BMW Jazz Festival: evento estréia em junho com formato do antigo Free Jazz

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                                                                                                               Foto: Carlos Calado

Para os fãs decepcionados com o recente cancelamento do Bridgestone Music Festival, chega agora uma notícia animadora: de 10 a 12 de junho, no Auditório Ibirapuera, em São Paulo, será realizada a primeira edição do BMW Jazz Festival.

Com três atrações por noite, um show ao ar livre no Parque do Ibirapuera e workshops com músicos do elenco, o novo festival segue formato semelhante ao do antigo Free Jazz Festival, evento que contribuiu ativamente para divulgar esse gênero musical no Brasil durante as décadas de 1980 e 1990.

A semelhança não é gratuita: além de contar com a experiência de Monique Gardenberg, da Dueto Produções, que criou e conduziu o Free Jazz durante sua existência, na equipe do BMW Jazz  também estão Zuza Homem de Mello e Zé Nogueira, ex-curadores do antigo festival, que teve uma espécie de sobrevida durante o período do eclético Tim Festival.

O programa das três noites ainda não foi divulgado, mas o elenco anunciado é de alto nível. A começar por três saxofonistas do primeiro time do jazz norte-americano: Wayne Shorter, Joshua Redman e Billy Harper. Outro nome de peso é o do baixista Marcus Miller (na foto cima, em New Orleans, no ano passado), que traz seu show baseado no popular “Tutu” (1986), álbum de seu parceiro Miles Davis.

A norte-americana Sharon Jones é a única cantora no programa, mas vale por duas. Ironicamente, sua excitante combinação de rhythm & blues, soul e funk só se tornou mais popular depois que a britânica Amy Winehouse tomou emprestada sua banda, a Dap-Kings.

O jazz europeu também está bem representado, com três atrações: o ótimo pianista norueguês Tord Gustavsen, o baixista francês Renaud Garcia-Fons e a banda italiana Funk Off Brass Band. O elenco inclui ainda a banda gospel norte-americana Madison Bumblebees e a big band baiana Orkestra Rumpilezz.

Outra atração que relembra as primeiras edições do Free Jazz é a Cine BMW, mostra de filmes históricos do jazz, que serão projetados ao ar livre, na área externa do Auditório Ibirapuera. Também está prevista uma versão reduzida do festival para o Rio de Janeiro, que deve contar com Joshua Redman e Sharon Jones, mas esse elenco ainda não foi definido. 


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Caetano Veloso: releituras da Tropicália e canções recentes no DVD "Zii e Zie"

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De cara, declaro ser um daqueles que não ouviram algo de especial em “Cê” (2006), o álbum em que Caetano Veloso voltou a flertar com o rock. A sonoridade excessivamente ruidosa da banda e a poesia um tanto urgente daquele momento não me estimularam a voltar a escutar esse disco após a primeira e única audição.

Reconheço que, ao abandonar a zona de conforto dos belos arranjos de Jaques Morelenbaum, Caetano demonstrou coragem e vontade de se renovar. Raros artistas já próximos dos 70 anos se arriscariam como ele, numa aventura sonora ao lado de uma banda bem jovem. Porém, não encontro no repertório de “Cê” canções que acrescentam algo essencial às incursões anteriores de Caetano pelo rock, como nos álbuns “Transa” (1972) e “Velô” (1984), ou no período tropicalista.

Lançado agora pela Natasha/Universal, o DVD que registra o show com o repertório do álbum “Zii e Zie” (2009) permite encarar esta fase de Caetano sob uma perspectiva mais ampla. Reencontrar algumas pérolas da época da Tropicália, como o quebrado samba “A Voz do Morro” (dedicado à cantora Aracy de Almeida), a doce canção “Não-Identificado” ou a terna “Irene”, vestidas com a mesma sonoridade que marca canções recentes, como “Odeio”, “Perdeu” ou “Por quem?”, dilui a estranheza que estas sugeriam à primeira audição.

Soando mais leve que no álbum “Cê”, o trio formado por Pedro Sá (guitarra), Ricardo Dias Gomes (baixo e teclado) e Marcelo Callado (bateria) já se permite suingar, especialmente na romântica “Sem Cais” (parceria de Caetano com Sá) ou no divertido carimbó “Água” (de Kassin). Já no bis, surge Jorge Mautner, para uma descontraída parceria com Caetano, em “Manjar de Reis” (de Mautner e Nelson Jacobina).

Destaca-se também o cenário criado por Helio Eichbauer, no qual uma asa-delta e imagens do Rio de Janeiro projetadas em um telão criam um diálogo onírico com a poesia das canções. “Zii e Zie” é um show tão coeso e atraente que pode fazer balançar até as opiniões daqueles que não se entusiasmaram pela fase “Cê” de Caetano.

(resenha publicada parcialmente na “Folha de São Paulo”, em 23/02/2011)



Stacey Kent e Trio Corrente: jazz e música clássica na série beneficente da Tucca

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A cantora norte-americana Stacey Kent (na foto acima) e o baixista Israelense Avishai Cohen vão estar entre as atrações da nova série internacional de concertos beneficentes organizada pela TUCCA (Associação para Crianças e Adolescentes com Câncer), que exibe astros do jazz e da música clássica, na capital paulista.

A temporada 2011 da série começa com o concerto da cellista russa Nina Kotova, dia 30/3, na Sala São Paulo. A delicada Stacey Kent e o saxofonista Jim Tomlinson, seu parceiro, serão os convidados do Trio Corrente, um dos melhores grupos da atualidade na cena da música instrumental brasileira, na noite de 4/5. O world jazz de Avishai Cohen será a atração seguinte da série, em 1/6.

Outras informações no site da TUCCA: http://www.tucca.org.br/eventos/musicapelacura.asp




Yusef Lateef: jazzista norte-americano estréia em palcos brasileiros aos 90 anos

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                                                                                                                                  Foto: Tom Beetz / Divulgação

Pela primeira vez no Brasil, o saxofonista, compositor e educador Yusef Lateef vai se apresentar dias 12 e 13/2 (sábado e domingo), no teatro do Sesc Pompéia, em São Paulo. Aos 90 anos, esse brilhante músico norte-americano é um dos últimos remanescentes das gerações do bebop e do hard bop, que renovaram a cena do jazz, em meados do século 20.

Avesso ao rótulo “jazz”, Lateef tem desafiado categorizações ao longo de sua carreira, iniciada na década de 1940. Antes de começar a liderar seus grupos, acompanhou Hot Lips Page, Roy Eldridge e Dizzy Gillespie. Já na década seguinte, tocou com Charles Mingus, Cannonball Adderley e Grant Green. Ao converter-se ao Islamismo, trocou seu primeiro nome artístico (William Evans) pelo atual.

Seu primeiro instrumento foi o sax tenor, ao qual adicionou o sax alto, vários tipos de flauta e outros instrumentos de sopro menos comuns no universo jazzístico, como o oboé, o fagote, o argol (espécie de clarinete duplo de origem árabe) e o shanai (um parente do oboé de origem indiana).

Considerado um precursor da “world music”, muito antes de esse termo ter se popularizado, Lateef declarou seu interesse pela música oriental, no álbum “Other Sounds”, de 1957. Quatro anos depois gravou “Eastern Sounds”, um de seus álbuns mais admirados (relançado no Brasil pela BMG, em 2003, por incrível que pareça), no qual explorou escalas orientais e politonalidades.

Em sua estréia brasileira, Lateef terá a seu lado um grupo formado por músicos de diversas gerações e nacionalidades: os norte-americanos William Parker (cultuado baixista da cena do jazz de vanguarda), Rob Mazurek (trompetista da banda Chicago Underground , que hoje vive em São Paulo) e Jason Adasiewicz (vibrafone); o suíço Thomas Rohrer (rabeca) e o paulistano Mauricio Takara (baterista da banda Hurtmold). Formação que promete um concerto nada convencional, regido por improvisações livres. 


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