranjos criados por Mario Manga e Marcio Nigro, que também tocam diversos instrumentos, são bem divertidos: como o do “Rap do Peido”, que utiliza sons de flatulências, ou o de “Meleca”, com um naipe de violoncelos daqueles que grudam no ouvido. Em meio à atual ditadura do “politicamente correto”, Careqa faz lembrar que as crianças são bem mais espertas do que mostram, na TV, os comerciais de biscoitos.
Resenha publicada originalmente no "Guia Folha - Livros, Discos, Filmes", em 22/2/2014
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