O Piano Brasileiro: projeto reúne nove pianistas na Casa do Núcleo, em São Paulo

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Nove pianistas de diferentes gerações com destaque nas cenas da música brasileira e do jazz – Amilton Godoy, Fábio Torres, Tiago Costa, Heloísa Fernandes, Hércules Gomes, Julia Tygel, Karin Fernandes, Zé Godoy e Benjamim Taubkin – vão participar do projeto O Piano Brasileiro, de 1º a 3 de agosto, na Casa do Núcleo, em São Paulo.

A programação inclui oficinas, workshops, palestras, vídeos e performances. Além de trocar experiências nas atividades vespertinas, três pianistas vão se apresentar em cada uma das noites, em shows que prometem encontros inéditos.

Mais detalhes sobre a programação, inscrições e horários, no site da Casa do Núcleo.

Marcelo Martins: saxofonista de astros da MPB brilha em seu primeiro álbum solo

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Mesmo que você não consiga identificar o saxofonista e flautista Marcelo Martins, certamente já o ouviu. Desde os anos 1990 ele participou de centenas de gravações e shows, acompanhando grandes nomes da música brasileira, como Djavan, Gal Costa e João Bosco, entre outros.

Não é à toa que "Do Outro Lado" (selo independente), o primeiro disco individual desse instrumentista, compositor e arranjador fluminense soa tão maduro e bem realizado. “Algo a Dizer”, solo de sax tenor que abre o álbum, sugere o motivo da demora em gravá-lo: Marcelo só achou que tinha algo relevante a “dizer”, em um trabalho próprio, depois dos 40 anos. 


Autor de oito das nove faixas, da sensível balada “Boa Companhia” ao sofisticado samba “Amanhecendo”, ele exibe seu talento em arranjos escritos para diferentes formações instrumentais, contando com músicos do primeiro time nacional, como o trombonista Vittor Santos, o baixista Arthur Maia e o baterista Márcio Bahia. Reunião de feras para festejar o tardio “batizado” de um craque da música instrumental. 

(resenha publicada no "Guia Folha - Livros, Discos, Filmes", edição de 27/7/2013)

James Cotton: veterano gaitista diz que o blues faz as pessoas mais felizes

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                                                                                                                     Photo: Edgard Radesca

O público paulista terá a oportunidade de ouvir ao vivo um dos últimos expoentes da geração musical que fez a transição entre o blues rural do delta do rio Mississipi e o blues urbano e eletrificado de Chicago. O gaitista norte-americano James Cotton, 78, vai se apresentar hoje e amanhã (26 e 27/7), no Sesc Belenzinho, em São Paulo. A turnê do bluesman, que já passou por Porto Alegre (23/7) e Caxias do Sul (24/7), termina com sua apresentação no 8º Ilha Comprida Blues Festival (domingo, 28/7), no litoral paulista.

“Sou casado com minha gaita há mais de 60 anos, mas hoje já não compareço tanto. Às vezes fico uns dias sem tocá-la”, diverte-se o veterano bluesman, em entrevista à "Folha de S. Paulo", por telefone.

Depois de enfrentar um câncer na garganta, em meados dos anos 1990, Cotton passou a falar com dificuldade. Foi obrigado a deixar de cantar nos shows, mas continua a tocar com o vigor e o sentimento que o levaram a se tornar um dos gaitistas mais conceituados do gênero.

“Não sei se conseguiria fazer outra coisa na vida. Toco blues há tanto tempo que fica até difícil pensar em outra possibilidade”, comenta o músico e compositor, que terá a seu lado Jerry Porter (bateria), Tom Holland (guitarra), Noel Neal (baixo) e Darrell Nulisch (vocais).

Como outros blueseiros de sua geração, Cotton encarou uma vida bastante dura, que reproduz a própria trajetória do blues. Nascido em uma plantação de algodão, no Mississipi, ficou órfão aos 9 anos. “Minha família não tinha quase nada. Eram tempos bem difíceis”, relembra.

No entanto, o talento que já demonstrava na infância, ao soprar uma gaitinha que ganhou da mãe, o salvou. Um tio o levou para ter aulas com Sonny Boy Williamson, que se tornou seu tutor e a primeira influência musical. Aos 15 anos, em Memphis, Cotton já tocava ao lado de ninguém menos que Howlin’ Wolf, com o qual gravou e viajou por dois anos.

Graças a essa exposição foi convocado para substituir Little Walter na banda de Muddy Waters, o bluesman mais influente de Chicago. Depois de 12 anos com ele, partiu para uma bem sucedida carreira solo. Na década de 1970, aumentou mais ainda seu fã clube ao abrir com frequência shows de Led Zeppelin, Janis Joplin, Santana e outros astros da cena do rock.

Décadas depois, Cotton já não encara mais o blues como a melancólica música negra que conheceu nos campos de algodão do Mississipi. “Hoje, para mim, o blues traz um sentimento bom, uma sensação de felicidade no coração. Ele faz as pessoas se sentirem melhor”.


(texto originalmente publicado na versão online da "Folha de S. Paulo", em 23/7/2013).

 

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