New Orleans Jazz Fest: alto nível da 49ª edição promete grande festa no próximo ano

|

                                                    
                                                                     A cantora Dianne Reeves, no New Orleans Jazz Fest 2018

Terminou no último domingo a 49.a edição do New Orleans Jazz & Heritage Festival, um dos maiores eventos musicais do mundo. A comemoração dos 300 anos da cidade, capital cultural do estado americano da Lousiana, fazia prever muitas menções a essa efeméride durante as sete tardes de shows, mas a música acabou falando mais alto.

Atração final do festival no maior de seus 12 palcos, o instrumentista e cantor Trombone Shorty (hoje o musico mais popular de Nova Orleans na cena internacional) fez uma homenagem ao saxofonista Charles Neville. Ex-integrante da lendária banda The Neville Brothers, que encerrou o Jazz Fest durante decadas, ele morreu aos 79 anos em 26/4, véspera da abertura do evento.

Shorty, de 32 anos, relembrou emocionado do convite que recebeu, ainda adolescente, para participar de um show dos Neville Brothers no Jazz Fest. E chamou ao palco os músicos Cyril, Ian e Ivan Neville (irmão e sobrinhos do saxofonista) para cantarem juntos "Fire on the Bayou", um dos hits dos irmãos Neville.

Conhecida dos paulistanos por suas temporadas no clube Bourbon Street, a cantora Charmaine Neville dançou muito durante sua exuberante apresentação, no sábado. "Sei que meu pai está aqui em espírito", disse, logo ao entrar em cena, tentando conter a emoção. 


No dia anterior, o cultuado cantor Aaron Neville (na foto ao lado), que se apresenta com os Neville Brothers desde 1977, já tinha levado para o palco o saxofone do irmão, em seu show no festival. "Ele está aqui com a gente", disse, visivelmente abatido. 

Tristezas à parte, não faltaram alegria e animação durante o último final de semana. "Não sei explicar como isso aconteceu, mas este é o nosso 40.º show no Jazz Fest", brincou no sábado Tony Dagradi, saxofonista do Astral Project, sensacional quarteto de jazz da cidade, que merece ser mais conhecido internacionalmente.

No mesmo palco dedicado ao jazz moderno, a carismática cantora Dianne Reeves já foi ovacionada logo ao entrar em cena. Seu excelente guitarrista e violonista, o carioca Romero Lubambo, também brilhou durante todo o show, especialmente na releitura jazzística da bossa "Corcovado” (Tom Jobim).

No domingo, enquanto Jack White entretia a plateia mais jovem com seu rock, no palco dedicado à música negra urbana, o veterano cantor Smokey Robinson, 78, atraiu uma multidão de fãs de várias geracões para ouvir sucessos do soul e do R&B, que compôs para o clássico selo Motown, como "My Girl", "Get Ready" e "I Second That Emotion".

Outro veterano que o público de domingo não queria deixar sair mais de cena foi o guitarrista e cantor Buddy Guy. Aos 81 aos, o expoente do blues de Chicago não deixou por menos: depois de eletrizar a plateia por mais de uma hora, ainda desceu do palco e foi tocar "Slippin'in" no meio dos fãs.

Como já é habitual, num festival com cerca de 500 atrações musicais, não faltaram revelações. Como a talentosa cantora Quiana Lynell, que fez uma participação especial no show do trompetista Terence Blanchard, que está produzindo seu disco de estreia. Ou o guitarrista e cantor Mr. Sipp, músico do Mississippi que surpreendeu na tenda de blues.

Pelo alto nível musical que o New Orleans Jazz & Heritage Festival exibiu neste ano, sua edição de 50 anos promete uma daquelas festas para ficar na memória por muito tempo.

Resenha publicada parcialmente na "Folha de S. Paulo", em 8/05/2018. Viagem realizada a convite do New Orleans Visitors Bureau e do B on Canal Hotel. 



0 comentários:

 

©2009 Música de Alma Negra | Template Blue by TNB