B.B.King: fãs do rei do blues têm nova chance de vê-lo no palco

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Três anos atrás, ele se despediu oficialmente de seus fãs no Brasil e no mundo, em uma longa turnê marcada por lágrimas e mútuas declarações de amor. Felizmente, quem passou toda a vida na estrada como ele, fazendo centenas de show por ano, dificilmente aguentaria o tédio da aposentadoria. Aos 84 anos, B.B. King, o carismático rei do blues, está de volta  aos palcos. Sorte nossa!

A nova turnê brasileira de B. B. King começa no Rio de Janeiro, (16/3, no Vivo Rio), segue por São Paulo (18/3, no Bourbon Street; 19 e 20/3, no Via Funchal) e termina em Brasília (22/3, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães). Preços de ingressos e outras  informações estão disponíveis no site www.bbking.com.br

Lembrando a última visita do rei do blues ao país, recordo a seguir a entrevista que fiz com ele durante sua turnê de despedida, publicada na Folha de S. Paulo, em 2/12/2006.

Despedida de B.B. King emociona a platéia paulista
CARLOS CALADO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
 

A platéia que lotou o Bourbon Street, anteontem à noite, já deve estar sentindo saudade. Na estréia de sua turnê de despedida dos palcos brasileiros, B.B. King comoveu os fãs e se emocionou. O showbiz mundial começa a perder um de seus astros mais carismáticos.

“Minhas pernas não estão boas, minhas costas também não, e a cabeça já não é a mesma”, avisou o guitarrista, explicando com humor porque já só pode tocar sentado. O que não o impediu de conquistar a platéia logo no primeiro blues, nem de dançar na cadeira. “Se alguém aqui estiver próximo da minha idade, não aconselho a requebrar assim”, brincou.

Não faltaram clássicos dançantes do rhythm’n’blues, como “Why I Sing the Blues” e “Rock Me, Baby”. Nem blues lentos, como “Key to the Highway”, cuja letra parecia escrita para a ocasião: “Me dê mais um beijo / antes que eu vá embora / quando eu for, desta vez / você sabe que não volto mais”, cantou King, sem esconder a emoção.

Claro que um veterano mestre na arte de entreter, como ele, jamais deixaria a melancolia prevalecer, mesmo na hora do adeus. Esperto, escolheu a festiva “When the Saints Go Marchin’ In” para a despedida. Minutos antes de entrar no palco, o rei do blues falou à
Folha, com exclusividade:

O sr. passou quase toda a vida na estrada, fazendo shows. Já pensou como vai aproveitar o tempo livre?

B.B. King – Vou pescar ou passear na Disneylândia (risos). Não acho que sentirei falta das viagens, porque pretendo trabalhar em novos discos. Não vou parar de tocar até que as minhas mãos deixem de funcionar. Tenho 81 anos, mas gostaria de viver mais uns 19.

Como vê a cena musical dos EUA hoje dominada pelo hip hop?

King - Acho positivo. Quando eu era garoto, tínhamos o boogie-woogie (risos). Acho que devemos prestar nas histórias que eles contam. Só não gosto de como tratam mal as mulheres. Elas são o maior presente que Deus deu ao planeta.

Vinte anos atrás, o sr. me disse que não se considerava o rei do blues, nem o melhor em nada. Como se vê hoje?

King – Acho que tudo que eu faço alguém pode fazer melhor. Não é falsa modéstia. Aos 81 anos, não tento me enganar. Conheço meu trabalho e sei que o faço bem, apenas isso.

Qual foi o melhor momento de sua carreira?

King - Dois anos atrás, o governador e os deputados do Mississippi, onde nasci, me homenagearam. Chorei muito. Quando eu era jovem tinha medo até de passar perto do campus da universidade, porque os negros não podiam ir a qualquer lugar. Tudo era segregado.

E o pior momento?

King - Tento esquecer as coisas ruins. Perder minha mãe foi muito triste, mas depois que me tornei músico passei a me lembrar só das coisas boas.

O sr. se arrepende de não ter feito algo?

King - Só lamento não ter vivido um casamento feliz, como muita gente. No mais me arrependo de poucas coisas. Levei muito tempo para me tornar conhecido no mundo, mas antes tarde do que nunca. Nem todos gostam do que faço, mas pelo menos muita gente me conhece. Isso me faz bem.

Como quer ser lembrado no futuro?

King - Honestamente, gostaria que pensassem em mim como um amigo, alguém de quem as pessoas gostavam. Só isso.




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