Mathilda Kóvak: compositora lança ópera-rock em livro para adolescentes

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Desde a década de 80, quando começou a chamar atenção como uma enfant terrible do pop nacional, Mathilda Kóvak compôs centenas de canções, algumas gravadas por Zeca Baleiro, Ed Motta, Fernanda Abreu, Pedro Luís, Rita Lee e Suely Mesquita, entre outros intérpretes. Nos últimos anos, além de ter escrito uma pequena biografia do compositor Lamartine Babo (1904-1963), dedicou-se mais à literatura infantil.

No próximo domingo (2/10), a compositora e escritora niteroiense lança – na Livraria da Travessa, em Ipanema, no Rio de Janeiro – seu primeiro livro dirigido ao público adolescente: “A Maldição da Rainha do Rock” (Escrita Fina Edições). Nesta entrevista, ela comenta alguns de seus trabalhos musicais, critica a cena atual da MPB, justifica sua admiração pela inglesa Amy Winehouse e expõe as referências que inspiraram seu livro.


                                                A capa do quadrinista César Lobo
 
A história de seu novo livro, “A Maldição da Rainha do Rock”, me fez lembrar um filme que eu curti bastante, na década de 70, “O Fantasma do Paraíso” (Phantom of the Paradise, 1974). Dirigido pelo norte-americano Brian de Palma, ele transformou o romance “O Fantasma da Ópera”, de Gaston Leroux, em uma divertida ópera-rock. Esse filme está entre as referências de seu livro? Pode falar sobre elas?
Mathilda Kóvak - Eu adoro "O Fantasma do Paraíso", que foi, sim, uma das referências para a criação deste livro. Eu vi esse filme, nos anos 70 mesmo, num cinema cheio de adoradores de rock’n’roll, no Rio de Janeiro, numa sessão da meia-noite. Esse filme e outras óperas-rock me inspiraram, porque, como digo no livro, ele é a primeira ópera-rock literária de todos os tempos. Eu me inspirei também em "Rock Horror Picture Show", que vi num cinema de Nova York, com todas aquelas pessoas singing along, reproduzindo o que se passava na tela. Eu me lembro que, na época, pensei que aquilo seria o cinema do futuro. Algo interativo. E, claro, me inspirei em "Hair", "Jesus Christ Superstar" e em musicais mais antigos, da Metro e de Fred Astaire. Eu adoro musicais também. E meu sonho sempre foi escrever libretos. De certo modo, este pequeno livro foi uma espécie de realização-mirim deste sonho, embora ele seja mesmo um romance destinado ao público adolescente. Mas um romance musical, de todo modo.

Você já trabalhou em publicidade e em rádio e TV, é compositora, letrista, cantora, humorista e roteirista, mas nos últimos anos tem se dedicado com mais frequência à literatura para crianças e adolescentes. Como você explica – se é que existe alguma lógica – essa sua trajetória no campo cultural? 

Mathilda - Não existe exatamente uma lógica, mas eu diria que existe um denominador comum a tudo o que criei em diferentes frentes, que é o meu estilo. Depois de mais de 30 anos de profissões, eu posso dizer que tenho uma marca-registrada, que meu texto pode ser identificado como de minha autoria, por quem quer que o leia, tanto faz se é uma letra, um roteiro, um livro, é a mesma narradora. Cantar foi só uma forma de tornar mais direta esta narrativa. Porém, eu ainda quero me aventurar em outros campos, como a ciência e, neste livro, de certo modo, eu me exercitei um pouquinho nisto, porque ele também tem elementos de science fiction. Eu tenho uma alma de cientista. Gosto de experimentar. E, de alguma maneira, transitar por diferentes canais de expressão, foi uma espécie de pesquisa científica para mim, uma vez que os espécimes que encontrei, neste longo e diversificado caminho, eram dignos de classificação em compêndios de biologia e congêneres (risos).
Escrever para crianças é uma atividade que me acompanha, desde 1989, ou seja, há 22 anos. Minha estreia na literatura para adolescentes vem justamente com este livro. Um convite da Laura Van Boekel, da Escrita Fina, que me conhecia da Rocco, onde editei um livro infantil, "A Caixa da Pandura". Eu recebi algumas encomendas, ao longo desses anos, para escrever para adolescentes, só que não conseguia porque achava isso muito limitado, ao contrário do que ocorre na literatura infantil, que é solta, livre e lúdica. Mas os adolescentes do século XXI se parecem comigo e, portanto, foi mais fácil entrar no universo deles. Enfim, fora minha atividade como jornalista, que você se esqueceu de mencionar (risos), nunca planejei uma carreira específica. Eu sempre fui respondendo a convites.
Eu acho que, por uma razão que eu não sei até hoje explicar, sempre fui considerada uma mulher inteligente e original, que ninguém sabia exatamente para que servia e, portanto, eu era convidada a realizar coisas em diferentes áreas, porque achavam que eu tinha algo a comunicar. Até hoje isto acontece. Eu recebo convites para escrever para teatro, ou mesmo para me apresentar num teatro, e eu pergunto: "Mas fazendo o quê?". E me respondem: "o que você quiser". Eu nunca fui do tipo que batalha por nada, porque sou muito preguiçosa. Eu respondo a estímulos. E assim eu vou experimentando minhas ideias, que independem do meio, para existir.
Talvez eu me aventure no teatro também. Mas quero fazer alguma coisa diferente do que já foi feito, porque esta é também minha marca registrada. Talvez por não ser uma especialista em nada, quando sou chamada a realizar algo, eu faço diferente, mais por incompetência, do que propriamente por compromisso com a originalidade (risos). Fui chamada recentemente, por uma curadora de artes plásticas, para fazer uma exposição num centro cultural em SP. Eu tive a ideia de fazer uma exposição sobre mim mesma intitulada: "Mathilda Kóvak, a obra póstuma de uma artista viva". Eu tenho 52 anos, e acho que até hoje existem pessoas que pensam que eu sirvo para alguma coisa, mas não sabem exatamente o quê. Eu mesma me considero apenas uma boa redatora.

 
Não sei se você concorda, mas me parece que no cinema norte-americano das últimas décadas é marcante uma tendência à infantilização do espectador. Não é à toa que a maioria dos filmes de hoje produzidos em Hollywood, muitos calcados em super-heróis e histórias para crianças, parecem ser feitos para que as famílias possam ir com os filhos ao cinema. Obviamente, para que tantos os adultos como os adolescentes e crianças apreciem o mesmo filme, a solução é rebaixar, infantilizar o conteúdo. Como você vê essa questão? É a indústria que tenta transformar o público em criança, fazendo filmes feitos para serem vistos com um balde de pipoca e um barril de refrigerante na mão? Ou o ser humano que estaria sofrendo de uma espécie de síndrome de Benjamin Button?  

Mathilda - Na verdade, quando a indústria do entretenimento descobriu que existia um segmento adolescente, há mais ou menos 30 anos, que era capaz de consumir, em doses industriais, tudo o que fosse destinado a ele, começou a investir nele, maciça e massivamente. Este fenômeno veio acompanhado de pesquisas de marketing, que sempre existiram, mas que, ao se voltar para um público ainda em formação, tornaram a indústria ainda mais servil. Em vez de trazer conhecimento a este público, a indústria de massa começou a buscar nele elementos que pudessem atraí-lo. De certo modo, isto não apenas infantilizou o público, em geral, como contribuiu para a imbecilização dos adolescentes. Mas a sociedade norte-americana, berço dessa indústria, sempre teve uma tendência ao brinquedo, à infância eterna. Americanos não gostam de pensar na morte e, por esta razão, vivem uma infância de muitas décadas, como se pudessem adiar a finitude, recusando-se a crescer. Isto não é novidade. Peter Pan tem quase um século de existência.
O que é mais recente é o fato de que a indústria do cinema, principalmente, tenha se voltado para um único público, praticamente, ignorando o resto. Talvez porque este público de pais já tenha sido parte do início deste processo. Eu me lembro que, nos anos 70, quando eu era adolescente, a indústria começou a ensaiar os primeiros passos neste sentido. Eu fui uma adolescente que lia Dostoievsky, Tolstoi, Kafka, Thomas Mann e via filmes de Bergman, Fellini, os filmes noir da década de 40, enfim, eu não era exatamente uma adolescente típica de uma cidade balneária. Creio mesmo que ainda não existisse esta ideia de se criar algo exclusivamente destinado ao público adolescente, a não ser por um outro filme ou livro, que não tinham maior expressão. Mesmo o adolescente mais imbecil, da minha época, tinha uma certa cultura. Acho que foram Spielberg, George Lucas e derivados, que começaram com a teenmania. Porém, é interessante notar que agora, ainda que exista um público adolescente, que consuma produtos como "Crepúsculo," existe um outro público paralelo, surgindo talvez em virtude do aparecimento da internet, que funciona um pouco como máquina do tempo, e este segmento é mais criativo e exigente.
O meu livro foi construído a partir de pesquisas, junto a estes adolescentes, em seus blogs, no convívio com eles. Para ser sincera, eu tive que reescrever o livro todo, depois desta pesquisa, porque ele estava muito bobo antes. Existem adolescentes no século XXI, que andam colocando adultos no chinelo, em termos de conhecimento e criatividade. Digo, sem nenhuma demagogia, ou teenagogia, que aprendi muito com esses adolescentes e espero aprender muito mais. E acho mesmo que esta subserviência teen não vai durar muito tempo ainda, porque os adolescentes mesmos vão se tornar cada vez mais exigentes, com o que andam assimilando na internet. Estou quase convencida de que toda esta produção infantilizada atingiu o seu paroxismo e que, a partir de agora, vai começar a declinar. O Benjamin Button, por sua vez, veja você, foi escrito pelo Fitzgerald, na era do jazz. O filme já é uma infantilização do conto, que, aliás, não tem absolutamente nada a ver com o filme. Eu não sei se o ser humano está sofrendo de uma síndrome de Benjamin Button, mas os produtores de cinema de Hollywood certamente estão. E estão se ferrando por isto. As séries norte-americanas que apostam em temáticas mais adultas são muito mais bem-sucedidas do que os filmes. Ainda assim, acho que é possível criar para adolescentes, sem cair no tatibitati.

No final da década de 90, ao cobrir o New Orleans Jazz & Heritage Festival, na Louisiana (EUA), tive o prazer de conhecer e entrevistar Katrina Geenen, cantora e produtora de rádio, que lançou em 2001 o álbum “High & Low”, interpretando 11 canções de sua autoria – algumas em versões bem jazzísticas. Como foi essa experiência com ela?  

Mathilda - A Katrina é uma das maiores cantores e artistas que conheço. Ela tem uma voz que não se parece com a voz de nenhuma outra cantora e um jeito de interpretar muito particular também. Foi algo realmente mágico este nosso encontro. Ela queria gravar um cd e não achava um repertório inédito com o qual se identificasse e, um dia, na casa de Rita Peixoto, uma excelente cantora brasileira, ela ouviu algumas músicas de minha autoria compostas originalmente em inglês, e quis fazer um disco inteiro só com composições minhas. Eu, por minha vez, procurava uma intérprete de língua inglesa para essas canções. Assim, ela convidou o Paulo Baiano, que havia produzido o meu CD, e fez um songbook de minha obra anglófona (risos). O CD foi muito bem acolhido pela crítica, em New Orleans. Fui comparada a Derrida e louvada como uma letrista do padrão de um Cole Porter. Eu fiquei bastante envaidecida, claro, com os elogios, e acho mesmo que minhas letras em inglês são superiores às em português, porque, como meu vocabulário em inglês é menor, eu escolho as palavras certas e tenho mais poder de síntese. Além disto, minha formação foi constituída através de canções em inglês, muito mais do que em português, porque sou uma fanática pela música americana, de todo o século XX.
 
Conheci seu trabalho musical em 1990, na época em que você era a líder da banda pop Os Mathildas, de breve duração. Com todo esse revival de bandas dos anos 70 e 80, vocês já pensaram em rearticular os Mathildas?  

Mathilda – (risos) Bom, eu até que gostaria muito de reunir o Mathildas, mas dois de seus integrantes moram, há 18 anos, nos Estados Unidos. O que fiz foi reunir, com o Pedro Montagna, baixista da banda, e um dos donos da Livraria da Travessa, onde farei o lançamento do livro, várias gravações da banda, que somam mais de 40 canções. A ideia é masterizar e lançar num CD. O trabalho com Mathildas é um dos que mais gosto. Eu até hoje, quando o ouço, acho que antecipamos muita coisa. Esta banda teve excelente acolhida da crítica, tanto no Rio, quanto em São Paulo e Belo Horizonte. Chegamos a ter um contrato com a WEA. Nunca vou me esquecer da cara do Liminha, quando ele ouviu a gravação de "Com a Macaca", a música de trabalho, no estúdio Nas Nuvens. Ele ouviu, perplexo, e disse: "Nossa, muito doido. Muito bom. Não se parece com nada que eu já tenha ouvido antes". E realmente não se parecia (risos). E sabe o que era o ritmo que intrigou o produtor? Um exercício de baixo, sobre o qual eu coloquei uma letra, criada por mim e pela Patricia Wuillaume, tecladista da banda, durante a projeção do filme do Caetano Veloso, no Fest Rio. O Arthur Omar, que tinha sido meu professor de cinema, se levantou na sala de projeção e gritou: "Esse filme é uma merda". Eu disse, então, para a Patrícia: "Nossa, ele tá com a macaca". Aí a gente fez a letra, ali mesmo, com as pessoas ao lado, fazendo: "psiu, psiu." Mas o filme era muito chato e a gente se distraiu inventando uma letra.

Como você encara a cena musical de hoje no Brasil? É uma época criativa?  

Mathilda - Se você pensar em mainstream, é, sem dúvida, a pior época da música no Brasil. Mas o circuito alternativo apresenta trabalhos bons e criativos, como o trio Sinamantes, da minha parceira Natalia Mallo, a Claudia Dorei, ambas de SP, ou bandas de rock´n roll formada por meninas, como algumas que participaram do CD “Mrs. Lennon”, em homenagem a Yoko Ono, no qual fiz uma faixa. Há também bandas de adolescentes muito interessantes aparecendo. Eu conheci um músico de Niterói, de 17 anos, que me deixou muito impressionada. Ele se chama Caio Mazur. Suas letras se parecem muito com as letras do Mathildas. Falam de morte, suicídio e outros temas pesados, com bom humor. O Theo Cunha, que tem 15 anos, também é uma promessa da música, para mim. Ele, aliás, inspirou um dos personagens do livro. Existe também um menino, que eu conheci, quando ele tinha 12 anos, o Diogo Strausz, que hoje tem 21 anos e é um guitarrista fenomenal de rock. E já ouvi falar muito bem de bandas de rock’n’roll, que andam aparecendo na periferia de SP. Acho que a internet trará à tona muita gente criativa na música de todos os lugares.
Agora, essa chatice de MPB, com cantoras que primam pela sensaboria, ou fórmulas reeditadas há quatro décadas, realmente, é insuportável. Acho que a última leva de gente criativa, na música brasileira, veio mesmo com o rock dos anos 80 e se estendeu ao início dos 90, com bandas como a minha, Mulheres Negras, Luni e similares. O que veio depois foi um decalque da Tropicália, do qual eu fiz parte também com o Retropicália, O Ovo e Bolsa Nova, cujos integrantes, com raras exceções, caíram na mesmice. O problema do Brasil é que se criam, desde os anos 60, uns feudos, umas glebas, que contribuem para o afunilamento do mercado. Por fim, a atitude desses artistas, que não querem largar o osso, acaba por ser burra, porque o mercado se empobreceu de uma tal forma, que eles mesmos, o senhores feudais do nosso cancioneiro, estão sofrendo os prejuízos. A concorrência é a alma do bom negócio. Se você não tem desafios, se você é hegemônico, você não cresce como artista. E o mercado, por sua vez, também passa a sofrer de nanismo artístico.


Quem acompanha suas intervenções no Facebook sabe que você é fã ardorosa de Amy Winehouse. Sei também que você gosta de jazz e blues. O que você tem ouvido de bom nos últimos tempos?   

Mathilda - Eu acompanho este seu blog e pesquiso suas indicações, porque você sempre indica boas novidades, no jazz e no blues. A Amy Winehouse foi realmente a única cantora que me sensibilizou nos últimos anos. Não apenas por ser uma intérprete fantástica e uma compositora genial, mas por sua atitude iconoclasta. Eu realmente achei, quando ela ganhou todos aqueles Grammys, que iria haver uma guinada no mercado, saturado de Madonnas e seus carbonos. A Madonna deu início à saga das cantoras-executivas, das agências de publicidade cantantes, das marqueteiras. Nunca foi uma artista de verdade. Quando a Amy surgiu, eu e muita gente pensamos: "Até que enfim".
Sinceramente, eu custo a crer que ela tenha cumprido esta sina dos 27 anos. Chego a pensar mesmo numa armação de gravadora ou algo parecido. Era muito óbvio. Dizem que ela deixou 30 gravações inéditas. A julgar pela que saiu no CD do Tony Bennett, e pelo que eu vi aqui, no show dela, ainda teremos material de Amy Winehouse muito superior ao de qualquer outra cantora branca contemporânea. Digo branca, porque não dá pra concorrer com as cantoras negras, que são as melhores de todas. Mas Amy Winehouse tinha alma negra e parecia receber mesmo o espírito de divas do soul e do jazz. E, de qualquer maneira, ela era ainda uma compositora extraordinária, com letras extremamente pessoais e uma musicalidade infinita. Ela me comove, me emociona muito.
Agora, eu ando com mania também de ouvir Kate Bush. Na era punk, de onde vim, eu tinha que esconder que gostava dela. Hoje em dia, os fãs de Kate Bush saíram do armário, inclusive, o sex pistol John Lydon. Ela é uma compositora muito original e uma cantora que também tem uma personalidade singular. Tenho ouvido o CD “Red Shoes”, que já é antigo, mas que comprei recentemente. Tenho ouvido bastante também o Saara Saara, uma banda independente liderada por um artista muito criativo, Servio Tulio, que também tem um trabalho muito interessante, chamado Kabarett Berlin. Ouço também, na Rádio Roquete Pinto FM, na internet, o programa “Geléia Moderna”, que sempre apresenta uma infinidade de gente boa do mundo todo, de que infelizmente não tenho mais cabeça para decorar os nomes. E ouço bastante música clássica, na rádio MEC FM. E ouço algumas rádios da internet, quando me mandam links. Eu recebo indicações musicais muito boas, tanto contemporâneas, quanto antigas, mas pouco conhecidas, via internet.
Eu perdi a vontade de fazer música, porque, mesmo que eu ficasse 24 horas por dia, só ouvindo música, eu não conseguiria ouvir tudo de bom que é ou foi produzido no mundo. Apesar de o mercado, sobretudo no Brasil, ter se estagnado, a música está aí, na internet, pra quem quiser ouvir, e de graça. Eu acho isso maravilhoso. E tenho muito orgulho de ter tido uma de minhas canções, "Resurrection", numa lista das mais baixadas da internet. Meu CD, "Mahatmathilda, a Evolução de Minha Espécie", também foi pirateado nos quatro cantos do mundo. Meu primo entrou numa loja, que ele me disse ser a mais chique de Barcelona, e deu de cara com uma edição pirata do meu CD. Eu acho tudo isto uma insurreição. Adoro ser contrabandeada deste jeito. Acho muito melhor do que ser roubada por uma gravadora major, ou pelo ECAD, e ainda tenho planos de criar um site para disponibilizar todas as mais de 700 canções que compus, para quem quiser baixar. Por mim, a arte seria distribuída de graça e os artistas seriam bancados por fundações. Talvez estejamos caminhando para isto. Como disse Nietzsche, tem que haver o caos para que dele surja uma fulgurante bailarina.




1 Comentário:

P R v B disse...

Math, a grande pensadora (e verbalizadora) dos últimos vinte anos.
Que esse nome reverbere impiedosa e inexoravelmente entre nossos jovens.

 

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