Average White Band: funk da banda escocesa mostra a globalização da música negra

|

Uma banda escocesa, tocando funk, em um festival de jazz na Suíça? Pode parecer meio insólito, mas o show da Average White Band, no Montreux Jazz Festival, relembrado agora no CD "Live at Montreux, 1977" (lançamento ST2), merece a atenção de qualquer um que tenha interesse pela música pop desse período.

Só o “feeling” musical dos saxofonistas Malcolm “Molly” Duncan e Roger Ball, que criaram a AWB, no final dos anos 60, para tocar soul e rhythm & blues, pode explicar tamanha façanha. Contratados pela gravadora Atlantic, esses escoceses chegaram ao topo do “hit parade” norte-americano, em 1975, com o tema instrumental “Pick Up The Pieces”.


Foi com esse funk irresistível, realçado pela guitarra rítmica de Hamish Stuart, que a AWB abriu seu show em Montreux, dois anos depois. Outras canções assinadas pela banda, como a balada-soul “A Love of Your Own” ou os funks “Person to Person” e “Cut the Cake” confirmam que, já naquela época, o idioma da black music norte-americana estava se tornando universal.

(resenha publicada no "Guia Folha - Livros, Discos, Filmes", edição de 31/3/2012)

Luis Felipe Gama, Ana Luísa e Natan Marques: um CD para ser apreciado como um livro

|

                                                      O pianista Luis Felipe Gama e a cantora Ana Luiza


Se você é um daqueles que costumam dizer que já não se faz mais canções de alta qualidade, como os clássicos da MPB da década de 1960, precisa ouvir este disco. Difícil não lembrar, em algum momento, de Tom Jobim, Vinicius de Moraes, Chico Buarque ou Edu Lobo, quando se escuta as sofisticadas canções do pianista Luís Felipe Gama com a cantora Ana Luiza e o violonista Natan Marques, além de outros parceiros eventuais.

Nos dois CDs do álbum “Entrelaço” (lançamento do selo Cooperativa), não há concessões ao gosto médio. As 21 composições – da lírica “Canção Pra Iara” (de Marques e Gama) ao inventivo “Frevo Torto” (Gama) – são entremeadas por poemas, que esboçam uma narrativa romântica e onírica.


A belíssima voz de Ana Luiza, as linhas incomuns do piano de Gama e a sutileza do violão de Marques buscam o equilíbrio, sem chamar muita atenção, colocando-se a serviço dos versos e das melodias. Um disco para ser apreciado em silêncio, sem distrações, como ao mergulhar na leitura de um bom romance.

(resenha publicada no "Guia Folha - Livros, Discos, Filmes", edição de 31/3/2012)

2º BMW Jazz: festival anuncia seu elenco e vai para o Via Funchal

|

                                         Stefon Harris, David Sánchez e Christian Scott, do grupo Ninety Miles

Com novo palco em São Paulo e um número maior de shows no Rio de Janeiro, o BMW Jazz Festival anunciou hoje as atrações de sua segunda edição. O evento acontecerá de 8 a 10 de junho (no Via Funchal, em São Paulo) e de 11 a 13 de junho (no Teatro Oi Casagrande, no Rio).

O elenco destaca jazzistas de vários estilos e gerações. O trio formado pelos veteranos Chick Corea (piano), Stanley Clarke (baixo) e Lenny White (bateria) promete revisitar clássicos da fusion dos anos 70 e 80. Outro veterano é o saxofonista Charles Lloyd, que virá como líder de um quarteto de feras da nova geração do jazz contemporâneo: Jason Moran (piano), Reuben Rogers (baixo) e Eric Harland (bateria).

Revelação da cena nova-iorquina, o trompetista Ambrose Akinmusire lidera seu quinteto. Formado há pouco, o grupo Ninety Miles também reúne jazzistas jovens e bastante talentosos: o vibrafonista Stefon Harris, o trompetista Christian Scott, ambos norte- americanos, o saxofonista porto-riquenho David Sánchez e o pianista cubano Harold López Nussa.

Ainda no segmento do jazz, o elenco inclui a big band do compositor e arranjador Darcy James Argue, discípulo de Bob Brookmeyer. E o Clayton Brothers Quintet, formado pelos irmãos John (contrabaixo) e Jeff Clayton (sax), que inclui Terell Stafford (trompete) e Gerald Clayton (piano), filho do contrabaixista.

Duas atrações estão mais próximas da black music e do pop. Revelação da eclética cena musical de New Orleans, o instrumentista e vocalista Trombone Shorty combina soul, funk, hip hop e rock, no repertório de seu grupo Orleans Avenue. Ex-integrantes da banda de James Brown, o saxofonista Maceo Parker, o trombonista Fred Wesley e o saxofonista Pee Wee Ellis emulam com muita vibração o funk e o rhythm & blues do ex-parceiro.

A música instrumental brasileira também estará bem representada pela dupla de acordeonistas Toninho Ferragutti e Bebê Kramer, que terá como convidados outros dois sanfoneiros: Adelson Vianna e Gabriel Levy.

Segundo a produtora do festival, Monique Gardenberg, a mudança do Auditório Ibirapuera para o Via Funchal buscou aumentar o número de ingressos disponíveis, que se esgotaram rapidamente no ano passado.

A venda dos ingressos começa no dia 14/4 (sábado). Os preços variam entre R$ 30 e R$ 120. Na internet, os ingressos podem ser adquiridos por meio de dois sites:

www.viafunchal.com.br (São Paulo) e www.ingresso.com (Rio de Janeiro)

Mais informações no site oficial do evento:
http://www.bmw.com.br/br/pt/insights/events/jazz_festival/2012/showroom/index.html


Jazz.br: Hermeto Pascoal abre projeto de música instrumental no Bourbon Street

|

                                                                                                            Photo by Carlos Calado

O genial multi-instrumentista e compositor Hermeto Pascoal, um dos músicos brasileiros mais cultuados no mundo, será a primeira atração do projeto Jazz.br, que vai levar nomes de prestígio e revelações da música instrumental brasileira, semanalmente, ao Bourbon Street Music Club, em São Paulo.

A estreia será em 28/3 (quarta-feira), quando terei o prazer de apresentar e conversar com Hermeto durante os intervalos do show. Na banda do “bruxo” estarão grandes músicos que já o acompanham há muito tempo: Itiberê Zwarg (baixo), Marcio Bahia (bateria), André Marques (piano), Vinicius Dorin (sopros) e Fabio Pascoal (percussão), além de Aline Morena (vocais).

Nessa série de shows, o Bourbon Street volta a utilizar o formato “Na Roda”, já conhecido por seus frequentadores. O convidado e seus músicos ocupam o centro da pista da casa, com a plateia sentada mais próxima, em volta da banda, como numa espécie de “roda de jazz”.

Entre um número musical e outro, o artista pode comentar algum detalhe da apresentação ou da composição em si, num bate-papo descontraído com o apresentador. A ideia é não só aproximar mais a plateia dos músicos, mas também demonstrar que a linguagem musical é mais simples do que parece. Ninguém precisa ter conhecimento técnico para acompanhar um improviso, muito menos para curtir um show de música instrumental.

O projeto Jazz.br prossegue nas semanas seguintes, sempre às quartas-feiras, com o tecladista Michel Freidenson, o quinteto  Deep Funk Session, o trombonista Bocato, o baixista e band leader Zerró Santos, a dupla de violonistas Duofel, o cantor e violonista Filó Machado e o trombonista Raul de Souza.

Couvert artístico: R$ 35,00. Abertura da casa: R$ 20h; início do show às 21h30.
Outras informações no site do Bourbon Street Music Club.


Vozes negras: Virginia Rodrigues e Tereza Gama cantam em palcos de São Paulo

|




Elas cultivam estilos musicais diferentes, mas a evidente negritude de suas vozes as aproxima. As cantoras Virginia Rodrigues e Tereza Gama vão se apresentar em palcos de São Paulo, nos próximos dias. Se você ainda desconhece essas ótimas intérpretes da música brasileira, não perca essas oportunidades.

Atração da próxima terça-feira (6/3), no Bourbon Street Music Club, Virginia Rodrigues (na foto à esquerda) forjou seu encantador vozeirão de contralto em coros de igrejas de Salvador, na Bahia, a partir de referências populares e líricas. Afilhada musical de Caetano Veloso, que a conheceu no Bando de Teatro Olodum, em 1997, em pouco tempo ela construiu uma carreira que a levou à Europa, aos Estados Unidos e ao Japão, conquistando um lugar de destaque na cena da world music.

Neste show Virginia faz uma retrospectiva de sua trajetória musical, com repertório que inclui o samba-reggae dos blocos afros baianos, sucessos da MPB assinados por Chico Buarque, Tom Jobim e Nelson Cavaquinho, afro-sambas de Baden Powell e Vinicius de Moraes, além de alguma das incursões eruditas de Villa-Lobos.

Conhecida como vocalista do Clube do Balanço, banda paulistana com a qual já exibiu seu suingue até em palcos da Ásia, a elegante Tereza Gama (na foto à direita) é uma especialista na arte de interpretar diversas correntes do samba: seja o improvisado partido alto, o dançante samba-rock ou o sincopado samba de gafieira. Não é à toa que ela foi convidada a apresentar no próximo domingo (11/3), pelo projeto No Balanço Delas, do Sesc Interlagos, seu show “Gafieira em Sampa”. Para ouvir e requebrar as cadeiras.



 

©2009 Música de Alma Negra | Template Blue by TNB