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James Cotton: veterano gaitista diz que o blues faz as pessoas mais felizes
Marcadores: blues, howlin wolff, ilha comprida, james cotton, little walter, muddy waters, sonny boy williamson | author: Carlos CaladoO público paulista terá a oportunidade de ouvir ao vivo um dos últimos expoentes da geração musical que fez a transição entre o blues rural do delta do rio Mississipi e o blues urbano e eletrificado de Chicago. O gaitista norte-americano James Cotton, 78, vai se apresentar hoje e amanhã (26 e 27/7), no Sesc Belenzinho, em São Paulo. A turnê do bluesman, que já passou por Porto Alegre (23/7) e Caxias do Sul (24/7), termina com sua apresentação no 8º Ilha Comprida Blues Festival (domingo, 28/7), no litoral paulista.
“Sou casado com minha gaita há mais de 60 anos, mas hoje já não compareço tanto. Às vezes fico uns dias sem tocá-la”, diverte-se o veterano bluesman, em entrevista à "Folha de S. Paulo", por telefone.
Depois de enfrentar um câncer na garganta, em meados dos anos 1990, Cotton passou a falar com dificuldade. Foi obrigado a deixar de cantar nos shows, mas continua a tocar com o vigor e o sentimento que o levaram a se tornar um dos gaitistas mais conceituados do gênero.
“Não sei se conseguiria fazer outra coisa na vida. Toco blues há tanto tempo que fica até difícil pensar em outra possibilidade”, comenta o músico e compositor, que terá a seu lado Jerry Porter (bateria), Tom Holland (guitarra), Noel Neal (baixo) e Darrell Nulisch (vocais).
Como outros blueseiros de sua geração, Cotton encarou uma vida bastante dura, que reproduz a própria trajetória do blues. Nascido em uma plantação de algodão, no Mississipi, ficou órfão aos 9 anos. “Minha família não tinha quase nada. Eram tempos bem difíceis”, relembra.
No entanto, o talento que já demonstrava na infância, ao soprar uma gaitinha que ganhou da mãe, o salvou. Um tio o levou para ter aulas com Sonny Boy Williamson, que se tornou seu tutor e a primeira influência musical. Aos 15 anos, em Memphis, Cotton já tocava ao lado de ninguém menos que Howlin’ Wolf, com o qual gravou e viajou por dois anos.
Graças a essa exposição foi convocado para substituir Little Walter na banda de Muddy Waters, o bluesman mais influente de Chicago. Depois de 12 anos com ele, partiu para uma bem sucedida carreira solo. Na década de 1970, aumentou mais ainda seu fã clube ao abrir com frequência shows de Led Zeppelin, Janis Joplin, Santana e outros astros da cena do rock.
Décadas depois, Cotton já não encara mais o blues como a melancólica música negra que conheceu nos campos de algodão do Mississipi. “Hoje, para mim, o blues traz um sentimento bom, uma sensação de felicidade no coração. Ele faz as pessoas se sentirem melhor”.
(texto originalmente publicado na versão online da "Folha de S. Paulo", em 23/7/2013).
Alligator Records: conceituado selo de blues volta a ser distribuído no Brasil
Marcadores: albert collins, blues, bruce iglauer, buckwheat zydeco, gospel, Holmes Brothers, james cotton, janiva magness, johnny copeland, koko taylor, mavis staples, robert cray, soul, tommy castro | author: Carlos CaladoNo ano em que festeja o 40º aniversário, a Alligator Records, conceituada gravadora de blues, retorna ao mercado brasileiro após um hiato de quase uma década. Graças à parceria com o selo carioca Delira Música, dez álbuns de seu catálogo já estão disponíveis por aqui.
Baseada em Chicago (EUA), a Alligator é dirigida até hoje por seu fundador, o produtor Bruce Iglauer, entusiasta do blues que distribuía seus primeiros discos com uma caminhonete. "Sou uma espécie de pastor que tenta converter todos à minha religião", disse ele a este repórter, em 1994, quando esteve pela primeira vez em São Paulo, acompanhando a cantora Koko Taylor (1928-2009).
Dona de um vozeirão potente, bem ao estilo do blues clássico de Chicago, Koko está representada no pacote por “Old School” (2007), álbum premiado com o Grammy. Também é homenageada pelo gaitista James Cotton, outro ícone do gênero, que incluiu seu “Blues for Koko” no repertório do CD “Giant” (2010).
Centrado em álbuns inéditos no Brasil, gravados na última década, o pacote mostra também a diversidade do catálogo Alligator. Um exemplo precioso é “Have a Little Faith” (2004), da veterana Mavis Staples, que interpreta com a voz rascante uma emotiva coleção de canções entre o rhythm & blues, o soul e o gospel. Carismática também é Janiva Magness, revelação do R&B, que esbanja talento e garra, em “What Love Will Do” (2008).
O rhythm & blues e o soul estão presentes também, em doses generosas, tanto no dançante repertório do californiano Tommy Castro (“Hard Believer”, 2009), como no saboroso “State of Grace” (2008), do trio The Holmes Brothers, que mistura material próprio e releituras de canções de John Fogerty, Hank Williams e Lyle Lovett.
A diversidade se amplia nos CDs restantes. Quem acha que o sanfoneiro Buckwheat Zydeco limita-se ao gênero típico da Louisiana, que usa como nome artístico, vai se surpreender ao ouvir “Lay Your Burden Down” (2009). Mais inusitado é o álbum do gaitista Corky Siegel, que faz “blues de câmara” com um quarteto de cordas e percussão. Já o também gaitista Rick Estrin está mais próximo do jump blues e do rockabilly dos anos 1950.
O pacote inclui ainda a reedição de um dos best-sellers da Alligator: “Showdown!” (1985), que registra o radiante encontro dos guitarristas Albert Collins, Robert Cray e Johnny Copeland. Um álbum essencial na discoteca de qualquer fã do blues moderno.
(texto publicado no "Guia Folha - Livros, Discos, Filmes", em 29/07/2011)
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