Rio das Ostras Jazz & Blues: festival volta com elenco internacional ao vivo

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                                                                                          O pianista e cantor britânico Jon Cleary
                 

Após dois anos de sucessivos adiamentos, o produtor Stenio Mattos não esconde a ansiedade pela realização da 17ª edição do Rio das Ostras Jazz & Blues Festival – o maior evento gratuito do gênero na América Latina, que começa hoje (12/11), na cidade do litoral fluminense. A programação oferece durante quatro dias um total de 30 shows com atrações internacionais e locais.

“Este festival vai ser muito importante para toda a área da cultura. É o primeiro evento musical no país, desde o início da pandemia, com a presença de artistas internacionais”, diz o produtor. Por seguir as normas sanitárias recomendadas pela Organização Mundial de Saúde, além de adotar protocolos de segurança aprovados por órgãos competentes no país, o festival de Rio das Ostras foi escolhido como teste para futuros eventos, no Estado do Rio de Janeiro.

Atento à segurança da plateia, Mattos suspendeu a poucos dias do festival a utilização de um novo palco, já anunciado para esta edição. “Decidimos não arriscar. Os eventos programados para o palco Boca da Barra foram transferidos para o palco Lagoa de Iriry, que passará a ter shows em dois horários, com uma hora de intervalo e troca de plateias”, explica o produtor.

Na contramão da rápida flexibilização das medidas de segurança adotadas nos últimos dias, no Rio e em São Paulo, Mattos preferiu não alterar os protocolos definidos para seu festival ainda em setembro. Demonstrando cuidado com os frequentadores do evento, reduziu a capacidade de 20 mil pessoas à frente ao palco Costazul para 6 mil cadeiras.

As áreas dos shows serão cercadas e as pessoas ficarão sentadas a um metro de distância das outras. Para receber os ingressos, retirados gratuitamente com antecedência, é necessário fazer credenciamento antecipado. Também é exigido o comprovante de vacinação em duas doses contra a Covid-19 (ou uma dose no caso da vacina Janssen), além do uso obrigatório de máscaras.

A chamada Cidade do Jazz, área que envolve o palco principal do evento, oferece duas praças de alimentação, com 20 restaurantes. Rebatizada de Espaço Arthur Maia, a antiga Casa do Jazz é o palco para apresentações de bandas locais, nos intervalos entre os shows do palco Costazul. Ali também se encontra o Clube do Vinil, onde colecionadores podem comprar e trocar seus LPs raros, além de um espaço onde artesãos locais comercializam seus trabalhos.

Com os cerca de 2.800 leitos disponíveis na rede hoteleira de Rio das Ostras já praticamente ocupados pelos turistas, segundo Mattos, a economia da cidade voltou a respirar aliviada depois de enfrentar as fases mais difíceis da pandemia. Até a última edição do evento, em 2019, a média de injeção de capital na cidade durante os dias do festival foi de R$ 9 milhões, segundo pesquisas da FGV e do Sebrae.

“Isso prova que é possível levar música e cultura à população, gratuitamente, com retorno financeiro para o comércio e o setor hoteleiro da cidade. O festival é realizado para alavancar o turismo, para ativar a economia local”, afirma o produtor. Além de receber apoios de órgãos federais, estaduais e municipais, do Sesc e da Oceânica Engenharia, o evento conta com patrocínio das empresas Sapura, Enel e Vallourec do Brasil.

Entre as atrações musicais desta edição se destacam alguns instrumentistas conceituados, que já se apresentaram por aqui, na última década. Como o guitarrista e cantor norte-americano Eric Gales, craque do blues-rock, que costuma ser comparado a Jimi Hendrix, sua maior influência musical. Já o eclético pianista e cantor britânico Jon Cleary, radicado há décadas em New Orleans, costuma oferecer um variado cardápio musical, que vai do rhythm & blues ao jazz, passando pelo funk e pelo soul.

Para os fãs do jazz, outro show imperdível é o do saxofonista norte-americano Chris Potter, que já tocou e gravou com expoentes desse gênero. Em Rio das Ostras, ele fará uma inusitada parceria com o bandolinista Hamilton de Holanda, um dos grandes da música instrumental brasileira. O saboroso trio do organista Delvon Lamarr, que nasceu e vive em Seattle, pode agradar tanto aos apreciadores do jazz, como aos fãs do soul e do funk.

O elenco musical inclui mais dois norte-americanos: o gaitista e cantor Keith Dunn, que vive na Europa; e Roosevelt Collier, especialista em “steel guitar” (tocada na horizontal, como a guitarra havaiana). Entre as atrações brasileiras, destaque para as cultuadas bandas Azymuth e Black Rio. E ainda dois cantores: Nico Rezende, que fará um tributo ao jazzista Chet Baker, com seu quinteto; e Lancaster, um dos pioneiros do blues no Brasil.

Consulte a programação completa neste link: www.riodasostrasjazzeblues.com

(Texto publicado no caderno de cultura do jornal "Valor", na edição de 12/11/2021)


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