Para muitos dos que foram ver e ouvir o multi-instrumentista
e compositor norte-americano Kahil El’Zabar (ontem, 26/10, no festival Sesc
Jazz, realizado no Sesc Pompeia e em outras unidades dessa entidade paulista) é
provável que essa apresentação tenha sido uma surpresa ou até mesmo uma sedutora
revelação musical.
Com uma carreira ligada ao jazz de vanguarda, que se
estende por mais de cinco décadas, esse baterista e percussionista de Chicago
(EUA) já cultivou parcerias com renomados instrumentistas dessa vertente
jazzística, como Archie Shepp, David Murray, Pharoah Sanders e Billy Bang,
entre outros.
Quem ainda não o conhecia nos palcos, certamente se surpreendeu ao ouvir sua
inusitada releitura da clássica canção “Summertime” (de George Gershwin). Dedilhando
uma kalimba (instrumento de origem africana, também conhecido como “piano de
polegar”), ele desenvolveu uma longa e insólita improvisação.
Em vez de entoar os conhecidos versos de DuBose Heyward, como
faria um cantor, El’Zabar combina seu talento para os improvisos instrumentais com
a expressividade típica de um ator: mistura vocalismos com murmúrios, gemidos e
muitas expressões faciais. Aliás, seus solos de bateria também merecem ser
vistos, não apenas ouvidos, justamente por causa de sua expressão corporal e senso
de humor.
Bem acompanhado por Alex Harding (sax barítono), Corey
Wilkes (trompete) e Ishmael Ali (violoncelo), integrantes de seu Ethnic Heritage
Ensemble, El’Zabar faz uma reveladora declaração, em um documentário de curta
duração que comemora o cinquentenário desse conjunto musical (disponível em
vídeo no YouTube):
“Nunca busquei a perfeição, eu busco a expressão. Não ter medo de errar abre
muitas possibilidades de novas descobertas”, afirma o músico de Chicago, que a
exemplo de vários de seus parceiros musicais também é ligado à lendária Associação
pelo Avanço dos Músicos Criativos (AACM), fundada nessa cidade, em 1965.
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