Donald Harrison: saxofonista traz diversidade de New Orleans ao 10º Bourbon Street Fest

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                                Donald Harrison, no New Orleans Jazz Fest 2012 / Photo by Carlos Calado

Quem acompanhou as duas primeiras temporadas da série de TV “Tremé” – produção do canal pago HBO, que retrata a reconstrução da cidade norte-americana de New Orleans, devastada pelo furacão Katrina, em 2005 – logo vai reconhecer a figura desse inquieto músico.

Destaque da décima edição do Bourbon Street Fest, que prossegue até dia 19, em São Paulo, Rio e Brasília, o saxofonista e cantor Donald Harrison, 53, vai se apresentar na capital paulista (nesta quinta, 16/8, no Bourbon Street Music Club) e na capital federal (sexta, 17/8, no Museu da República).

Expoente do jazz moderno de Nova Orleans, Harrison comentou, em entrevista à Folha, realizada durante o New Orleans Jazz & Heritage Festival, em maio último, que dois personagens de “Tremé” (o trompetista Delmond e seu pai “Big Chief” Lambreaux, que comanda um bloco de índios, tradição do carnaval local) foram diretamente inspirados em sua história de vida.

“David Simon já me segue por uns 20 anos”, diz, referindo-se ao criador da série da TV, cuja terceira temporada estreia dia 23 de setembro, nos EUA (ainda sem data de exibição no Brasil). Como o trompetista de “Tremé”, Harrison foi para Nova York, em 1982, onde se revelou como integrante da banda The Jazz Messengers, do baterista Art Blakey.

“Aqui em New Orleans, sempre gostamos de diversos tipos de música”, afirma o saxofonista. “Porém, na época em que morei em Nova York, quando explicava meu conceito musical aos produtores das gravadoras, eles diziam que ninguém compraria um disco como os que eu queria fazer. Por isso decidi voltar para New Orleans, em 1989, e desde então só faço o que eu quero”.

Mais do que em seus álbuns (o recente “Quantum Leap” é bem jazzístico, embora também se abra ao funk e ao soul), Harrison costuma exibir todo seu ecletismo nos palcos. No último New Orleans Jazz Fest, ele iniciou seu saboroso show tocando jazz, funk e soul. Na parte final, assumiu sua persona Big Chief, cantando, vestido com uma vistosa fantasia de líder indígena.

“O Carnaval tem o mesmo significado, em New Orleans e no Brasil. Como aqui, a música brasileira também faz parte da vida diária. Toda vez que vou ao Brasil sinto como são fortes nossas conexões musicais", disse Harrison, que também vai exibir no Bourbon Street Fest seu personagem carnavalesco, acompanhado pelo duo Zulu Connection.


(entrevista publicada originalmente na "Folha de S. Paulo", em 13/08/2012)



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