Otis Trio: liberdade e improvisação coletiva no jazz contemporâneo do grupo paulista

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Ativo desde 2007, o Otis Trio saiu da região do ABC para conquistar um lugar de destaque na cena instrumental alternativa de São Paulo. A liberdade para os improvisos, que Luiz Galvão (guitarra), João Ciriaco (baixo) e Flavio Lazzarin (bateria) costumam praticar em suas composições, rendeu à música do trio o rótulo de “free jazz”, ainda que ela não seja exatamente atonal, nem mesmo arrítmica, como a dos expoentes desse estilo de jazz iconoclasta que incendiou os anos 1960.

Nas nove faixas de
seu primeiro álbum, "74 Club" (lançado pelo selo inglês FarOut), o trio tem a companhia de vários solistas, como Beto Montag (vibrafone), André Calixto (saxofones) e Amilcar Rodrigues (trompete), que entram para agitar a hipnótica “Montag’s Dream”, a acelerada “Otis Natu” ou a quase caótica “DNN”. A solene “Quarta-feira Santa” traz uma surpresa: um solo de clarinete-baixo de Nailor Proveta, o líder da Banda Mantiqueira. 

(Resenha publicada no "Guia Folha - Livros, Discos, Filmes", em 28/6/2014)



Magno Bissoli: baterista e compositor lidera jovem quinteto instrumental

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O baterista e compositor Magno Bissoli é mais conhecido na cena da música instrumental brasileira como líder da big band Bissamblazz, com a qual já lançou alguns discos. Agora esse experiente músico e educador paulista surge à frente de um quinteto formado por músicos bem jovens: Felippe Figueiredo (sax tenor, alto e soprano), Daniel Rodrigues (trombone), Fábio Leandro (piano) e Gibson Freitas (baixo acústico).

Bissoli assina os arranjos e é o autor das oito faixas do álbum "Pós-Bossa" (lançamento independente). Assim como a emotiva “Saudades de um Verão” remete à sofisticação melódico-harmônica da bossa nova, os festivos “Samba da Alegria” e “Chegamos” poderiam ser rotulados de samba-jazz, se estivéssemos na década de 1960. Mais marcante ainda é a influência do jazz na contemporânea “Antítese Segunda” e na dramática “Jocone”, que o compositor dedica ao saxofonista John Coltrane. 

(Resenha publicada no "Guia Folha - Livros, Discos,Filmes", em 30/6/2014)

Marco Bosco: percussionista revê três décadas de música com essência brasileira

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De volta ao país após longa temporada no Japão, o percussionista e compositor Marco Bosco rebobina três décadas de carreira. Para a compilação “33 Works - 1980-2013” (selo Cendi Music), ele selecionou gravações do grupo instrumental Acarú, que o lançou, além de faixas de sete álbuns individuais gravados no Brasil e no Japão. Inclui ainda a inédita composição “33”, em parceria com o tecladista Paulo Calasans.

Como um documentário sonoro, esse CD duplo revela que preconceitos não têm vez na concepção do criativo percussionista. Da contagiante “Aqualouco” (em arranjo de Rogério Duprat) ao lirismo de “Akatombo” (com César Camargo Mariano, nos teclados), passando pelos baiões eletrificados do álbum “Techno Roots” (2001), com participações de Egberto Gismonti, Dominguinhos e Genival Lacerda, o paulista da interiorana Torrinha sintetiza uma obra diversificada e contemporânea, que não abre mão de sua essência brasileira. 
 
O elenco de participações especiais inclui ainda Flora Purim, Airto Moreira, Sebastião Tapajós, Marlui Miranda, Wilson Simoninha, Ruriá Duprat, Walmir Gil, Eiki Nonaka, Casey Rankin, Vicente Barreto, Tsuyoshi Yamamoto, Luhli & Lucina e Belchior, entre outros. O design do album é assinado por Marco Mancini, artista gráfico paulista radicado em Tóquio.

(Resenha publicada parcialmente no "Guia Folha - Livros, Discos, Filmes", em 28/6/2014)

 

Mayra Andrade: voz e carisma para brilhar em qualquer lugar do mundo

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Mayra Andrade colore tudo o que canta com um irresistível tom de melancolia. É isso o que faz dessa cantora e compositora cubana criada no arquipélago de Cabo Verde, hoje radicada na França, uma artista tão especial. Mais até, talvez, do que o fato de ser ela a grande voz da música cabo-verdiana depois de Cesária Évora.

Com canções em inglês, francês, crioulo cabo-verdiano e português, "Lovely Difficult" (lançamento Sony), o quarto álbum de Mayra é uma assumida tentativa de introduzi-la no mercado anglo-americano –- especialmente por meio de canções pop, como “96 Days”, “We Use to Call It Love” (que até ganhou um videoclipe bobinho) ou o reggae “Rosa”.

Felizmente, não faltam composições da própria cantora, como a nostálgica “Ténpu ki Bai”, a doce “A-mi N Kre-u Txeu” ou a dançante “Téra Lonji”, derivadas das mornas e coladeiras de Cabo Verde. Desde que não deixe de lado sua essência musical para buscar um público maior, Mayra tem voz e carisma para brilhar em qualquer lugar do mundo.


(Resenha publicada no "Guia Folha - Livros, Discos, Filmes", em 28/6/2014)

Aqui um 'making of' das gravações do álbum "Lovely Difficult":



E no link abaixo a emocionante interpretação de Mayra em "Lamento Sertanejo", a canção de Dominguinhos, que ela gravou com Hamilton de Holanda e Yamandu Costa para a websérie "Dominguinhos+!":






Rio das Ostras Jazz & Blues: festival fluminense terá dois finais de semana

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Um dos maiores eventos do gênero na América Latina, o Rio das Ostras Jazz & Blues trará uma novidade, neste ano, em seu formato. O consagrado festival vai continuar a oferecer shows gratuitos, nos quatro palcos espalhados pela cidade do litoral fluminense, mas ganhou mais uma noite e passará a ocupar dois finais de semana: de 8 a 10 e de 15 a 17 de agosto.

Entre as atrações já confirmadas para a 12ª edição destacam-se o baixista Marcus Miller (na foto acima), os cantores Al Jarreau e Raul Midón (na foto abaixo), o trompetista Randy Brecker e o HBC Super Trio, com o guitarrista Scott Henderson, o baterista Billy Cobham e o baixista Jeff Berlin, e a banda holandesa The Jig. 


Blueseiros de primeira linha, que cultivam diversos estilos desse gênero, também estão no elenco  deste ano: os guitarristas Larry McCray e Popa Chubby, o gaitista Rick Estrin e sua banda The Nightcats, Rockin’ Dopsie Jr. (cantor e percussionista de New Orleans que costuma surpreender as plateias) e o pianista brasileiro Adriano Grineberg. 


A diversidade da música brasileira também está bem representada, com o guitarrista Pepeu Gomes, o instrumentista Carlos Malta e seu grupo Pife Muderno, a violonista e cantora Badi Assad (com participação do percussionista Marcos Suzano), a banda Afro Jazz, a Rio Jazz Orchestra com a cantora Taryn e o violonista Toninho Horta, além da Orquestra Kuarup, que vai abrir o evento mais uma vez.

O festival de Rio das Ostras também está promovendo um concurso para selecionar bandas fluminenses de jazz, blues e música instrumental (saiba mais neste link). 

Outras informações no site do Rio das Ostras Jazz & Blues Festival.

 

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