Baterias Brasileiras: projeto do Sesc reune Duda Neves e Igor Willcox, craques das baquetas

|

                                                                                                             O baterista Duda Neves

Grande parte da plateia estava ali, provavelmente, para ouvir o veterano Duda Neves, um dos maiores bateristas brasileiros, e ainda poder conhecer o jovem Igor Willcox, promissora revelação do jazz produzido em nosso país. O que ninguém esperava, nesse show do projeto Baterias Brasileiras (ontem, no Sesc Belenzinho, em São Paulo), é que esse encontro de diferentes gerações musicais seria tão emocionante.

Primeira atração da noite, Igor logo conquistou a plateia com duas saborosas composições próprias: “Brotherhood” e “The Scare”, faixas de seus álbuns “#1” (2017) e “Live!” (2018). Ao anuncia-las, visivelmente emocionado, o baterista falou sobre a sensação de dividir o palco com Duda, cujas pioneiras videoaulas foram essenciais para sua formação musical, na década de 1990. Carinhoso, o mestre até entrou no palco para abraçar o discípulo.

À frente de seu afiado quarteto, que destaca também os talentos do baixista Glécio Nascimento, do saxofonista Wagner Barbosa e do tecladista Vini Morales, Igor (na foto abaixo) fechou sua contagiante apresentação com o funkeado “Julie’s Blues” e “Lifetime”, homenagem ao baterista norte-americano Tony Williams (1945-1997), que o influenciou. O Igor Willcox Quartet certamente conquistou novos fãs nessa noite. 


Para quem, como eu, acompanha desde o final dos anos 1970 a cena da música instrumental e do jazz em São Paulo, ouvir Duda mais uma vez – ao lado dos craques Michel Freidenson (teclado) e Sylvinho Mazzucca Jr. (baixo), parceiros com os quais toca há quatro décadas – trouxe boas recordações. Naquela época era comum se ouvir esses músicos no bar Saint Germain (depois rebatizado de Sanja), no teatro Lira Paulistana ou na sala Guiomar Novaes da Funarte.

Duda também abriu seu show com duas composições próprias: as jazzísticas “Rito” e “Lucila”, faixas do hoje raríssimo álbum “Urucum” (1990). Como outros grandes bateristas, ele não se limita à marcação dos ritmos: fraseia e improvisa o tempo todo, esbanjando criatividade e estimulando os parceiros.

O tecladista Michel Freidenson também exibiu duas composições de sua autoria: a singela “Nasci para Você”, quase uma canção, e a jazzística “Je Suis Desolé”. Ao final do show, os dois bateristas e seus grupos ainda se juntaram para uma versão descontraída de “Cantaloupe Island” (Herbie Hancock). Que noite!

O projeto Baterias Brasileiras prossegue até dia 8 de dezembro, com outros shows de conceituados bateristas, como Carlos Bala, Fernando Amaro, Pupilo e Curumin, além de workshops e debates. Informações e compra de ingressos no site do Sesc SP







0 comentários:

 

©2009 Música de Alma Negra | Template Blue by TNB