Jazz e música instrumental originários de diversos países – Estados Unidos, Cuba, Japão, França, Inglaterra, Israel, México, Áustria e, naturalmente, o Brasil – representados por 23 artistas ou grupos musicais. É o que a quinta edição do festival Jazz na Fábrica vai oferecer de hoje a 30 de agosto, em três palcos do Sesc Pompeia, em São Paulo.
Basta uma rápida olhada na programação para se perceber que esse evento difere de muitos dos festivais de jazz realizados em nosso país ou mesmo no exterior. Em vez de somente tentar atrair o público com vistosos nomes do jazz e do blues, ou até mesmo da música pop, o Jazz na Fábrica já demonstrou em edições anteriores que sua curadoria busca focalizar a diversidade dos estilos jazzísticos, assim como a globalização crescente desse gênero musical.
"Temos a liberdade de fazer uma curadoria com esse viés mais educativo, formativo, da maneira mais abrangente possível”, observa Luciano Dutra, integrante da equipe de programação do Sesc Pompeia, responsável pela produção desse festival. “Nossa motivação não é especialmente diferente do que costumamos fazer aqui no Sesc, seja em música ou em outras áreas. Buscamos não apenas oferecer uma grade de programação, mas também possibilitar ao nosso público o contato com artistas que não estariam disponíveis em outros canais”, completa Thiago Freire, coordenador da equipe.
Quem inaugura o evento, hoje à noite, no palco da Choperia do Sesc Pompeia, é o saxofonista e compositor norte-americano Kenny Garrett, já conhecido entre o público brasileiro por suas participações em outros festivais. Muito bem acompanhado por Vernell Brown (piano), Corcoran Holt (contrabaixo), Marcus Baylor (bateria) e Rudy Bird (percussão), ele tem em seu currículo parcerias com grandes nomes do jazz, como Miles Davis, Art Blakey, Herbie Hancock, McCoy Tyner e Ron Carter, entre outros.
Uma característica do Jazz na Fábrica, praticada desde sua primeira edição, é a abertura para músicos adeptos de um jazz mais experimental ou próximo da vanguarda, que alguns preferem chamar de “free jazz”. Nesta edição, essa corrente musical estará representada pelo quarteto do baixista nova-iorquino William Parker. Ou ainda pelo veterano compositor e pianista Muhal Richard Abrams, um dos fundadores da lendária AACM (Associação pelo Avanço dos Músicos Criativos), em Chicago, na década de 1960, que fará dois concertos de piano solo.
Para aqueles que hoje encaram o jazz como uma linguagem universal, “falada” nos mais diversos cantos do mundo, o festival oferece um cardápio saboroso e variado: do eletrificado jazz-rock da veterana banda britânica Soft Machine ao jazz acústico do trio do jovem pianista israelense Shai Maestro (na foto ao lado, no centro), que inclui o baixista peruano Jorge Roeder e o baterista israelense Ziv Ravitz; das fusões do jazz com a cumbia e o funk temperadas pelo grupo mexicano Troker ao jazz contemporâneo do pianista japonês Makoto Kuriya, que terá em seu show as participações especiais dos brasileiros Monica Salmaso (vocais) e Teco Cardoso (saxofones e flautas); dos ritmos afros e caribenhos da big band norte-americana Jungle Fire aos improvisos contemporâneos do Barcode Quartet, que destaca os vocais da austríaca Annette Giesriegl.
Mesmo desfalcada pelo trompetista Roy Hargrove, que cancelou anteontem (por motivos de saúde) os shows que faria com a cantora italiana Roberta Gambarini, a programação do Jazz na Fábrica reserva para os jazzófilos menos afeitos a fusões eletrificadas os concertos do conceituado contrabaixista norte-americano Gary Peacock, com Marc Copland (piano) e Mark Ferber (bateria), ou ainda a apresentação do trio do pianista Laurent De Wilde, franco-americano cujo trio reúne Donald Kontomanou (bateria) e Bruno Rousselet (contrabaixo).
Entre as atrações nacionais, um dos destaques é o reencontro do Grupo Um, criado pelos irmãos Lelo (teclados) e Zé Eduardo Nazário (bateria e percussão), que marcaram a cena instrumental dos anos 1980 com suas incursões pela música eletroacústica. Na atual formação do grupo estão Mauro Senise (sax e flauta), Felix Wagner (clarinete baixo) e Frank Herzberg (contrabaixo).
A música instrumental brasileira também estará bem representada por duas formações maiores. A big band paulista Projeto Coisa Fina festeja o lançamento de seu segundo álbum (pelo selo Sesc), no qual interpreta composições de Moacir Santos, Jacob do Bandolim, Theo de Barros e Mozart Terra. Já a carioca Orquestra Atlântica usa instrumentos de sopro e cordas para suas releituras de “standards” da música popular brasileira, além de tocar composições próprias.
Os fãs do jazz vocal também não podem reclamar do elenco desta edição. Quem ainda não ouviu Tania Maria, maranhense radicada na França, desconhece uma das cantoras e pianistas mais carismáticas do jazz contemporâneo. Em dois shows, além de comandar seu trio, ela terá como convidado o percussionista carioca Armando Marçal.
Outra “lady” do jazz é a norte-americana Marlena Shaw, conhecida também por suas incursões pelo funk e pela soul music, que vai dividir o palco com a banda paulista Bixiga 70. Finalmente, a jovem cantora Daymé Arocena, promissora revelação da cena musical de Cuba, fará sua estreia em palcos brasileiros.
Outras informações na página do Jazz na Fábrica, no site do SESC SP
Jazz na Fábrica 2015: festival do Sesc SP focaliza a diversidade jazzística
Marcadores: Bixiga 70, Gary Peacock, Grupo Um, Jazz na Fábrica 2015, kenny garrett, Laurent De Wilde, Makoto Kuriya, Muhal Richard Abrams, Shai Maestro, Soft Machine, Tania Maria, william parker | author: Carlos CaladoPosts Relacionados:
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